Star Wars IV, Para quem não assistiu...

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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 19:36




GUERRAS ESTELARES


Há muito tempo, numa galáxia longe, longe pra caramba...



Episódio IV



Um Novo Exagero







É um período de guerra civil. Espaçonaves rebeldes, atacando de uma base escondida, sofrem sua enésima derrota nas mãos do maligno Império Galáctico.



Durante sua fuga desesperada, espiões rebeldes acidentalmente trombam com uma nave imperial que carregava os planos secretos da mais poderosa arma do Império, a Estrela da Morte, uma estação espacial blindada com poder suficiente para destruir um planeta inteiro, espalhando lixo por bilhões de quilômetros.



Perseguida pelos sinistros agentes imperiais, a Princesa Leia, pôster central de várias revistas masculinas, corre para casa a bordo de sua nave, levando os planos roubados que podem salvar sua vida... e, se sobrar tempo, a vida de seu povo e restaurar a liberdade para a galáxia...


I



A pequena nave rebelde cruzava a vastidão do espaço, perseguida implacavelmente pelo gigantesco Destróier Estelar Imperial, que disparava centenas de rajadas em sua direção, errando todas. Dentro da diminuta nave, a tensão era insuportável. Soldados rebeldes corriam de um lado para o outro, entrando e saindo de portas, trombando uns com os outros, rezando de joelhos, fazendo uma enorme fila na porta do banheiro. Na sala de comando, o capitão olhava concentrado para a tela do radar, que mostrava um pontinho verde sendo perseguido implacavelmente por uma melancia. Ocasionalmente, a imagem desaparecia em meio a uma violenta estática.



- Com tanto dinheiro, bem que sua Alteza poderia ter colocado uma antena melhor no telhado... - murmurou, dando tapas no aparelho. Então virou-se para o soldado sentado a sua frente: - Artilheiro, dispare contra o Destróier!



- Mas, senhor, todas as reservas da nave estão nos propulsores. Se dispararmos um único tiro, nossos motores podem ficar comprometidos.



- Eu estou a par dos riscos, soldado. Mas estamos fugindo há dias e já estou ficando cansado disso. Além do mais, não podemos parecer uns molengas. Dispare apenas uma vez. Agora!



- Sim, senhor!



A nave rebelde disparou duas rajadas de laser que atingiram em cheio o teto solar do Destróier. Imediatamente, o motor da pequena nave começou a ratear, tossir, parando com um engasgo.



- Seu idiota! - gritou o capitão - eu disse apenas um tiro!



- Desculpe, senhor, o botão emperrou. Material de segunda mão...



O Destróier Imperial, com o teto solar explodindo em faíscas, aproximou-se da nave rebelde, prendendo-a com um raio-trator e puxando-a para sua doca inferior.



Dentro da nave rebelde, dois andróides, C3P-O (um robô de formas humanas alto, dourado e desajeitado) e R2-D2 (um robô baixote azul e branco, que parecia uma mistura de um tamborete com um canivete suíço) andavam apressados pelo corredor principal.



- Você ouviu isso? - disse C3P-O - O motor parou. Seremos destruídos com certeza. Eu disse para o capitão colocar gasolina aditivada. Agora não há escapatória para a Princesa.



R2-D2 emitiu uma série de ruídos e bips irritantes, vazando óleo sem parar. Os dois andróides passaram por um grupo de soldados rebeldes, postados em frente à porta principal, apontando suas armas para ela. O capitão já estava lá, encorajando seus homens:



- Soldados, não preciso lhes dizer o horror que nos espera do outro lado desta porta. Quando os imperiais entrarem, sofreremos mortes lentas e cruéis, após termos sido torturados em meio a agonias atrozes. O inferno parecerá um cruzeiro de férias comparado com...



Subitamente, uma explosão abriu um buraco no corredor, fazendo a porta saltar, atingindo em cheio a cabeça do capitão, que desmaiou imediatamente. Um grupo dos temíveis soldados imperiais, vestindo suas enormes e horríveis roupas de combate brancas, começaram a entrar pela abertura. Um dos rebeldes gritou e saiu correndo. Outro desmaiou. O resto jogou suas armas no chão e ergueu as mãos acima da cabeça. Uma figura negra com mais de dois metros de altura surgiu em meio a fumaça que ainda saía da abertura. Era Darth Vader, Lorde Negro de Sith. Sua face estava oculta por uma grotesca máscara negra e sua impressionante figura provocava medo e pânico. Enquanto os soldados imperiais afastavam-se para dar passagem a seu comandante, os rebeldes caíram de joelho, implorando:



- Piedade! Clemência!



Lorde Vader deu um passo a frente e escorregou numa das poças de óleo de R2-D2, estatelando-se com estrondo no corredor. Fez-se um silêncio sepulcral. Os imperiais viraram o rosto, segurando o riso. Os rebeldes abaixaram a cabeça, tapando a boca com a mão. Vader, levantando-se da maneira mais digna possível, ajeitou a máscara com um resmungo e recomeçou a andar. Nesse momento, o capitão rebelde recobrou a consciência, soltando um gemido. Vader olhou para baixo e estendeu a mão, erguendo o capitão pelo pescoço:



- Como ousa rir de mim, escória rebelde?



