Sobre Cinema, O que vocês acham deste texto ?

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Anderson
icon14  view post Posted on 23/10/2004, 08:00




CINEMA, RAMIFICAÇÕES E TENDÊNCIAS
22/10/04

No mundo globalizado onde os mercados financeiros ditam as regras através da mídia, ramificações cinematográficas divergem. Por Maoro da Rocha Pitta

Cinema, arte de compor e realizar filmes. Assim podemos definir o cinema de forma geral. Um ponto de partida para questionarmos e refletirmos sobre as ramificações e tendências do cinema e do audiovisual, como também, as suas funções e representatividades na sociedade pós-moderna.

Duas ramificações divergem: cinema de divertimento e cinema de criação. O cinema de divertimento tem como prioridade o retorno financeiro, onde a produção do filme é o elemento principal. São filmes realizados com a intenção de atingir diversos setores do mercado (lúdicos, fonográficos, acessórios em geral etc.), onde obtém lucros ao mesmo tempo em que fazem publicidade para uma futura continuação (Jurassic Park, Harry Potter, Guerra nas Estralas etc). Hoje existe nos Estados Unidos da América do Norte o Press-Kit, uma forma de publicidade desenvolvida pelas majors hollywoodianas que consiste a repetir, inúmeras vezes, em telejornais e programas sobre atualidade do cinema, propagandas de filmes e entrevistas com atores principais.

Este cinema valoriza o medo do outro, contribuindo assim para o desaparecimento do cinema de autor que possui o ponto de vista diferente. Logo, quem tem a ganhar, ou melhor, a lucrar, é o comercio midiático. Surge portanto a ideologia da cultura de massa, o desprezo pelo espectador. Filmes com estrutura narrativa simplificada dando preferência, a: violência, efeitos especiais, excesso de barulho e ação.

Os espectadores tornam-se passivos voyeurs que recebem a ideologia do mercado sem se darem conta, recebem esta ideologia sorrindo. Satisfação individual seguida de consumismo reflexo : construção de um sistema de valores baseado no prazer pela competição, pela conquista pessoal e pela propriedade. Trata-se da cultura de massa, uma cultura: violenta, banal, limitada e sem horizontes.

Podemos então concluir que este cinema manipula os espectadores visando o lucro, que são filmes dirigistas, como diz Claude Bailblé: “abautissent pourtant à un sens univoque, fondé sur des automatisms sans travail, sur un encadrement consensual, nourri des evidences du juste milieu. Le rythme soutenu du montage empêche le développement libre de pensées connexes. Le spectator est “zappé” par les prescriptions et les enchaînements rapides des plans. Ils laissent un gout bizarre de vérité formelle (logique de l’exposé) et de mensonge par omission (ratage du réel)*.”

Por outro lado, o cinema de criação (aqui refiro-me ao cinema documentário) é muitas vezes produzido com recursos próprios. São filmes de baixo orçamento que têm como prioridade os temas desenvolvidos pelo diretor, que geralmente são: sociais, políticos e econômicos. Estes filmes não têm a intenção de lucro e atingem um público menor, eles ficam restritos a: TVs a cabo, salas de cinema alternativas, festivais e mostras de cinema.

São filmes onde o cineasta tem uma relação aproximada com o real. Podemos citar aqui o filme Turbulence de Caroline Polique, que aborda o mercado financeiro sobre vários aspectos. O filme mostra o mecanismo econômico a partir de operários desempregados, operários denunciando as condições de trabalho, vendedores de peixes, pessoas endividadas, pessoas sem abrigo que invadem apartamentos desocupados, como também, banqueiros e especuladores. O filme critica a interferência da economia sobre o social e o político, uma denúncia do poder dos mercados financeiros.

Atualmente, no Brasil, é lamentável podermos constatar que o cinema é por muitas vezes ingenuamente encarado apenas como divertimento. Existindo ainda uma super valorização do cinema hollywoodiano e uma procura descabível de adequação do cinema brasileiro ao mesmo. Jovens, por muitas vezes narcisistas frustrados, querem fazer cinema com a intenção de chegar ao glamour, pensando apenas na mise-en-scène e deixando de lado qualquer questionamento amplo sobre o mundo atual.

