"E o Baixinho tinha razão!", Coluna do FF

"E o Baixinho tinha razão!"


Assistindo aos jogos do triste time(?) do Vasco neste fraco Campeonato Brasileiro, chego a uma constatação: aquela frase batida que um dos maiores artilheiros da história do futebol brasileiro usualmente profere desde os tempos em que era um dos maiores artilheiros do futebol brasileiro se tornou realidade.

"Posso continuar jogando por muitos anos ainda, porque o nível está muito ruim."

Confesso não recordar com precisão quando a ouvi pela primeira vez. Mas não foi ontem, nem anteontem. Não foi no mês passado, nem no ano passado.
Essa frase vem (no mínimo) de uma época em que o Vasco tinha um grande time, capaz de brigar por títulos nacionais e mundiais, e Romário era a estrela da equipe e o artilheiro, não apenas do Vasco, mas de todo o Brasil.

Sim. Artilheiro do Brasil.


A memória é curta. Pegue alguns desprevinidos na rua e pergunte sobre o Baixinho. A totalidade (ou quase) dirá que ele já deveria ter se aposentado. A maioria dirá que ele já deveria tê-lo feito há mais de cinco anos. Outros, infames, que Romário só foi Romário mesmo na Copa de 94, que deveria ter parado ali.

Pois bem. Há cinco anos o Baixinho comandou o Vasco nos títulos da Copa João Havelange e da Mercosul. Naquele ano, bateu seu próprio recorde de gols numa mesma temporada (fez algo próximo de setenta), sendo inclusive o principal artilheiro da seleção na pífia campanha das Eliminatórias.

No ano seguinte (2001), Romário foi artilheiro do Brasileirão - fato inédito em sua carreira - e teve presença cobrada junto ao técnico da seleção por torcida e imprensa.

Nessa época, a "célebre" frase já era ouvida aqui e ali, nas entrevistas do Baixinho.

Veio a Copa. Brasil campeão.
O então "bichado" Ronaldo voltou e reassumiu a condição de principal atacante do Brasil.
Ninguém sentiu falta de Romário. Romário ficou...........velho. Ultrapassado.


E de lá pra cá, numa mistura de incapacidade física, desinteresse e desorientação, Romário tem sido apenas meio jogador. Ou nem isso.
Sempre contundido, nunca treinando, sempre em dúvida se leva a carreira adiante, Romário não é nem sombra do craque que foi outrora.

Por que continua a jogar? Nem ele deve saber.
Por que continuam a deixá-lo jogar? "Porque o nível está muito ruim."


Retornando ao primeiro parágrafo, quando assisto aos jogos do triste time(?) do Vasco neste fraco Campeonato Brasileiro vejo raros lampejos de Romário.
Sem ritmo, pouca mobilidade, o Baixinho é peso morto em grande parte do jogo. Por vezes, no jogo inteiro.

Mas, de quando em vez, jogos e jogos depois, eis que um lance - um passe, um drible, um gol - faz-me lembrar dos bons tempos. Lances que seus pares, salvo raríssimas exceções, não parecem capazes de realizar.

Ele ainda é um craque. Mas um craque pra time de Masters.
Um jogador que foi, em meio a jogadores que não deveriam ser.





Edited by #FF# - 5/8/2005, 11:20

Comentem!

Muito legal o texto, FF!

Lamento muito que Romário nunca tenha levado muito a sério sua carreira de jogador. E, na verdade, se não o fez quando era mais novo, não o fará agora.

Mas, vamos imaginar um Romário disciplinado, de fato com vontade de jogar e não apenas adiando um final de carreira melancólico e inevitável.

Não tenho dúvidas de que ele seria não só um dos melhores jogadores do Vasco (O único a pensar em meio a tantas antas), como um dos destaques do brasileirão.

Nada como os lanpejos do baixinho. Ontem mesmo, além de um belo gol, belos passes. Pobre Alex Dias. Se ele fizesse metade dos gols que perde, provavelmente já seria o artilheiro disparado do brasileirão.

Aí vem a suposição... Já imaginaram se o Romário tivesse o condicionamento do Dias?

Mas, a realidade é outra. E como você disse FF, o baixinho virou um excelente ex-jogador em atividade. E sabe qual o pior?