O capitão, com os pés suspensos a quase um metro do chão, mal conseguia balbuciar algumas frases, tossindo desesperadamente. Vader tornou a falar com sua voz de trovão:



- Sua morte será excruciante. Mas antes quero saber onde estão as transmissões que vocês interceptaram.



O capitão não respondeu. Vader insistiu:



- O que fizeram com os planos?



O capitão permaneceu calado. A voz de Vader ficou mais ameaçadora:



- Não me faça perder a esportiva, rebelde! Você não gostaria de me ver zangado!



- Eh... comandante? - disse um oficial do Império, aproximando-se.



- O que é? Não vê que estou ocupado?



- Ele está morto, senhor. Pescoço quebrado.



- Ah... Claro, claro, eu sabia disso - disse Vader, largando o cadáver do capitão e imediatamente apontando para um dos rebeldes ajoelhados - Você! Venha cá!


Em um outro compartimento da nave rebelde, uma bela jovem vestida de branco estava parada em frente a R2-D2, inserindo um cartão em uma das inúmeras aberturas do andróide. R2 soltou um bip de satisfação. C3P-O surgiu na porta, exclamando:



- Mas o que está acontecendo aqui?



A jovem, assustada, rapidamente escondeu-se atrás de uma parede. C3P-O aproximou-se de R2, usando um tom de censura:



- Você não toma jeito mesmo, hein? Espero que ao menos tenha usado um preservativo. Espere um minuto, aonde você está indo?



R2 respondeu com ruídos eletrônicos, saindo da sala.



- Só uma vez na vida eu gostaria de entender o que você diz. Já pensou em instalar uma placa de som apropriada?



Quando os andróides deixaram a sala, a jovem saiu de seu esconderijo. Chegou até a porta mas ouviu sons de passos se aproximando. Rapidamente, girou nos calcanhares e correu para a parede, mas não teve tempo de se esconder. Três soldados imperiais entraram na sala e um deles gritou:



- Lá está ela! Ajustem para tonteio e atirem!



Os três imperiais dispararam suas armas contra a jovem e erraram todos os tiros. Ela puxou uma arma de dentro do decote e disparou duas rajadas certeiras nos imperiais mais próximos. O terceiro, apavorado, virou-se e começou a correr. A jovem deu um salto, preparando-se para o tiro final, mas escorregou numa poça de óleo e caiu, batendo a cabeça no chão.



O imperial aproximou-se cautelosamente da jovem desfalecida, dando-lhe um leve chute na cabeça. Tirou o comunicador da cintura e informou o comando:



- Avise a Lorde Vader que temos uma prisioneira.



Perto dali, R2 parou diante de uma pequena escotilha que levava a um módulo de fuga. Um pé-de-cabra saiu de sua cabeça e começou a arrombar a porta. C3P-O aproximou-se, agitado:



- Pare! Não faça isso! - e apontou para a escotilha ao lado - Esta aqui está aberta.


Os dois andróides correram para o outro módulo, acionando os controles e ejetando a cápsula da nave rebelde. Dentro do Destróier Imperial, o operador de radar chamou a atenção do capitão:



- Lá vai outro.



- Lorde Vader não quer sobreviventes. Atire para pulverizar.



O Destróier disparou várias rajadas em direção ao pequeno módulo, errando todas. O capitão franziu a testa:



- Eu ainda não sei como estamos ganhando a guerra...



O módulo seguiu sua viagem ileso em direção ao planeta abaixo, Tatooine. Mergulhou na atmosfera, incendiando-se numa bola de fogo sensacional.



Na nave rebelde, a bela jovem, com as mãos amarradas, estava sendo escoltada por um esquadrão de soldados imperiais. Eles pararam diante de um corredor esfumaçado, lotado de corpos de soldados rebeldes, jogados uns sobre os outros. Em pé no meio da pilha de cadáveres, Darth Vader usava apenas uma mão para segurar um rebelde pelo pescoço. Sua voz parecia embargada:



- Pela última vez, o que fizeram com os planos?



Há um estalido e a cabeça do rebelde pende para o lado. Vader joga o cadáver no chão:



- Droga! De novo não!



Vader mergulha o rosto nas mãos, mas é interrompido pela voz da jovem:



- Lorde Vader. Eu deveria saber. Só você poderia ser tão grosso. Já experimentou dizer "por favor" antes de perguntar algo?



- Não brinque comigo, Alteza. Vocês não pediram "por favor" quando entraram neste sistema restrito. Várias transmissões foram enviadas desta nave por espiões rebeldes. Eu quero saber - Vader respira profundamente - por favor... O que fizeram com os planos?



- Eu não sei do que você está falando. Se retirasse essa máscara, sua dicção melhoraria bastante. De qualquer modo, esta nave está em missão diplomática para Alderaan...