*“chegam emtretanto a um sentido unívoco, fundado sobre automatismos sem trabalho, sobre um enquadramento consensual, nutrido de evidências do justo meio. O ritmo que a montagem sustenta impede o desenvolvimento livre de pensamentos conexos. O espectador é “zappé” pelas prescrições e os rápidos encadeamentos de planos. Eles deixam um gosto estranho de verdade formal (lógica da exposição) e de mentira por omissão (perca do real).”

Maoro da Rocha Pitta é cineasta e pesquisador, Mestre em cinema e audiovisual pela Universidade Paris VIII.
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>Il Monstro<
view post Posted on 23/10/2004, 21:52




Gosto de textos como esse porque eles me tornam mais tranquüilo quanto à minha capacidade. Se o autor de um texto como esse consegue chegar a mestre...

Convoco as considerações dos meus colegas de faculdade. Este texto lembra vocês de alguém?...
 
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Lashdanan
view post Posted on 24/10/2004, 08:17




Eu acho muito grande.
 
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>Gião<
view post Posted on 25/10/2004, 14:31




Acho muito amarelo!
 
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sarahivich
view post Posted on 26/10/2004, 18:00




CITAZIONE (>Il Monstro< @ 23/10/2004, 22:52)
Convoco as considerações dos meus colegas de faculdade. Este texto lembra vocês de alguém?...

e dá-lhe luiz carlos, hein?
hoje tenho duas aulas com ele.

quanto ao autor do texto: não acho que ele escreveu mal, não. acho que ele generalizou as coisas e colocou tudo de um jeito simplista demais, só isso. tal e qual o professor supra-citado... sendo que o texto do professor é horrível. não dá pra ler nada. afe.




 
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Alkalino
view post Posted on 16/4/2007, 17:54




Chutômetro e baixas bilheterias

José Araripe

O porquê de os filmes brasileiros não estarem levando mais público aos cinemas pode e deve ser investigado. Porém trata-se de assunto para ser avaliado mais por cientistas - pesquisadores e comunicadores profissionais - do que simplesmente por cineastas ou jornalistas. Esses sim são, entre outros, objetos dos segmentos a serem ouvidos. E há muito o que se fazer para descobrir o que se passa nos "mistérios" do mercado antes de se ligar o achômetro.

Que mistérios existem, existem.

Mas a cada rodada de investigação leiga só aumenta a desinformação e a mistificação de teoria A ou B.

E não justifica esse empirismo, já que o Brasil detêm tecnologia para realizar pesquisas quantitativas e qualitativas que podem trazer luzes novas às sombras que se confundem numa seara que não permite suposições ou visões siluetadas.

O que faz filme A ou B ter melhor desempenho nas salas?

Ninguém sabe, a verdade é essa.

O exercício do livre pensar pode ajudar nas etapas que antecedem à elaboração de uma pesquisa, mas além disso só atrapalha. E pesquisas não são infalíveis e podem ser inúteis ou fotografar outros focos que não interessem se forem mal planejadas.

Antes de qualquer passo nesse sentido, é importante saber quem e o que pretende-se auscultar. Definir esse universo passa por deter dados anteriores sobre o micro e o macro ambiente econômico e social a ser investigado.

No caso das pesquisas para diagnosticar essa "enfermidade" de nossa relação investimento x audiência, serão necessárias mais que uma linha de pesquisa.

E para isso é preciso, antes de tudo, que as cabeças pensantes e interessados se desocupem dos arraigados preconceitos que envolvem o uso das ferramentas do marketing - área demonizada pelos xiitas e chaatos - e fundamental nesse pacto para compreender melhor esse mercado novo, que entre suas peculiaridades traz a principal: ser um mercado dominado por produtos estrangeiros turbinados por esta própria tecnologia e suas ramificações, como publicidade, promoção, lobby, endomarketing, merchandising e outros derivados.

