Uma nova história, O começo da nova saga CGoca!

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>Il Monstro<
view post Posted on 18/2/2007, 19:30




O fim da dança da Rainha marcava o início "oficial" da festa. Sentados em almofadas e espalhados por todo o salão de festas, os convidados tinham o vinho servido a cada um onde estivesse, com pouca demora, por causa da grande quantidade de criados. Havia cinco mesas repletas das mais variadas iguarias, sobretudo carne de boa qualidade, e doces, que eram também abastecidas constantemente. Três estavam em cada uma das paredes, e duas mais ou menos no centro do salão, numa conformação em que todas encontravam-se eqüidistantes de pelo menos três outras, para o conforto dos convidados.

Na quarta parede, havia um palco destinado aos músicos, quando o baile recomeçasse. Por ora, estes estavam junto à mesa oposta, ainda animando o ambiente, e alojados no palco estavam a rainha, alguns de seus servos e amigos e três dos senhores mais importantes do reino, membros da nobreza palaciana ou não...

 
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Alkalino
view post Posted on 12/3/2007, 16:46




Como muitos outros de sua idade, o jovem Berthsabin cresceu escutando histórias terríveis sobre os rebeldes do Sul. Á época, a guerra era apenas uma sombra que pairava sobre o reino. Uma ameaça constante, mas apenas uma ameaça.

Agora, enquanto esperavam a investida do inimigo, sua armadura parecia duas vezes mais pesada. Berthsabin se perguntava se o escudo que lhe fora dado no acampamento seria capaz de resistir de verdade a algum golpe.

Dois dias na frente de batalha, e nem sinal dos malditos rebeldes. O Capitão Vagnad havia instruído a tropa a manter sua posição no alto da colina. De lá, conseguia ter uma boa visão do vale. Se os inimigos os quisessem surpreender, teriam que vir pela floresta ao sul. E era exatamente isso que Vagnad esperava que eles fizessem.

- Sabe o que é mais engraçado? - sussurrou Berthsabin - Hoje é meu aniversário.
- Pois aproveite bem... É possível que você jamais veja o próximo. - retrucou seu amigo Veran, por trás do elmo.




A primeira flecha passou a centímetros da bandeira Real, fincada no chão da colina. A segunda flecha passou muito acima da cabeça dos homens.

A terceira flecha, vinda de uma direção completamente inesperada, atravessou a garganta de Berthsabin, que morreu nesta Guerra sem ter desferido um único golpe.

Os rebeldes de aproximavam, vindos da floresta, despejando uma chuva de flechas nas tropas do Capitão Vagnad.

Edited by Alkalino - 19/4/2007, 10:14
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 13/3/2007, 15:57




A Rainha ouvia em silêncio o relato da morte de seu jovem amante, Berthsabin, entre outras notícias da guerra, trazidas por sua jovem e talentosa mestra-espiã, que também era uma das damas de sua coorte.

Berthsabin não era, como amante, dos melhores, mas tinha sua utilidade por ser outra fonte de notícias sobre o que acontecia no território de Mirel, tanto mais por ser filho de um importante general do Duque, o que parece ter lhe rendido um lugar imerecido entre a vanguarda de seu exército...
 
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Sr Spock
view post Posted on 13/3/2007, 23:17




Os homens de Vagnad estavam bem posicionados, e após as primeiras baixas, iniciaram a retaliação. Porém, os números lhes eram desfavoráveis. A pequena cavalaria de sua guarnição desferiu 3 ataques ao flanco dos rebeldes antes de não ter mais homens o bastante para tentar outro ataque. Os arqueiros derrubavam muitos dos atacantes, aproveitando-se de sua posição vantajosa, mas em pouco tempo iniciaram a eterna fuga dos homens do arco frente ao avanço da infantaria. O corpo principal de suas tropas aglomerava-se no perímetro defensivo de Vagnad, tentando segurar a colina o melhor possível, como se meia hora fosse fazer diferença na guerra...