- Está o cacete! Se esta é uma nave diplomática, aonde estão os diplomas? Você faz parte da Aliança Rebelde e é uma traidora! Levem-na daqui! Nossa conversa ainda não acabou, Alteza.



A jovem é levada corredor abaixo pelos soldados. Um oficial aproxima-se de Vader:



- Lorde Vader, os planos da estação não estão a bordo desta nave. E nenhuma transmissão foi feita. Um módulo de fuga foi ejetado durante a luta, mas disparamos nele conforme suas ordens prévias.



- Excelente! Significa que ele aterrissou em segurança. Os planos devem estar nele. Mandem um pelotão recuperá-lo. Ah, e lembre-me de recomendar ao Imperador um treinamento intensivo de artilharia para todos os nossos recrutas.



 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 19:42






II


Os dois andróides caminhavam na vastidão do deserto que cobria praticamente todo o poeirento planeta Tatooine. Ao longe, o módulo de fuga jazia parcialmente carbonizado no alto de uma grande rocha.



- Seu idiota! Milhões de quilômetros quadrados de areia e você aterrissa em cima de uma pedra! - disse C3P-O, as costas apoiadas nas mãos, andando com dificuldade.



R2-D2 responde com sons eletrônicos furiosos.



- Eu espero que você não esteja falando o que eu estou pensando, senão...



C3P-O não completou a frase. Um reflexo no horizonte chamou sua atenção.



- Será algum veículo? Devemos ser cautelosos, não sabemos se são...



R2 correu em direção ao reflexo, emitindo ruídos ensurdecedores. C3P-O, com as costas em estado miserável, tentou inutilmente alcançá-lo.






Algumas horas mais tarde...







Luke Skywalker, um jovem fazendeiro de dezoito anos, estava deitado em sua cama, segurando uma revista aberta em seu pôster central, mostrando Miss Jundland como veio ao mundo. Alguém bateu na porta. Rapidamente, Luke escondeu a revista embaixo do travesseiro:



- Já estou indo, tio Owen.



Luke levantou-se e abriu a porta, mas não havia ninguém. Empurrou a porta mas ela não fechou. Olhou para baixo e viu um minúsculo pé obstruindo a entrada. Diante dele, estava uma pequena figura encapuzada vestida como um monge, de olhos brilhantes.



- Desculpe, não somos crentes - disse Luke, tentando fechar a porta. O anão de capuz não retirou o pé, mas falou com uma voz esganiçada:



- Não somos crentes. Somos Jawas, vendedores de sucata.



- O que quer que vocês vendam, não estamos interessados. Dá pra tirar o pé da porta?



- Antes de tomar uma decisão precipitada, acho que deveria dar uma olhada em nossos produtos. Posso falar com o seu pai?



- Qualquer coisa pra você sair da minha frente. TIO OWEN! Tem uns vendedores aqui que querem falar com o senhor!



Ouviu-se a voz de Owen Lars vindo dos fundos da casa:



- Diga que eu não estou!



- Ele não está. Bom dia - disse Luke, empurrando a porta com força sobre o pé do vendedor.



Uma voz feminina veio do mesmo local:



- Pergunte se eles têm algum andróide que fale! Essas unidades R2 estão me dando dor de cabeça.



- Minha tia quer saber se vocês têm algum andróide que fale - suspirou Luke, aborrecido.



O Jawa saiu correndo, apontando para fora:



- Claro, claro! Por favor, acompanhe-me!



Muito contrariado, Luke seguiu o pequeno Jawa até o imenso veículo que estava estacionado do lado de fora, cheio de outros Jawas correndo freneticamente, arrumando o ferro-velho numa pilha organizada. Ao lado da pilha, estavam C3P-O e R2-D2. O andróide dourado resmungou para seu companheiro:



- Se você ao menos tivesse ficado calado, ao invés de buzinar e apontar para a duna onde eu estava escondido, eles não teriam me pego também. Talvez até pensasse em vir salvá-lo depois. Quieto, ele está voltando.



Luke e o Jawa pararam diante dos andróides. O vendedor apontou para C3P-O:



- Este é o andróide que procura.



Luke ergueu uma sobrancelha, desconfiado:



- Você é um andróide de protocolo?



C3P-O empertigou-se todo:



- Mas é claro, senhor.



- Não precisamos de uma droga de andróide de protocolo. O que nós precisamos é de um que saiba falar.



- Eu sei falar, senhor!... Isto é, caso não tenha notado...



- É claro que eu notei! Acha que sou burro? Todos acham que sou burro, mas quando eu sair desta porcaria de planeta...



- Desculpe, senhor. Não foi o que eu quis dizer.



- Ainda não me convenceu... Ei, você conhece a linguagem binária de vaporizadores? Eles as vezes se sentem muito solitários, precisam desabafar com alguém...



- Ora, senhor, eu sou fluente em quase duas formas de idiomas. Linguagem binária é uma delas.



- Beleza! Eu fico com este - disse Luke para o Jawa.



