| O setor ainda engatinha no Brasil, mas a Ancine e o governo federal querem incentivar a produção e mudar esse cenário
Todo Dia, 10-09-2008
Lego é parceira de projetoApesar do surgimento de estúdios de animação em São Paulo e no Rio de Janeiro e do sucesso do brasileiro Carlos Saldanha, diretor de "A Era do Gelo", a produção de animação ainda engatinha no Brasil. Basta acompanhar os canais de televisão aberta ou fechada para verificar que desenhos animados, séries e curtas-metragens são, em sua maioria, originários dos Estados Unidos, Canadá e Europa. Mas a Ancine (Agência Nacional de Cinema) e o governo federal querem mudar o cenário deste setor considerado estratégico, não só por causa dos dividendos financeiros mas também pela formação educacional das futuras gerações.
Para tanto, a Ancine quer estabelecer uma política de animação para o País. Em sua passagem por Paulínia, para inauguração do Paulínia Stop Motion, semana passada, o presidente da agência, Manoel Rangel, revelou os planos para a área. "Para nós, o setor de animação é estratégico. Nós temos detectado no Brasil que há carência de produção dirigida ao público infantil e isso significa falta de animação, de filmes infantis e de produtos para a televisão dirigidos ao público infantil. É estratégico o investimento em animação", afirmou.
Rangel garantiu que há esforços do governo federal para articular uma estrutura de investimentos e de esforços que propiciem a construção da política de animação. De acordo com ele, a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Ministério de Ciências e Tecnologia tem investido em projetos de visualização, na parte de informática e softwares sofisticados usados pela Petrobras, pela indústria de armamentos e na animação. Em outra frente, a Ancine e o fundo setorial do audiovisual articulam projetos de filmes e produções para a televisão.
O presidente da Ancine ressaltou que o País tem talentos artísticos e criativos especializados nas técnicas de animação 2D, 3D e stop motion. Para Rangel, é natural uma parceria com a TV Cultura e com a TV Brasil para veiculação das produções nacionais e também fomento das linhas de investimento em produção para cinema e televisão. Recentemente, no Festival de Toronto, no Canadá, a TV Cultura anunciou parceria com governo canadense para criação do Funcine (Fundo de Investimento na Indústria Cinematográfica). Gerenciado pela Ancine, o órgão se dedicaria exclusivamente à produção de animação para televisão e cinema, com previsão de exportação para outros países, além da contribuição para a educação das crianças. A TV Cultura é referência por conta de seu conteúdo infantil premiado internacionalmente.
Rangel acredita ainda que as propostas nacionais se articulam com a iniciativa da Prefeitura de Paulínia de criar o pólo cinematográfico. E acredita até numa sinergia das produtoras de animação e a empresa de produção de animação de Paulínia. O prefeito Edson Moura (PMDB) disse que há necessidade de estimular a produção nacional de animação até porque o conteúdo é importado. A expectativa de Moura é suprir esses canais de televisão com o conteúdo do pólo.
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