... do pesadelo ao sonho. A flâmula de uma cavalaria mercenária foi vista como o fim para os homens do norte, até perceberem que ela investia contra os soldados de Belinor. Rapidamente abriram caminho até a bandeira do capitão, matando e aterrorizando os até poucos minutos bravos atacantes em superioridade numérica. Três dos cavaleiros forçam sua passagem entre os soldados de Vagnad, e dirigem-se ao capitão:

- Tropa mercenária de Berg apresentando-se ao auxílio do Duque Mirel, Rei do Norte, por cortesia do Príncipe de Rhul.
 
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Alkalino
view post Posted on 21/3/2007, 17:42




- Que os Deuses abençoem esse maldito Príncipe Roth!

Com ânimo renovado, as tropas comandadas por Vagnad tornaram a avançar contra os inimigos. Os mercenários mostraram-se guerreiros disciplinados, mas o que tinham de valentes também tinham de impiedosos. Causavam, por isso, as maiores baixas no exército adversário.
Liderados por um homem chamado Julius de Berg, impediam que os soldados de Belinor batessem em retirada, e se divertiam fazendo vítimas antes que elas tivessem a oportunidade de se render.

Os homens que marchavam sob o comando do Capitão Vagnad não tinham, na maioria dos casos, uma formação militar clássica. Porém, eram mais organizados do que seus inimigos, e seus armamentos eram consideravelmente melhores. Mas estavam em clara desvantagem numérica, e não tinham mais cavaleiros. Ainda assim, lutavam com disposição. Para Vagnad, a vitória parecia certa.

Só que ele não contava com uma coisa.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 22/3/2007, 13:36




Subitamente os soldados começam a ouvir, como um sussurro próximo ao ouvido, baixo porém nítido, uma nota aguda e suave, parecida com a voz clara de uma donzela. Aos poucos o som cresce, até que preenche toda a planície em que se desenrola a batalha.

Neste momento os homens se dão conta de que o cenário havia mudado. Na selvageria do combate, não perceberam que já haviam cruzado um pequeno bosque atrás de seus adversários, que vinham aos poucos recuando, e descido uma suave encosta até uma planície que só agora se davam conta de como era aterradora, deserta, salgada e escura mesmo à luz do dia.

O cântico se torna então um grito estridente, que gela o coração das tropas que atacam, mas parece dar novo vigor às que retrocedem! A batalha recomeça mais feroz do que antes, e o equilíbrio mais uma vez está restaurado.

Edited by >Il Monstro< - 27/3/2007, 23:11
 
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Sr Spock
view post Posted on 6/4/2007, 16:22




Dois dias de trabalho dos que se alimentam dos mortos, e a planície ainda tinha mortos em profusão. Pelo que se via, o mais correto seria dizer que os dois lados perderam, e o exército dos corvos conquistara a província. Mercenários, homens do sul, tropas do norte... agora irmanados na lama dos mortos.

Dali ele iniciaria sua contra-ofensiva. Contra os que dominam a vida, ele lançaria a morte que eles causaram. Cada luta que eles travassem, vitoriosa ou derrotada, só aumentaria o número dos que eles teriam que enfrentar novamente. Esse era um passo decisivo, que mudaria a história de todos eles. Ao final, ele próprio precisaria ser morto, para conter os seus soldados. No meio do caminho, ninguém sabe quais atrocidades teriam que cometer, e quantas pessoas que ele conhecera tão bem precisaria matar e trazer de volta. Mas faria tudo que fosse necessário para não permitir que em seu tempo de guarda os Voris voltassem a dominar os povos.


O ritual começou, e em pouco tempo os primeiros corpos se levantavam. Logo, uma multidão estava reunida, e das entranhas da terra, mais ossos das batalhas antigas eram trazidos de volta a vida.

A morte vinha cobrar o tributo devido pelas aberrações, e Wur-Tatan seria seu cobrador.
 
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Alkalino
view post Posted on 10/4/2007, 20:00




O camponês planta grãos em uma terra que não é sua. O excedente de sua produção pertence ao seu senhor, que também dispõe de outros direitos sobre a vida do camponês. Inclusive o direito de mandar seus filhos à guerra. Não é glória, é covardia.

A rainha escapa de sua clausura na calada da noite. Acobertada por sua dama-de-honra, esgueira-se pelos sombrios corredores ao encontro de um de seus muitos amantes secretos. Não é amor, é luxúria.