Para melhor desempenho dos produtos brasileiros no mercado não adianta tatear no escuro; ou se investe um pouco nesse setor ou estaremos a cada semana contando ingressos e condenando os filmes e as leis de benefícios como os vilões.

Onde estão os dados que provam isso? Se as estatísticas só se referem ao desempenho cópia x bilheteria. Onde estão as pesquisas ou os cruzamentos de dados entre investimentos em mídia e número de espectadores?

Onde estão as pesquisas qualitativas que podem apontar as preferências nos segmentos de público ou a relação entre os valores agregados à produção, como temas, gêneros, atores e marcas famosas. Onde estão as leituras mais aprofundadas sobre as questões das outras mídias de entretenimentos x cinema, ou relativas às peculiaridades de cada região ou períodos do ano? Onde estão os dados comparativos com outras cinematografias?

É compreensível que a cada matéria sobre o tema em jornal da grande mídia se avente apenas a superfície das opiniões e percepções vivenciais, já que estes dados abrangentes não existem.

E mais ainda: mesmo que tomemos algumas metodologias aplicadas em outras áreas, a aplicação destas na área do cinema vai exigir também um pouco de paciência, para se chegar às metodologias mais apropriadas.

Deixando os profetas do apocalipse de lado e levando o tema a sério, urge arregaçar as mangas e unir forças: governo, associações, acadêmicos e empresários, para inaugurar programas sistemáticos e regulares que possam levantar informações que gerem novas técnicas e modalidades de comunicação, para assim otimizar as relações custo x benefício das nossas produções.

Mais: são muito mais camadas do processo entre o tema e a tela que precisam destas técnicas; praticamente todas as áreas da atividade cinematográfica no Brasil ignoram ou desprezam essas ferramentas - por desconhecimento, por preconceitos ou por falta de recursos fisicos ou humanos. Elas podem ajudar muito se houver disposição, humildade e despreendimento.

É quase um tabu tocar nesse assunto. Há os que acham que qualquer pesquisa é manipulação do ethos de sua obra. Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. O mercado não é um templo da monocultura, há igrejas de muito matizes e vende a alma a Deus ou ao Diabo quem quer - ingênuo ou auto-nocivo é fazê-lo sem consciência disso.

Em 2007, se o conjunto de operadores do cinema brasileiro não incrementar bem essas áreas, deixará os flancos abertos para os concorrentes desleais - o capital estrangeiro subsidiado e desproporcional - e principalmente para os defensores da retração das políticas de benefícios fiscais à produções.

Como diria o filósofo: O preço da liberdade é a eterna vigilância.

E junto com a vigília deve estar a tecnologia e o bom senso em investir, para decifrarmos os "mistérios" sem usar bolas de cristal. Deixemos essas pseudociências para os personagens nas telas.




José Araripe é cineasta. Em maio, arremessa o longa metragem Esses Moços, sem nenhuma verba planejada para investimento em marketing e consequentemente sem estratégia de comunicação e publicidade. Apenas a Internet: www.essesmocos.blogspot.com
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 17/4/2007, 16:08




Bom texto. Com isso quero dizer que basicamente concordo com o que está escrito.

O crédito parece ter a ver com a assinatura do Alka: faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

QUOTE
Onde estão as leituras mais aprofundadas sobre as questões das outras mídias de entretenimentos x cinema

Em minha monografia de conclusão de curso tive a intenção de "arranhar" esta questão.
 
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Alkalino
view post Posted on 18/11/2007, 23:51




Hollywood africana é a terceira maior indústria de cinema do mundo
Danilo Saraiva


Apesar das dificuldades econômicas, a Nigéria tornou-se o terceiro maior pólo cinematográfico do mundo - atrás apenas de Hollywood, nos Estados Unidos e de Bollywood, na Índia - com um faturamento de US$ 250 milhões ao ano.

A conquista surpreendente do país africano, que está entre os 30 mais pobres do mundo, recebeu o nome de Nollywood, um trocadilho com a famosa Hollywood criado pelos meios de comunicação locais.