O pequeno vendedor bateu palmas de satisfação:



- Uma excelente compra, meu jovem! Mas não gostaria de aproveitar nossa promoção "Pague um, leve dois"?



- E qual seria o outro? Esta unidade R2? Sinto muito, já temos algumas e os ruídos delas dão dores de cabeça na minha tia. E em mim também, pra falar a verdade.



O Jawa pegou uma chave inglesa e aplicou um violento golpe na cabeça de R2, que caiu para trás.



- Pronto - disse o vendedor - agora não faz mais ruído.



- Tudo bem, vou levá-lo também. Sempre preciso de umas peças sobressalentes pro meu landspeeder. Venha, andróide de protocolo - dizendo isso, Luke retornou para seu quarto, rolando a unidade R2.



O Jawa entrou no veículo, murmurando para outro:



- Pensei que nunca nos livraríamos daquela porcaria...



Enquanto isso, um esquadrão de soldados imperiais achava a rocha onde o módulo de fuga dos andróides caíra. Um dos soldados abaixou-se e tocou a pedra. Algo escuro grudou em seus dedos e ele chamou a atenção do líder:



- Olhe, senhor: óleo.





O quarto de Luke era pequeno, mas repleto de todo tipo de bugiganga que um adolescente adora colecionar: antigos consoles de videogame, dezenas de joysticks quebrados, pôsters de mulheres seminuas, fitas pornôs e uma boneca inflável. Luke estava sentado em frente a R2, tentando parar o vazamento de óleo. C3P-O, bem atrás, usava um aspirador para tirar a areia de suas peças.



- Você tem alguma idéia do que fazer com esta unidade R2? - perguntou Luke a C3P-O.



- Nada me ocorre, mestre Luke. Nossa antiga proprietária colocava uma almofada em cima e o usava como um banquinho.



- É, acho que seu destino é a garagem - Luke pegou um abridor de lata e tentou abrir R2, que começou a zumbir e chacoalhar. Uma lente projetou-se de seu interior e o holograma de uma bela jovem formou-se na frente de Luke.



- Ajude-me, Obi-Wan Kenobi - disse o holograma - Você é a minha única esperança.



A mensagem parou, retornou ao início e continuou repetindo o apelo. Luke ficou visivelmente interessado na moça.



- Uau! Como é gostosa! Quem é ela?



- Uma passageira em nossa última viagem. Alguém sem importância, eu acho.



- Há mais desta gravação? - perguntou Luke a R2 - Quem sabe ela tire a roupa depois. Ei, talvez se eu colocá-lo no telhado consiga pegar o canal da Playboy.



- Ajude-me, Obi-Wan Kenobi. Você é a minha única esperança - insistia o holograma.



- Obi-Wan Kenobi... - Luke ficou pensativo - Será que ela está falando do velho Ben Kenobi? Eu pensei que ele só se interessasse por garotos...



A voz de Beru Lars veio da cozinha:



- Luke! O jantar está na mesa!



- Já estou indo, tia Beru! - Luke entregou uma fita de vídeo para C3P-O - Tome. Caso ele comece a passar um filme pornô.



Luke entrou na cozinha, sentando-se a mesa junto com seus tios.



- Sabe, eu acho que aquela unidade R2 pode ter sido roubada.



Owen parou de comer:



- Por que você diz isso?



- É só um palpite. Sua placa de identificação foi raspada, seu número de série foi coberto com liquid paper e toda vez que reinicio o sistema operacional ele diz que está registrado em nome de um Obi-Wan Kenobi. Será que é o velho Ben Kenobi?



- Afaste-se desse sujeito. Ben Kenobi é só um velho louco que gosta de jovens fazendeiros impressionáveis. Fique longe dele.



- Mas e se esse Obi-Wan vier buscá-lo?



- Não virá. Ele não existe. É um mito, como o seu pai.



- Tem certeza que não tenho pai? Todos os outros garotos têm.



- Eu já lhe contei a história milhares de vezes. A cegonha trouxe você.



Luke continuou comendo. Logo depois voltou a falar:



- Sabe, estava pensando no nosso acordo. Se esses novos andróides derem certo, então acho que no próximo semestre posso ir para a cidade, viver na boa-vida, fumar bastante drogas e vadiar o dia inteiro.



- Mas é nessa época que eu mais preciso de você. Vamos fazer o seguinte: ajude-me na colheita pelos próximos dez anos e aí teremos dinheiro suficiente para contratar mais empregados. Aí talvez eu o deixe ir pra Academia.



- Mas é mais uma década inteira! Você disse a mesma coisa quando eu quis entrar pro primário. E daqui a dez anos vou estar velho demais pra Academia.



- Você é mesmo um moleque ingrato! Já pro quarto, está de castigo!



Luke saiu da cozinha, furioso. Foi para o quintal e ficou lá, olhando pensativo para os sete sóis poentes de Tatooine. Com um profundo suspiro, voltou para casa e entrou em seu quarto.


As luzes estavam apagadas. Tateou no escuro a procura do interruptor e acendeu a lâmpada. Viu os pés de C3P-O saindo de baixo de sua cama.