Por mais morto que esteja em campo, ele continua fazendo gols. E essa é a função do atacante.

Edited by Journeyman - 5/8/2005, 22:25

Jean???

Não! O Jean não sabe chutar, mas isso é só um detalhe.

Em tempo, falei do gol do Romário, mas esqueci de um detalhe... "Até mulher grávida faz gol no time do Vasco"... E mulher grávida é com o Romário mesmo!

Belo texto!

Comentarei em breve.

Bem, já que estamos falando no baixinho, aí vão algumas frases de uma longa entrevista dada por ele para a nova revista dominical do jornal O Dia.

Para começar, uma imagem...



"Sou 100% infiel"

"Já transei com umas 3 diferentes no mesmo dia"

"Na Copa de 94, botei mais de uma mulher para dentro da concentração. Nem lembro quantas foram"

E por aí vai...


Em tempo, do jeito que anda a memória do Imortal, não duvido nada que ele esqueça de comentar as coisas por aqui.

Lembrei.
Estou aí.

Quando vi o texto do FF, apenas passei o olho de relance e pensei : vou ler com cuidado depois, mas provavelmente é o texto de um fã do Baixinho que hoje se diverte com a fase atual do Vasco.

Me surpreendi. O texto tá bem coerente.

Não sei se o Romário dizia a célebre frase quando o Vasco tava muito bem. Ele começou a dizer depois de 2000, quando se destacava disputas do caixão.

Só discordo do Baixinho porque Brasileirão é totalmente diferente do torneio Caixa d'água.

No Brasileiro, como disse perfeitamente o FF, ele vive de raros lampejos.

Como já disse aqui, ele começa a manchar uma biografia muito foda por teimar em não parar.

De uns tempos pra cá, não sei se por causa das pingadas vitórias ou por ter visto alguns passes que ele deu pra jogadores (?) que às vezes parecem nem entender seu raciocínio, cheguei até a ter esperanças que o Romário pudesse , sim, ter alguma utilidade pro Vasco de hoje fazendo uma função tipo a do Dinamite no final da carreira ou mais recentemente a do Evair no fabuloso time de 1997. Só esperando pra ver se ele tem esta sacada.



Outro dia , assistindo a um jogo de vôlei , fiquei sabendo graças aos comentaristas que em Cuba existe um sistema onde os futuros ex-atletas, quando próximos de se aposentar, são preparados tanto psicologicamente quanto profissionalmente para exercerem funções exatamente com atletas jovens e promissores.

Romário sempre foi vaidoso.

A gente vê por aí atletas (como o caso é pra comparar com o Baixinho seria melhor utilizar a expressão profissionais do esporte, mas até esta tem defeitos neste caso) bem menos vaidosos sentindo o baque de deixar a vida da competição.

Eu sempre comparo este caso com a indústria de cosméticos , que também é sustentada pela vaidade.

Imaginem uma mulher que desde a sua adolescência, ou até mesmo antes, sempre foi linda, atraente, sensual, chamasse atenção.

Esta mulher aprende coisas com o tempo, se torna experiente , mas por mais que se mantenha com a doçura da maturidade, já percebe que o tempo, como dizia Drummond , é inexorável.

A mulher fatalmente vai sentir , vai sofrer, vai precisar de acompanhamento e muito provavelmente será consumidora de cosméticos dos mais variados tipo e preços se puder.

Pro esporte não há tantos subterfúgios.

Pra mim, é isso. Romário , além de querer quebrar alguns recordes que considera possível por conta da proximidade de alguns números, sente o efeito da vaidade.

Na segunda questão, tudo bem que o nível é baixo, mas a idade conta, mais uma vez eu repito sobre os lampejos de genialidade. Já falei disso aqui, cheguei a ficar meio atordoado ao ver um gol que o Romário perdeu na goleada sofrida pelo Vasco contra o Palmeiras em SP. Eu tinha acabado de pensar num lance dele semelhante que teve final feliz e o merda do Noronha ainda fez questão de falar logo em seguida.

Pra segunda pergunta eu reflito se ele acharia outro time pra jogar sem ser o Vasco.