Uma senhora na cidade diz que pode ver coisas que ainda estão para acontecer examinando a maneira como os ossos de galinha caem em uma tábua de madeira em formato circular. Não é magia, é simplesmente...

- ... impossível!

- Mas Capitão, você estava lá. Você ouviu, todos ouvimos!

- Modere o tom de voz, Veran, ou eu serei obrigado a expulsá-lo desse conselho.

Não eram mais que algumas dezenas de homens, das muitas centenas que entraram em batalha contra os rebeldes. Estavam reunidos nas ruínas de um antigo posto de observação. O Capitão Vagnad explicava os próximos passos de sua campanha, mas sua estratégia encontrava resistência mesmo entre seus mais fiéis guerreiros.

- Olhe os homens lá fora, Capitão! Eles estão com medo! E ainda que esperássemos por reforços, ainda que viessem aos milhares, o que poderíamos fazer contra um inimigo que utiliza esse tipo de...

- Magia!? Em nome de todos os Deuses, senhores, acordem! O inimigo está tentando nos enganar! Não existem feiticeiros! Não existem fadas que tecem o arco-íris, nem monstros nas florestas, nem terras além do mar! A única coisa que existe é o fio da minha espada na garganta de um rebelde, em nome de Duque Mirel! Magia, você diz? São apenas histórias irresponsáveis passadas adiante por velhos senis...

- Mas sua alma também congelou quando você ouviu a voz. - respondeu Veran, secamente, mas desviou o olhar quando o Capitão Vagnad o encarou, com fúria.

- Eu acho que o seu soldado está certo - interveio Julius de Berg. Julius era o líder dos mercenários. Um homem cuja história se confundia com a história da criação da cidadela de Berg. Sua voz era tranquila, mas seu olhar era o de uma ave de rapina.

- Com todo o respeito, Capitão, mas homem nenhum vai entrar em uma batalha contra algo que desconhece. Se para você a magia não existe, ela é bem real para eles, que foram criados escutando essas histórias...

Vagnad pareceu ponderar por um instante as palavras do velho mercenário. Vislumbrou a silhueta de seus soldados descansando sob a luz da lua, confraternizando com os mercenários de Berg. Alguns estavam feridos, outros já começavam a se preocupar com a escassez de provisões. Aquela tinha sido a batalha na qual mais soldados caíram sob seu comando. Retornou à companhia de Veran, Julius e dos demais homens de sua confiança.

- Senhores, eis o que vamos fazer...

Edited by Alkalino - 17/4/2007, 15:32
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 14/4/2007, 03:28




... como está claro que não podemos avançar, vamos fincar o pé por aqui mesmo. Já eliminamos a maior resistência da região, e conseguimos prosseguir até aqui. Nosso objetivo é tomar o forte fronteiriço, que fica um pouco mais ao sul. Ele oferece pouca resistência contra cerco, mas é mais do que temos no momento.'

Depois temos que saquear as vilas vizinhas, explorar a terra, e nos preparar para o que vier. Temos que tornar este um posto avançado para as tropas do Duque, esperando pelos reforços, para podermos avançar, ou para uma tentativa de retomada por parte do inimigo, quando vamos tentar resistir como possível.'

Voltar agora seria a pior opção, entenda isso, Veran. Seria uma questão de pouco tempo até sermos atacados em nossas terras, enquanto recompomos nossas forças. Temos que manter a ofensiva. Por magra que seja, essa ainda foi uma vitória, e temos que fazer uso dela."

Veran engoliu em seco ao ouvir os planos do Capitão, mas eles ainda faziam sentido. As provisões provavelmente não seriam problema, agora que tinham menos homens e mais terras à disposição, pelo menos por um tempo. O problema estava, de fato, na simples força do exército, reduzido e desmoralizado. Mas para resistir a um cerco, mesmo sem experiência, talvez ainda houvesse esperança.

Julius: "Parece que vocês terão muito trabalho pela frente, velho Olho-de-corvo (Vagnad detestava este apelido). De nossa parte viemos lutar, não labutar. Os mercenários de Berg podem ajudá-lo a explorar a região, ou enviar mensageiros, ou fazer algo parecido, mas não somos nem seremos carpinteiros, para construir paredes, e seu plano parece carecer de alguns."