- O que é que você está fazendo aí?



C3P-O afastou-se da cama e levantou-se, muito nervoso:



- Não foi minha culpa!



- Aonde está a unidade R2?



- Eles o levaram! Uma quadrilha de assaltantes entrou aqui, renderam os guardas, me drogaram e levaram o R2!



- E por que não levaram você também?



- Desculpe, mestre Luke. Nunca fui bom em contar histórias. Ele fugiu. Por favor, não me derreta.



- Bom, ele era muito irritante mesmo... - disse Luke, deitando-se despreocupado na cama.



- Ele levou o seu landspeeder.



- O QUÊ???



Luke ergueu-se num salto, pegou seus binóculos e correu para a frente da casa. Vasculhou a área e não conseguiu encontrar o pequeno robô. C3P-O aproximou-se:



- Vamos atrás dele, mestre Luke?



- Não agora à noite. É muito perigoso, com o Povo da Areia andando por aí. Vamos esperar até amanhecer.



- Mas ainda há quatro sóis no céu!



- Explique isso pro meu tio. Vamos entrar. Sairemos bem cedo.
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 19:45




III


Luke e C3P-O estavam caminhando há horas, debaixo do impiedoso calor do deserto. De vez em quando, Luke subia em uma duna e perscrutava a região com seus binóculos. Andaram mais algumas dezenas de quilômetros. As juntas de C3P-O começaram a ranger e Luke, vencido pelo cansaço, desmaiou nas areias quentes.



Quando voltou a si, estava deitado em uma cama confortável, dentro de uma caverna acolhedora. Alguém passava um lenço molhado em sua cabeça. Luke olhou para seu salvador e recuou, horrorizado:



- Ben Kenobi!



- Calma, jovem Luke. Você passou por maus bocados.



- Não toque em mim! Tio Owen me avisou sobre você!



- E o que ele disse?



- Que você era... hum... um pouco... excêntrico.



- Não se preocupe, você é velho demais pro meu gosto. Mas o que você fazia andando a esmo pelo deserto?



- Eu estava procurando uma unidade R2 que havia roubado o meu...



- Seria aquela? - disse Ben, apontando para R2-D2, encostado na parede oposta, ao lado de C3P-O.



- Ei, é esse aí! Então ele veio direto até você, o que significa... que você é Obi-Wan Kenobi!



- Na verdade, uns Jawas passaram por aqui me oferecendo um landspeeder. A unidade R2 era um brinde.



- Ah... Bom, você conhece algum Obi-Wan Kenobi? É algum parente seu?



- Obi-Wan... Este é um nome que há muito tempo não ouço.



- Meu tio disse que ele não existe.



- Oh, ele existe sim. Eu sou ele e ele é eu.



- Isso não é um pouco esquizofrênico?



- Obi-Wan era um apelido meu. Mas por que quer saber sobre isso?



- A unidade R2 tem uma mensagem para um Obi-Wan. O robô é seu, não é? É um tipo de secretária eletrônica?



- Na verdade, eu só queria o landspeeder, mas o Jawa insistiu...



- Não, eu quero dizer, ele já foi seu antes.



- Eu jamais tive um R2. Os ruídos deles me dão dores de cabeça. Mas você deve estar faminto, vamos almoçar.







Mais tarde, após o almoço...







- Então tio Owen mentiu? - perguntou Luke, limpando os dentes com um fio-dental, sentado a mesa em frente a Ben - Eu realmente tive um pai?



- Claro que teve. Seu tio não queria que você seguisse o exemplo dele e escondeu a verdade todos esses anos.



- Mas por quê?



- Porque seu pai era um cavaleiro Jedi, e morreu por isso - Ben assumiu um ar introspectivo - Sempre sentirei a falta dele.



- Gostava muito dele, não é?



- Sim. Ele era um ótimo piloto. E um grande amigo. E me devia uma grana. O que me lembra...



Quando Ben se afastou, C3P-O virou-se para Luke:



- Senhor, esta conversa está ficando muito maçante até mesmo para um andróide. Com sua licença, irei me desligar.



Ben estava mexendo em uma caixa cheia de bugigangas e retirou algo parecido com um bastão, entregando-o a Luke.



- Tome.



- O que é isso?



- O sabre de luz de seu pai. Ele deixou comigo, como garantia de pagamento.



Luke apertou um botão e um facho de luz de meio metro saiu do bastão, como luz sólida. Ben explicou:



- É a arma de um cavaleiro Jedi. Uma arma elegante para dias mais civilizados. E ajuda bastante quando falta luz.



Luke brandiu o sabre para os lados, cortando um abajur ao meio. Envergonhado, rapidamente desligou a arma e perguntou:



- Como meu pai morreu?



- Um jovem Jedi chamado Darth Vader, que era um aluno meu até se virar para o mal, ajudou o Império a caçar e destruir os cavaleiros Jedis.


- Você era um professor tão ruim assim?



Ben ignorou a pergunta e continuou:



- Ele traiu e assassinou seu pai. Agora todos os Jedis estão extintos.