Aí a gente entra naquela discussão lá da pasta sobre o Eurico. Eurico é outro romarista, só que doente. Aliás, muito doente.

E essa entrevista do Baixinho está dando o que falar...

O Zagallo foi direto... "O Romário é que nem o Imortal! Ele não tem índole!"

Parabéns à iniciativa do #FF# de publicar uma coluna esportiva! É algo que quero ver há muito tempo, pois sempre considero suas opiniões sobre esportes algumas das melhores que já vi.

Sobre o texto, farei uma crítica que espero apenas construtiva, caso contrário será inútil:

Sempre que converso com #FF# vejo que, apesar de (ou seria melhor além de?...) grande conhecedor e excelente argumentador, ele é um homem de opinião. E esta opinião não escapa a suas críticas, análises, etc. E assim me parece bem, se querem saber.

Uma das opiniões de #FF# é a de que Romário é, foi, e deveria para sempre ser reconhecido como um GRANDE jogador, provavelmente um grande ídolo do esporte. Sua coluna traz este ponto de vista, e sobre isto ela trata.

O que desta feita não ficou muito "bem-feito" foi a exposição de sua argumentação enquanto texto. Com isso, o que quero dizer: Me parece que na exposição, #FF# declara o fio de seu raciocínio como uma coisa, e desenvolve o raciocínio não de acordo com este fio, ou chega a uma conclusão incoerente com este fio.

Isto se dá não devido à argumentação em si, mas à EXPOSIÇÃO do argumento, à redação do texto.

Eu mesmo conheço bem as dificuldades de se fazer um bom texto, por simples que seja. Vocês podem reparar pela qualidade das redações de meus posts, e eu sempre tenho inúmeras difculdades de produzir qualquer coisa em texto, coerente. Verbalmente, isso é um pouco melhor, pois posso adequar os problemas de comunicação com meu interlocutor através de esclarecimentos constantes dos pontos que para ele são de difícil compreensão no meu discurso.

Para acabar com este post longo, o que me incomodou no texto de #FF#, através de exemplos: Me parece que ele queria dizer que Romário ainda é bom, mas terminou dizendo que ele já não é mais. Não sou ninguém para dizer como deveria ser o texto, aliás, o texto NÃO deveria ter outra forma (sua expressão é por demais válida para que este seja o caso), mas algo que poderia, talvez, ter maior coerência em texto seria: Romário ATÉ já não é mais muito bom, é verdade. Mas que ele o era quando já diziam que não mais era, ele era.

Vou deixar este texto sem maior revisão no momento pois estou ansioso pela tréplica do autor em questão. E reafirmo: Que muitos mais sigam este que está em debate!

No que se refere ao primeiro destaque:

Não quis dizer que Romário "ainda é bom".
Quis dizer que Romário "não é mais muito bom", mas continua jogando porque o nível está muito ruim.

Ainda que ele possa ser (e é difícil julgar) pior do que o resto, um ou outro "lance refinado" nos faz ter mais vontade de ver o Romário jogando do que assistir à maioria que anda por aí.

E é por isso que ainda se atura ele...




No que se refere ao segundo destaque:

Considero equivocado.

Quando Romário era "muito bom", todos (ou quase) sabiam disso e diziam que o Romário era "muito bom".

O que ocorre é que, com o passar dos anos, as pessoas vão perdendo a noção do tempo e não lembram mais de quando, ou de até quando exatamente, achavam o Romário "muito bom".
A maioria tende a exagerar na contabilidade dos anos.




Valeu pela presença e pelas críticas!


Edited by #FF# - 12/8/2005, 08:56

Tamos aí!

Sobre o baixinho, minha própria opinião: A forma como as pessoas julgam seu talento é influenciada por seu apreço pela pessoa. Neste caso, Romário é prejudicado por diversas atitudes "impopulares".

Ele é (foi, sei lá) o cara que quer(ia) "calar a boca" dos outros, e não que os outros falassem (este é mais o Ronaldinho ).

Não preciso ser gente boa pra jogar futebol. Ao que parece, neste ponto, o baixinho não tinha tanta razão assim...

Zagallo é tosco.

E o Baixinho continua fazendo gols e definindo os jogos...