Apesar de sua precariedade - os filmes são feitos com orçamentos baixíssimos - há algo a se aprender com Nollywood. Com a grande demanda, a Nigéria foi o primeiro país a aperfeiçoar as técnicas do cinema digital. A edição, por exemplo, é feita em computadores caseiros pelos mais de 300 cineastas que atuam em Lagos, com recursos de multimídia disponíveis em programas à venda em qualquer loja de informática no mundo.

Em freqüente ascensão, Nollywood tem dado resultados positivos: o país aprendeu a criar uma verdadeira onda de celebridades emergentes, mais conhecidas do que líderes políticos. Consegue, também, produzir cerca de 1200 filmes no período, números impressionantes se compararmos esses padrões a Hollywood, por exemplo, cuja marca recorde é 400 produções anuais.

A Nigéria só aprendeu a conquistar este espaço em 1992, quando o clássico Living in Bondage, do diretor Chris Obi Rapu, foi comercializado em camelôs e acabou vendendo mais de 750 mil cópias. A partir daí, usando o VHS, muitas produtoras resolveram fazer seus próprios filmes, que começaram tímidos e amadores, mas depois foram se mostrando verdadeiras receitas de sucesso.

Esse "destaque-relâmpago" da indústria motivou dois documentários recentes, This is Nollywood, dos diretores Franco Sacchi e Robert Caputo, e Welcome to Nollywood, do californiano Jamie Meltzer.

O primeiro acompanha os bastidores do filme nigeriano Check Point, encomendado por apenas US$ 20 mil por uma produtora local. Já Welcome to Nollywood mostra o dia-a-dia de três cineastas nigerianos, que têm que lutar contra o tempo para finalizar seus filmes com baixo orçamento.

Em entrevista ao Terra, Meltzer disse que o que mais fascina na indústria é a rapidez com que as produções são feitas. "Eu queria saber como eles conseguiam fazer filmes extremamente bem-sucedidos e fascinantes em um período de tempo tão pequeno, com poucos fundos e recursos."

Inspiração para a independência

A viagem de Meltzer ao continente africano trouxe alguns resultados positivos. Além de se deparar com um ramo completamente formado - e que cada vez mais se consolida como atividade básica -, ele também abriu espaço para que a própria Nollywood fosse vista. Como grande parte dos filmes são recusados em festivais internacionais, com seu documentário, Meltzer pôde mostrar um pouco do "fazer arte" nigeriano, levando muito desta atenção para o país.

"Eu aprendi com os diretores de Nollywood que praticamente tudo é possível, desde que você tenha coragem de fazer acontecer com o que tem em mãos. É com essas circunstâncias que eles se encontram, não existe nenhuma desculpa para não se fazer filmes", explica.

Diante dos pequenos períodos de tempo, ninguém envolvido na produção tem uma real preocupação com cenários, figurinos específicos ou locações externas. Tudo é feito, em grande parte, no improviso, o que não parece incomodar seus espectadores.

"A Nigéria, relativamente pobre, é o único país que conseguiu nos mostrar uma forma realmente moderna de cinema digital. Tudo isso soa como algo positivo e moderno em relação à África, um antídoto para o que grande parte da mídia mundial divulga, esses estereótipos, que parecem reais. A África não é um continente feito de vítimas e tragédias e não pode ser reduzida a isso", dispara Meltzer.


 
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Anderson
view post Posted on 24/11/2007, 16:47




José Padilha: um cineasta e um desafiador da consciência do Brasil

Alexei Barrionuevo
No Rio de Janeiro

José Padilha brinca dizendo que o seu próximo filme incluirá uma biografia no final, para remeter a platéia à vasta pesquisa que ele faz à cada projeto. "Nós fazemos filmes que geram muitas perguntas que não podem ser respondidas", diz ele. "Como é que se resolve a violência urbana no Rio? Eu não tenho todas as respostas".