- Mas você não é um cavaleiro Jedi?



- SSSSHHHH!!! - disse Ben, correndo para trancar a janela - Fale baixo! Se algum espião imperial ouve isso, eu sou um homem morto!



Após um momento de silêncio, Ben caminhou até R2-D2, arrastando-o para o meio da sala:



- Muito bem, pequenino, pode passar a mensagem.



R2 permaneceu imóvel. Luke chegou perto:



- Da última vez, eu usei um abridor de lata. Ficava repetindo a mesma coisa o tempo todo.



- Então ele só precisa de um incentivo maior - dizendo isso, Ben pegou sua caixa de ferramentas e retirou uma chave inglesa. R2 imediatamente começou a passar a mensagem:



- General Kenobi - disse a jovem holográfica - Anos atrás você ajudou meu pai nas Guerras Clônicas. Agora ele pede novamente sua ajuda para lutar contra o Império. Ele até oferece dinheiro, se for necessário. Coloquei informações vitais para a sobrevivência da Rebelião na memória desta unidade R2. Sim, eu sei que foi uma besteira, mas meu pai saberá recuperar os dados. Você precisa levar este andróide para Alderaan. Este é o nosso momento mais desesperado.



- O meu também - disse Luke, os olhos vidrados na jovem, os hormônios em ebulição.



- Ajude-me, Obi-Wan Kenobi, você é a minha única esperança - com estas palavras, o holograma voltou ao início da gravação e começou a repetir a mesma ladainha.



- Que droga, eu pensei que ela ia tirar a roupa...



Ben virou-se para Luke:



- Venha comigo para Alderaan. Você precisa aprender os caminhos da Força.



- A Força? O que é isso?



- A Força é o que dá o poder a um Jedi. É um campo de energia criado por todas as coisas vivas. Ela une a galáxia, nos cerca e nos penetra.



Luke levantou-se num salto, andando apressado até a porta:



- Olha, eu não posso ir para Alderaan, meu tio não gosta nem quando eu vou à praia. E além disso, esse papo de uma coisa me penetrando com força é muito estranho...



- Luke, eu preciso de sua ajuda.



Luke não demonstrou interesse. Ben apontou para a jovem holográfica:



- Ela precisa de sua ajuda.



Luke ficou mais interessado:



- Tudo bem. Mas eu tenho que passar em casa pra pegar algumas roupas.



- Eu levo você no meu landspeeder.



Ben levou Luke e os andróides até sua garagem, onde estava um velho landspeeder flutuante.



- Puxa - exclamou Luke - Seu landspeeder é idêntico ao que eu tinha! Olha, até a placa tem escrito "Luke". Quanta coincidência!



Os quatro embarcaram rumo a residência dos Lars.
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 19:54




IV


À medida que avançavam, o cheiro de queimado aumentava. Quando estavam a pouco quilômetros da casa de Luke, entraram em uma área do deserto totalmente negra, chamuscada por explosões, cheia de estilhaços de vidro. Quando chegaram à residência dos Lars, só restava no lugar da casa uma imensa cratera fumegante e dois pares de sapatos. Luke desceu do landspeeder e correu até os sapatos, virando-os e derramando as cinzas de seu interior. Na sola dos sapatos havia etiquetas; em um par estava escrito "Tio Owen" e no outro "Tia Beru". Luke ficou perplexo.



- Povo da Areia... - balbuciou.



- Não, Luke - disse Ben, agachando-se - Olhe estas pegadas. O Povo da Areia não anda, se arrasta. Lembre das dezenas de quilômetros de deserto queimado que atravessamos, apesar do alvo ser apenas a sua casa. Só os soldados do Império são tão imprecisos.



- Mas por que o Império mataria meus tios? Não que eu esteja reclamando...



- Luke, você não vê? Eles estavam procurando os andróides! Temos que partir agora!



- Bom, minhas roupas viraram carvão, mesmo... Vamos lá!... Eh... pra onde?



- Para o espaçoporto de Mos Eisley. Você nunca achará uma colméia mais miserável de escória e vilania. O lugar perfeito para alugarmos uma nave que nos leve a Alderaan.







Algumas horas depois...






Luke e Ben estavam a beira de um precipício, olhando um mapa do planeta Tatooine, aberto sobre o landspeeder.



- Eu disse para virarmos a esquerda - resmungou Luke.



- Droga. Tenho certeza que é em algum lugar nesta área laranja.



- Este é um planeta-deserto. Tudo está marcado em laranja.



- Com licença - interrompeu C3P-O, apontando um local no mapa - mas não seria aqui, neste minúsculo quadrado branco?



- Que quadrado?



- Este aqui, onde está escrito: "colméia miserável de escória e vilania".



Alguns minutos depois, os quatro adentravam o Espaçoporto de Mos Eisley. As ruas estavam lotadas de pedestres dos quatro cantos da galáxia (bom, de pelo menos uns dois...). O tráfego era intenso e quase não havia lugar para estacionar. Mais adiante estava um posto de guarda do Império.