Vagnad: "Tudo a seu tempo. O forte fronteiriço ainda não caiu. Veran, reúna as tropas, vamos sair pela manhã. Diga aos engenheiros que não estiverem feridos para deixar as máquinas de prontidão, temos que fazer o melhor uso possível delas...

Edited by >Il Monstro< - 24/4/2007, 23:35
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 14/4/2007, 04:20




Bedoram, o território de Helliah. Castelo de Mortimer Helliah.

... por fim diz-se que a princesa Hiolarr não foi mais vista, senhor."

As notícias que ora chegavam preocupavam tanto Helliah que ele nem se lembrou de mandar trancafiar e torturar seu portador. A bruxa havia sido uma das peças-chave na sua série recente de conquistas, instigando-o mesmo a iniciá-la. Nunca antes havia ouvido falar de bruxos metendo-se em política, e muito menos de poderes tão espetaculares em suas mãos.

Convencido pelo poder da bruxa, e de mais alguns de seus novos aliados, Helliah lançou a ofensiva que tomaria diversos territórios vizinhos, inclusive de seu primo Hawmakh. Agora que enfrentaria seu principal opositor, perde a primeira batalha importante, um rico território e, ao que parece, um de seus generais mais vitais!

Envolto em pensamentos sombrios uma voz sussurra-lhe ao ouvido:

- Não teeema, senhooooorrrr, contratempos são de se esperaaaarrr...

A voz suave falha em lhe dar o conforto que esperava. O terror domina a mente de um dos homens mais poderosos deste lado do mundo, quando ele fita o vulto à porta de sua sala de guerra...
 
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Sr Spock
view post Posted on 15/4/2007, 06:53




- Eles podem ferir meu pobre corpo, mas não irão tocar o senhor. Não conseguiram me matar, os bárbaros.

- A batalha foi um desastre! Tenho homens o bastante para manter todos os os campos, mas se precisar montar uma nova força contra o Norte, terei que abrir mão de várias das conquistas!

- Esqueça tudo, meu senhor! Meus conselhos nunca lhe falharam, mas sim as espadas dos seus homens. Ouça o que eu digo, e nisso coloque atenção. Esqueça os outros. Mande suas forças para o norte. A tropa de Mirel teve suas baixas também, poucos restaram, e não poderão resistir contra toda a sua força.

- Isso é temerário. Posso manejar as batalhas e deixar Mirel para o final. Por mais fortes que sejam, ele e Hawmakh não podem contra minhas tropas, e nunca iriam se unir contra mim. Ainda assim, eu lembro do plano, eliminar um dos dois no início, e deixar o outro isolado no final. Podemos mudar de alvo, não? Belinor está há poucas batalhas de nossa frente, se for para investir tudo em um objetivo, pq não a capital? Com ela viriam os ou...

- Senhor, ouça-me! Surgiu uma nova ameaça, um bruxo que levantou os mortos. Precisamos marchar com tudo que temos e fazê-lo queimar, desaparecer com todos os seus rastros, antes que ele se fortaleça! Ele é a verdadeira ameaça, todos os outros são vermes aos pés do príncipe Mortimer, primeiro rei da dinastia Helliar!

******

- Escute-me, seu tolo, antes que perca o reino! Você precisa eliminar Mirel! Esqueça seu primo ridículo, as tropas de Helliar foram dizimadas por um punhado de homens do duque, agora dizem que o capitão deles é um herói, e o novo rei virá do Norte! Mas nós sabemos o quão fracos estão depois dessa batalha. Ataque-os, corte o acesso ao norte, e ninguém se unirá ao estandarte de Mirel! Corte a cabeça desse capitão e que o bobo da corte a carregue para as batalhas! Não economize um homem, um esforço! Após esmagar o Norte, Helliar irá pedir clemência!

- Eu sei que a coragem dele para enfrentar tantas casas antigas, e o Príncipe do Norte, vinha do apoio que tinha do Rei, da minha pessoa, e que isso ele perdeu ao invadir nossas fronteiras. Mas ele têm muitos homens, não posso deixar que cheguem até Belinor só pelo prazer de matar esse duque maldito! Você é uma mulher, não entende dos assuntos da guerra!