Em uma carreira relativamente curta, Padilha, 40, fez filmes que provocaram ecos profundos na consciência social do país. O seu último trabalho, "Tropa de Elite", uma visão violenta das guerras em torno das drogas no Rio de Janeiro sob a perspectiva de uma tropa policial de elite, colocou-o no centro de um furioso debate a respeito da violência policial e do uso de drogas pela classe média, e tornou-se o filme mais comentado por aqui desde "Cidade de Deus", em 2002.

Os críticos aplicaram todos os rótulos a Padilha, desde extremista de esquerda a direitista-fascista.

Baseado nas experiências da vida real de policiais do Rio de Janeiro, "Tropa de Elite" foi o primeiro filme de ficção de Padilha, seguindo-se a alguns documentários de sucesso. Mas o retrato áspero do sistema policial fez dele o alvo da polícia militar do Rio, que exigiu saber que policiais revelaram ao diretor os métodos de tortura utilizados pela instituição. Enquanto isso, grupos de direitos humanos, acusaram-no de glorificar o principal personagem do filme, o problemático capitão Roberto Nascimento, que à noite tortura e mata narcotraficantes, e de dia tenta inutilmente lidar com a sua vida violenta.

"Algo de realmente incrível aconteceu", disse Padilha, recentemente, da sua casa no Rio, na qual ele e o seu parceiro comercial, Marcos Prado, administram a Zazen Produções, uma companhia cinematográfica composta por seis pessoas. "Este pequena companhia que fez o filme provocou uma febre. Eu não sei o que isso significa, mas nunca esperei criar este grande fenômeno social".

Mesmo assim, Padilha afirma que o seu filme foi grosseiramente mal-entendido por alguns, especialmente no Brasil. Aqueles que o acusaram de apresentar a abordagem da tortura policial como excessiva, mas necessária, não captaram a mensagem do filme, diz ele. Segundo o cineasta, a idéia era denunciar a polícia como injustificadamente brutal e corrupta. Ele diz que, na sua opinião, o personagem Nascimento termina como um "completo anti-herói".

Mas nada disso impediu que bancas de jornais em todo o Rio exibissem o personagem Nascimento, representado pelo ator Wagner Moura, com uma boina preta, nas capas de revista, proclamando-o "o novo herói brasileiro".

Para Padilha, que cresceu em uma família privilegiada que conta com cientistas e artistas, o cinema não era uma trilha óbvia. O seu pai foi um cientista com pós-graduação em engenharia química pela Universidade de Houston. Padilha alimentou por um tempo a idéia de tornar-se jogador profissional de tênis. Ele formou-se em física e trabalhou por um breve período para uma corretora de investimentos.

Mas o mundo dos negócios o entediava, e não demorou muito para que ele se aliasse a Prado, um amigo e famoso fotógrafo brasileiro, para fazer um documentário.

Em 1998, Padilha e Prado viajaram a Nova York e procuraram Nigel Noble, um diretor de documentários e ganhador do Oscar, na Escola de Artes Tisch da Universidade de Nova York. Eles o persuadiram a vir ao Brasil e dirigir um documentário com eles sobre trabalhadores que cortam árvores na Floresta Amazônica para produzir carvão para a indústria brasileira de aço.

O filme resultante, "Os Carvoeiros", foi selecionado para exibição no Festival de Cinema Sundance, um golpe de sorte que colocou os dois companheiros cineastas na rota do sucesso.

A fim de conseguir verbas, Padilha e Prado filmaram alguns documentários para a televisão antes de passarem a produzir documentários independentes. Até "Tropa de Elite", a obra mais notável de Padilha era a história do seqüestro de um ônibus municipal no Rio de Janeiro, uma notícia que foi transmitida ao vivo e ininterruptamente na televisão. O seu documentário sobre o episódio, chamado "Ônibus 174", ganhou um Emmy nos Estados Unidos na categoria Noticiário e Documentários.

Esse sucesso mudou a vida do diretor. Ele foi indicado para a Directors Guild e ganhou um prêmio Peabody, e ele e Prado contrataram um advogado para representá-los nos Estados Unidos, e um agente em Los Angeles.