- Imperiais! - exclamou Luke - É isso aí, está tudo perdido. É melhor desistirmos. Dê meia-volta, Ben.


- Não tão rápido, jovem Luke. Olhe e aprenda.



Ben dirigiu o landspeeder até a entrada do posto e parou. Um soldado imperial aproximou-se de arma em punho:



- Deixe-me ver sua identificação.



Ben fez um gesto com a mão, respondendo num tom de voz muito controlado:



- Não precisa ver sua identificação.



- Quem disse que não precisa? Saia do carro, agora!



Enquanto Ben estava sendo revistado, Luke e os andróides saíram do landspeeder, que foi rebocado por um caminhão-guincho da prefeitura. Ben foi liberado pelo soldado e aproximou-se de Luke, visivelmente aborrecido:



- Confiscaram minha habilitação e tive que pagar uma multa violenta por desacato. E vou ter que pagar outra multa pra liberar o meu carro!



- Não vamos mais precisar dele, mesmo. Vamos logo alugar uma nave e dar o fora daqui.



Os dois avistaram um bar, o "Vômito de Bantha". Havia um aviso do lado da entrada: "Proibido a entrada de andróides e humanos com mãos metálicas".



- Que tipo de idiota usaria uma mão metálica? - disse Luke, rindo - C3P-O, você e o R2 ficam aqui fora. Não queremos encrenca.



- Concordo plenamente, mestre Luke.



- Ah, e vê se dessa vez não deixa o baixote fugir.



Luke e Ben entraram no bar. A variedade da fauna galáctica que enchia o lugar era indescritível. Havia seres de todos os tamanhos e cores, arenosos, pastosos, vítreos, aquáticos.



Ben começou a se enturmar enquanto Luke dirigiu-se ao bar, pronto para pedir a primeiríssima bebida alcoólica de sua vida. Mal sentou num dos banquinhos do balcão quando um tentáculo grudento pousou em seu ombro. Luke virou-se e viu um polvo gigante sorrindo para ele. Luke pediu licença e sentou mais longe. Um humano (ou quase isso) aproximou-se, apontando para o polvo:



- Ele gosta de você.



- Sinto muito, ele não é o meu tipo.



- Eu também gosto de você.



- Olha, eu não sou chegado nesse tipo de coisa.



- Não se preocupe, eu uso camisinha.



Ben interrompeu a conversa:



- Não chegue perto do garoto, ele é meu.



- Eu vi primeiro! - gritou o quase-humano pulando sobre Ben, que se esquivou, acionando o sabre de luz e decapitando o agressor, e cortando seus braços e pernas, até sobrar apenas uma pasta grudenta de sangue e bílis.



Luke, coberto de vísceras, perguntou enojado:



- Isso era realmente necessário?



- Desculpe. Ainda estou chateado por ter perdido o carro. Venha, consegui uma nave.



Ben entregou uma toalha a Luke e o levou até uma mesa no canto do bar, onde um tapete estava jogado sobre uma cadeira. Ao chegar mais perto, Luke percebeu que o tapete era na verdade um Wookie, uma criatura meio-cão, meio-homem. Ben apontou para a criatura:



- Este é Chewbacca, primeiro-imediato em uma nave que pode nos servir.



Luke e Ben sentaram a mesa ao mesmo tempo em que se aproximava um homem alto, bonitão, usando chapéu e jaqueta de couro, com um chicote amarrado na cintura. Sentou-se e se apresentou:



- Han Solo. Sou o capitão da Millennium Falcon. Chewie me disse que vocês querem ir para Alderaan.



- Se for uma nave veloz... - disse Ben.



- Uma nave veloz? Já ouviram falar da Millennium Falcon?



- Não.



- Graças a Deus... - murmurou Solo, baixando a cabeça, mas logo depois continuando com voz confiante - Esta nave é tão veloz que ganha de qualquer outra ficando parada.



- É uma frase um pouco ambígua...



- Você entende o que eu quero dizer. Qual é a carga?



- Só eu, o garoto, dois andróides. E nenhuma pergunta.



- Nenhuma?



- Nem mesmo essa.


- Feito. Meu preço é dez mil.



- Dez mil? - exclamou Luke - Podemos ir de táxi por esse preço!



- Eu não conheço nenhum motorista de táxi que não faça perguntas, garoto.



Ben fez um sinal para Luke se acalmar e virou-se para Han:



- Pagamos dois mil agora... e mais quinze quando chegarmos a Alderaan.



- Vocês acabam de conseguir sua nave. Partiremos quando quiserem. Encontrem-nos na doca 94.



Com estas palavras, Han e Chewbacca levantaram-se e saíram do bar. Luke estava agitado:



- Dezessete mil? Ficou louco, Ben?



- Eu não disse dezessete mil. Eu disse dois mil agora e mais quinze depois. Isso dá dois mil e quinze.



- Aaahh... saquei. Então vamos logo!



- Só há um problema... Eu gastei tudo pagando a multa por desacato. Estamos sem dinheiro.



- E agora, o que faremos?