- Eu sou sua rainha, e lhe digo: o verdadeiro inimigo está ao norte. Todas as nossas forças devem se reunir contra ele, e eliminá-lo da face da terra! Matar Mirel, seu capitão, seu bruxo e o bando de rebeldes que o cercam!

******

- Conde, eu já ouvi as acusações. Mas até onde eu sei, Wur-Tatan não está aqui, e não sei qual a sua versão para isso.

- Mais uma prova de sua culpa! Por que mais ele iria desaparecer tão bruscamente? - Ergius sempre tivera mais astúcia com golpes sujos do que eloquência, mas esta não lhe faltava - a pobre menina nos disse, ele a violentou! Filha de Balak! E ao invés de ir atrás de quem matou o pai, ele abusa da filha! E matou o rapaz, cujo único crime fora gostar dela. Enquanto o Norte tiver um traidor entre suas fileiras, entre as pessoas de confiança de nosso Duque, estaremos sempre há um passo da queda!

A acusação era grave, e Eduard sabia disso. Nunca temera o bruxo, e não seria agora que o faria. Mas algo ainda lhe dizia que a história era estranha demais. As peças não se encaixavam, e ele sabia disso. "como a garota iria escapar?" Se Wur-Tatan realmente tivesse feito isso, a mataria e encerraria o assunto. Mesmo que ela fugisse, ele a encontraria muito antes que ela chegasse a qualquer pessoa. Essa era a especialidade dele, e ela era só uma menina

- A questão está decidida, conde. As tropas manterão sua vigilância, e eu quero que o bruxo se reporte a mim o mais rápido possível. Mas ninguém deverá atacá-lo sem minha permissão expressa.

Lembrando-se dos métodos de Ergius, ele sabia que precisava deixar a instrução bem clara.

- Caso se comprove sua traição, ele deve ser capturado. Mesmo que resista, mate alguns dos nossos , todo soldado deve ser informado de que ele vale uma recompensa vivo. Morto, o homem que o fez irá receber a morte como recompensa. E seu oficial responsável também.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 16/4/2007, 17:04




Uma figura escura aproxima-se de Wur-Tatan, vinda das sombras e portando uma longa adaga que reluz à luz da lua.

Estende um braço e toca no bruxo, que se volta em sobressalto.

O ser estende à frente um pedaço de papel. Os dois reconhecem o contrato que firmaram.

O visitante é o primeiro dos convocados a comparecer. Volta-se e parte de súbito, tomando a forma de um corvo, e atraindo consigo muitos dos carniceiros que enxameavam na planície.
 
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#FF#
view post Posted on 17/4/2007, 20:23




Ergius tinha mais de um motivo para temer Wur-Tatan, mas o fato de ser ele o conspirador - alvo certo da investigação do bruxo - era mais do que suficiente para procurar enfrentá-lo antes que o duque ficasse a par de suas intenções.
Ele considerara um golpe de sorte fabuloso, talvez até uma dádiva divina, quando a garota foi trazida a sua presença e contou-lhe sua história. Era uma história difícil de se acreditar, o conde bem sabia, mas o fato de Mirel ter-lhe dado tão pouco crédito o deixou profundamente irritado. Ele nem ao menos se interessou em interrogar a menina! Pior: o duque havia deixado bem claro que o bruxo teria carta branca para continuar seu trabalho enquanto o caso era investigado. Ergius tinha que agir rápido, mas suas idéias pareciam sempre conflitar com as de Mirel.

Tudo por culpa do maldito Roth! Ergius o havia subestimado por muito tempo. Nos últimos anos, isso se mostrou um lamentável erro. O que o conde julgou como um plano megalomaníaco de alguém que tentava dar um passo maior do que as pernas agora o incomodava profundamente! Roth não apenas se auto-declarara príncipe - algo estapafúrdio! - como posicionara Rühl oficialmente neutra nesta guerra! Ergius achou que Mirel não toleraria a traição e o atacaria, mas para sua decepção, o duque nada fez. Nem ao menos cortou relações com Rühl, que continuava se beneficiando de todo o comércio entre o ducado e as terras do sul. Para piorar, agora Roth o fizera de tolo com a mensagem de Balak, deixando-o nesta situação delicada. Ergius ansiava por vingança, mas ainda não havia encontrado meios para dar o troco.