E, o mais importante, o sucesso de "Ônibus 174" possibilitou a Padilha financiar "Tropa de Elite". Ele juntou-se a Rodrigo Pimentel, um ex-capitão da tropa de elite policial - uma espécie de Swat brasileira - do Rio de Janeiro, chamada de Bope no Brasil, para escrever um roteiro que contaria a história da violência urbana segundo os olhos da polícia, um fato inédito no Brasil.

Pimentel, que saiu do Bope depois de desiludir-se com a sua missão de prender e matar traficantes de drogas, disse em uma entrevista que Padilha logo percebeu que a sua vida correria risco caso tentasse fazer um documentário sobre o tema.

Assim, eles decidiram fazer uma obra ficcional, mergulhando em pesquisas por quase três anos, conversando com cerca de 20 policiais e médicos que trabalharam com a polícia, e finalmente criando o capitão Nascimento.

O filme se passa durante a "Operação Papa", a operação realizada em 1997 pelo Bope para erradicar uma quadrilha de narcotraficantes em uma favela meses antes da visita de dois dias do papa João Paulo 2° à área, uma operação que Padilha classificou de "absurda".

"'Tropa de Elite' é uma espécie de vingança pelas vítimas da brutalidade e dos assassinatos policiais. De certa forma, ao ver o filme a platéia está se vingando da polícia. Sabe o que quero dizer? Especialmente nas favelas", diz Padilha.

Mas tal atitude gerou uma forte reação da polícia, que, depois que uma versão pirateada foi assistida por milhões de pessoas, tentou na Justiça impedir a exibição do filme. Depois os policiais procuraram Padilha, tentando persuadi-lo a revelar as identidades dos policiais que o ajudaram a realizar o trabalho. O governador do Rio apoiou o diretor, dizendo a ele que ignorasse tais solicitações feitas pela polícia. Padilha finalmente concordou em dar um pequeno depoimento no escritório do seu advogado, mas disse que se recusa a divulgar qualquer nome.

No início o financiamento foi difícil. A Globo, o conglomerado brasileiro de mídia, recusou-se a contribuir porque os diretores não garantiriam um final feliz, conta Padilha. "Você nunca irá chocar a platéia dessa forma", diz ele. "A nossa idéia é fazer filmes sem maquiagens".

No final, Padilha atraiu o interesse de Eduardo F. Constantini, filho do milionário argentino, que levou o projeto até a companhia de produção cinematográfica de Harvey Weinstein, em Nova York, que logo assinou um contrato para financiar o projeto.

Enquanto o roteiro passava pelas suas 12 fases, Pimentel uniu-se ao autor Luiz Eduardo Soares para produzir um livro, também intitulado "Tropa de Elite". O processo de emparelhar livros e filmes se encaixa na visão de Padilha, segundo a qual a ciência é mais bem explorada em livros, mas que os filmes são fundamentais para atrair atenção para os personagens.

"Todos os filmes que havíamos feito até então eram um punhado de peças científicas e inspiraram trabalhos nas universidades", diz ele. "Se você publica um trabalho acadêmico científico, é muito difícil dar início a um debate de âmbito nacional sobre qualquer coisa. Mas se você faz um filme, dá para desencadear tal debate. Gostamos de criar uma ponte entre esses dois mundos - cinema e ciência".

Atualmente Padilha está editando dois documentários, um sobre a fome, e um outro, filmado principalmente em inglês, sobre o debate entre antropólogos norte-americanos a respeito dos índios ianomami na Venezuela, que foram descritos no livro "Darkness in El Dorado" ("Trevas no Eldorado"), por Patrick Tierney.

"Não sei quantas páginas li sobre esse assunto", diz ele a respeito do seu projeto relativo à Venezuela. "Mas já é algo da ordem de milhares".
 
