Betsy, Conto de Rubens Fonseca

« Older   Newer »
  Share  
Curuja
view post Posted on 25/7/2004, 18:14




Achei esse conto muito bom.

É pequeno.

O que acham???
 
Top
Curuja
view post Posted on 25/7/2004, 18:15




Betsy

Betsy esperou a volta do homem para morrer.
Antes da viagem ele notara que Betsy mostrava um apetite incomum. Depois surgiram outros sintomas, ingestão excessiva de água, incontinência urinária. O único problema de Betsy até então era a catarata numa das vistas. Ela não gostava de sair, mas antes da viagem entrara inesperadamente com ele no elevador e os dois passearam no calçadão da praia, algo que ele nunca fizera.
No dia em que o homem chegou, Betsy teve o derrame e ficou sem comer. Vinte dias sem comer, deitada na cama com o homem. Os especialistas consultados disseram que não havia nada a fazer. Betsy só saía da cama para beber água.
O homem permaneceu com Betsy na cama durante toda a sua agonia, acariciando o seu corpo, sentindo com tristeza a magreza das suas ancas. No último dia, Betsy, muito quieta., os olhos azuis abertos, fitou o homem com o mesmo olhar de sempre, que indicava o conforto e o prazer produzidos pela presença e pelos carinhos dele. Começou a tremer e ele a abraçou com mais força. Sentindo que os membros dela estavam frios, o homem arranjou para Betsy uma posição confortável na cama. Então ela estendeu o corpo, parecendo se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor. Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O homem pensou que Betsy havia morrido. Mas alguns segundos depois ela emitiu outro suspiro. Horrorizado com sua meticulosa atenção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy. Com o intervalo de alguns segundos ela exalou nove suspiros iguais, a língua para fora, pendendo ao lado da boca. Logo ela passou a golpear a barriga com os dois pés juntos, como fazia ocasionalmente, apenas com mais violência. Em seguida, ficou imóvel. O homem passou a mão de leve no corpo de Betsy. Ela se espreguiçou e alongou os membros pela última vez. Estava morta. Agora, o homem sabia, ela estava morta.
A noite inteira o homem passou acordado ao lado de Betsy, afagando-a de leve, em silêncio, sem saber o que dizer. Eles haviam vivido juntos dezoito anos.
De manhã, ele a deixou na cama e foi até a cozinha e preparou um café puro. Foi tomar o café na sala. A casa nunca estivera tão vazia e triste.
Felizmente o homem não jogara fora a caixa de papelão do liquidificador . Voltou para o quarto. Cuidadosamente, colocou o corpo de Betsy dentro da caixa. Com a caixa debaixo do braço caminhou para a porta. Antes de abri-la e sair, enxugou os olhos. Não queria que o vissem assim.
 
Top
#FF#
view post Posted on 7/10/2004, 06:45




Não tenho muito a dizer (escrever) sobre ele.

Mas não me tocou muito.
 
Top
Anderson
view post Posted on 8/10/2004, 06:09




Betsy era um animal ?
 
Top
Curuja
view post Posted on 9/10/2004, 04:16




Betsy era uma cachorra.
 
Top
Anderson
view post Posted on 9/10/2004, 04:39




CITAZIONE (Curuja @ 9/10/2004, 01:16)
Betsy era uma cachorra.

Sabia !!!!!
 
Top
Capitão Ácido
view post Posted on 10/10/2004, 22:56




CITAZIONE (#FF# @ 7/10/2004, 07:45)
Não tenho muito a dizer (escrever) sobre ele.

Mas não me tocou muito.

Voto com o relator
 
Top
Curuja
view post Posted on 16/10/2004, 23:28




Acho a descrição dos acontecimentos nesse conto muito foda!!!!!

Só perto do final é q vc se dá conta de q não é uma pessoa.
 
Top
Alkalino
view post Posted on 17/10/2004, 00:14




Me lembra aquela piada da pulga... "você entrou no meu quarto sorrateira, sob meu cobertor, e quando eu vi já era tarde, voce começou a me chupar devagar, etc, etc..." aí ia descrevendo esse encontro erótico, e no final o cara esmaga a pulga.
 
Top
9 replies since 25/7/2004, 18:14   385 views
  Share