Em sua fortaleza, Roth ria com satisfação. Seus planos iam de vento em popa, como os navios mercantes que atracavam diariamente no porto da cidade.
Estavam todos tão preocupados com os próprios problemas, que a neutra Rühl acabava sempre sendo vista muito mais como um potencial aliado do que uma possível ameaça.

Se o duque ficara irritado quando da declaração de neutralidade, o exército de mercenários que Roth enviara como "cortesia" certamente aplacaria sua ira e afastaria qualquer pensamento de retaliação enquanto o conflito com o sul perdurasse.
Melhor ainda, os mercenários haviam sido contratados em troca de um acordo comercial com a Guilda dos Armeiros de Berg. Rhül comprometera-se a comprar toda a produção de armas do vizinho. Assim, seus exércitos estariam bem equipados e o grande excedente acabaria por ser vendido a Mirel e a Belinor. Nesses tempos de guerra, ele não poderia ter feito melhor negócio!

A única preocupação de Roth era com Ergius. O príncipe vinha aos poucos e há muito tempo frustando os planos do rival. Até mesmo parte de vasto território vizinho já estava sobre influência de Rühl, que apenas aguardava o momento propício para reinvindicá-lo.
O sacrifício de Balak fora uma jogada decisiva para derrubar o conde, o que deveria ocorrer assim que o duque descobrisse o traidor. Roth sabia disso e Ergius também. E aí residia o único perigo: Ergius era agora uma fera encurralada, pronta para se defender com um contra-ataque temerário...



 
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>Il Monstro<
view post Posted on 25/4/2007, 02:54




Tomar o forte mostrou-se tarefa fácil. Ele mal passava de um posto de pedágio, oferecendo pouca proteção (algo que os invasores trabalhavam, no momento, para modificar). Como Vagnad previa, havia poucos homens. A batalha pelo forte acabou ocorrendo apenas por conta de uma tentativa de fuga dos sitiados. Os que restavam dentro se renderam, e foram rapidamente convertidos em trabalhadores forçados.

Três dias depois da tomada do forte, Julius de Berg retornava de sua missão...
 
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Sr Spock
view post Posted on 28/4/2007, 22:38




A montaria de Julius ainda estava sendo levada para o estábulo, e ele já estava no salão do conselho - nome pomposo para um refeitório com 4 mesas para 20 pessoas, e uma plataforma com uma mesa de honra. Uma única lareira, mesas de pinheiro, Vagnad e 3 dos outros reunidos.

Julius atravessa a sala com seus passos marciais, firmes, mas sua expressão não é a usual. Era possível perceber que algo o abalara, e Vagnad esperava que os soldados não tivessem percebido isso.

- Senhores, a situação é grave.

- Diga logo o que é, Julius. Não quero perder tempo.

- Ao sul do rio, aproxima-se a tropa real. A vanguarda deve ter 2000 homens, com pelo menos 200 cavalarianos. E outra leva de soldados vem de Helliar, ainda bastante desorganizados, mas pelo menos 5000 homens. E pude reconhecer 3 flâmulas de mercenários com eles, que devem dar mais trabalho que todo o resto junto.

- Então precisamos manter todos fora da nossa margem do rio. Uma das pontes já foi derrubada, e estamos reforçando as defesas das outras duas. Quanto tempo temos?

- Vagnad, não mais do que dois dias, mas eu não me preocuparia tanto com quem vem do sul. - o rosto de Julius empalidece, como se pensar no que vai dizer já o assustasse.

- O que deve nos preocupar, homem? Diga, alguém atravessou já o rio? Ou vocês avistaram barcos?

- Mandei batedores para o norte também, só por precaução... e não acreditei no que disseram, acabei indo eu mesmo ver. Os homens do sul estão voltando.

- Quais homens do sul? Como eles passaram?

- Nós é que passamos por eles. Os que nós matamos. Mas não estão sós, os seus homens também, e os meus mortos. Todos estão de pé e marchando...

- Você bebeu, seu mercenário idiota? Ou é só um pretexto para nos rendermos? Quem está pagando para você dizer essas coisas?

- Wur Tatan...
 
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58 replies since 27/1/2006, 05:09   1016 views
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