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Anderson
view post Posted on 5/12/2007, 13:54




Greve de roteiristas completa um mês longe de um final feliz

Plantão | Publicada em 05/12/2007 às 02h48m
EFE


WASHINGTON - A greve dos roteiristas de cinema e televisão dos Estados Unidos entrou em seu segundo mês com poucas esperanças de solução para a pior crise trabalhista de Hollywood em mais de duas décadas.

A greve de mais de 10.500 membros do Sindicato de Roteiristas Americanos paralisou a filmagem de diversas séries de televisão, além de filmes como a seqüência de "O código Da Vinci", "Anjos e demônios". Até Brad Pitt desistiu de filme por causa da greve. Russell Crowe anunciou na terça-feira que o substituirá em "State of play" ( leia mais ).

O cerne da disputa entre roteiristas e produtores é a renda que os autores querem receber pela venda das séries de televisão em DVD. A prática gera altas receitas para os estúdios de televisão. Outro tema é a transmissão das séries pela internet.

Após uma pausa de quatro dias, as negociações foram retomadas na terça-feira, em Los Angeles. Mas a possibilidade de uma solução pareceu desaparecer quando os dirigentes sindicais criticaram duramente uma proposta dos estúdios.

A Aliança de Produtores de Cinema e Televisão propôs na quinta-feira um novo contrato, oferecendo aos roteiristas mais de US$ 130 milhões num prazo de três anos. No entanto, o sindicato questinou o valor oferecido e afirmou que a soma total seria de apenas US$ 32 milhões.

- Não vemos como essa proposta chega ao número de US$ 130 milhões - disse John Bowman, presidente do comitê de negociações.

Segundo especialistas da indústria, o problema é a incerteza sobre o verdadeiro volume dos lucros.

Em uma conferência de investidores em Nova York, Leslie Monves, diretor-executivo da rede de televisão "CBS", disse que os estúdios desejam um acordo para repartir o bolo. Mas não sabem qual é o tamanho dele.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 12/6/2008, 14:33




Estudos neurocinematográficos
Neurocientistas da New York University comprovaram em um estudo recém-divulgado que certos filmes exercem enorme controle sobre a atividade cerebral e que seu impacto sobre os neurônios depende do conteúdo, da edição do estilo de direção. De certa forma, todos já sabíamos disso. Faltava a comprovação científica.



Grosso modo, o estudo funcionou assim, de acordo com matéria do site ScienceDaily: os cientistas fizeram ressonâncias magnéticas nos cérebros de um grupo de pessoas ao longo da exibição dos filmes e depois compararam os resultados para ver como eles estimularam as regiões do neocortex (responsável pela percepção e cognição). Foram usados quatro produtos audiovisuais no estudo: 30 minutos do faroeste “Três Homens em Conflito”, de Sergio Leone, um episódio da série “Bang! You’re Dead”, de Alfred Hitchcock, um episódio de “Curb Your Enthusiasm”, de Larry David, e uma tomada de 10 minutos, sem edição, de um show em Nova York.



Aqui vão os resultados: o episódio de Hitchcock provocou respostas similares de todos os pesquisados em mais de 65% do neocortex, indicando um alto nível de controle do cérebro dos espectadores; “Três Homens em Conflito” chegou a 45%; “Curb Your Enthusiasm” ficou em 18% e o clipe do show, 5%.



“O fato de Hitchcock ter sido capaz de orquestrar respostas de tantas regiões diferentes do cérebro, ligando e desligando-as no mesmo momento em todos os espectadores, pode servir como prova neurocientífica de sua famosa habilidade de manipular a mente da platéia. Hitchcock gostava de dizer a seus entrevistadores que, para ele, a criação é baseada em uma ciência exata das reações do público”, escreveram os pesquisadores.



Segundo eles, a pesquisa pode abrir caminho para um novo campo de conhecimento, que poderia ser batizado de “estudos neurocinematográficos” e ser usado por teóricos do cinema. Mas não duvido nada que a indústria cinematográfica se interesse pela pesquisa para controlar de vez a mente dos pobres espectadores.

:o:
 
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11 replies since 23/10/2004, 08:00   619 views
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