- Bom, estamos num porto... Deve estar cheio de marinheiros por aqui... Você é jovem e simpático...



Luke sentiu as pernas bambas.



Duas horas depois, Luke e Ben saíram do bar segurando um maço de notas. Ben pôs a mão no ombro de Luke, consolando-o:



- Viu? Não foi tão ruim assim...



Luke, extremamente envergonhado e andando com dificuldade, apenas resmungou em resposta. Chegaram a doca 94. Chewbacca já os esperava na porta. O Wookie os levou até a plataforma de decolagem, onde uma nave estava pousada. Era completamente circular, com a cabine de piloto destacada do corpo da nave e um canhão bem no meio, e lembrava bastante uma tartaruga. Luke ficou perplexo:



- Mas isto é uma lata velha! - exclamou Luke.



- Essa não! - disse Ben.



- Minha nossa. Vocês ainda não pagaram a ele, pagaram? - perguntou C3P-O.



- Faz ponto cinco além da velocidade da luz - disse Han Solo, saindo de dentro da nave - Eu mesmo fiz algumas modificações especiais. Olhem.



- O que? - perguntou Ben.



- Ali - disse Han apontando para uma antena parabólica - Pega MTV, HBO, Sony...



Houve um ruído na traseira da nave e todos viram um pedaço de metal cair e ficar pendurado por um fio soltando fagulhas.



- Está caindo aos pedaços - falou Luke.



- Não é ótimo? Vocês pareciam estar com tanta pressa que resolvi aliviar o peso.



Luke e Ben se entreolharam e entraram na nave, acompanhados pelos andróides e Chewbacca.



Do lado de fora da doca, um grupo de soldados imperiais vasculhava o local procurando pelos rebeldes. O líder aproximou-se da porta e a empurrou.



- Droga! Está trancada também! Vamos experimentar aquela outra.



- Com licença, senhor - adiantou-se um dos soldados - Mas já experimentou rodar a maçaneta?



O líder voltou-se para ele, furioso:



- Quem você pensa que é para me dar ordens, soldado? Você, um mero recruta, acha que é mais esperto do que eu, um... eh... (o líder olhou para suas próprias divisas no ombro) tenente!



- Sargento, senhor.



- Agora chega! - o sargento puxou sua arma e disparou contra o recruta, atingindo o soldado ao lado dele. O recruta rapidamente abriu a porta e entrou na doca.



- Atrás dele, homens! - gritou o sargento, e o esquadrão entrou na doca 94.



Han Solo estava tentando colar o pedaço que caiu com fita crepe e barbante, quando ouviu barulho de tiros. Virou-se e viu os soldados imperiais entrando. O líder, ao ver Solo, interrompeu a perseguição ao recruta e gritou, apontando para a Millennium Falcon:



- Lá estão eles! Atirem!!!



Han largou o pedaço de metal e entrou correndo na nave, fechando a porta. Os soldados apontaram suas armas e começaram a disparar. Atiraram no chão. Atiraram nas paredes. Atiraram uns nos outros. A Millennium Falcon decolou sem um único arranhão, saindo da atmosfera de Tatooine em poucos segundos.



Han ligou o computador, que iniciou os cálculos para poder fazer o salto no hiperespaço. Virou-se para seus passageiros:



- Isto vai demorar um pouco. Vocês gostam de feijoada?
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 20:01




V


O sol estava nascendo por trás do hemisfério ocidental do planeta Alderaan quando a Estrela da Morte, a mastodôntica estação espacial do Império, penetrou em sua órbita. Perto dela, os Destróieres pareciam moscas varejeiras. A estação, esférica, tinha o tamanho de uma pequena lua e fora construída com material superfaturado por uma empresa-fantasma, numa concorrência fraudulenta.



No interior da estação, o governador imperial Grand Moff Tarkin observava o planeta através de uma grande janela. Atrás dele, uma longa fita vermelha cruzava a sala, amarrada entre duas colunas. Darth Vader e dois soldados imperiais entraram na sala escoltando a bela jovem de branco. Ela se dirigiu a Tarkin:



- Governador Tarkin, eu sabia que estaria aqui. Reconheci o seu mau hálito quando fui trazida a bordo.



- Insultando até o fim. Não sabe o alívio que foi assinar a sua ordem de execução.



- Estou surpresa que tenha tido coragem para isso.



- Não tive. Assinei o nome de Vader.



- Ora, seu... - disse Vader.



- Cuidado, Lorde Vader. Ainda não me decidi se deixarei você ficar com o corpo dela.



- Desculpe, chefe.



- Princesa Leia, antes de sua execução gostaria que fosse minha convidada na cerimônia que tornará operacional esta estação de combate.



Tarkin pegou uma tesoura e cortou a fita vermelha. Imediatamente, uma banda começou a tocar e uma garrafa de vinho foi jogada, destruindo um dos painéis de controle.



- Quanto mais sistemas estelares aperta - falou Leia - mais você se parece com o frouxo que é.



- De certa maneira, você escolheu o planeta que será destruído primeiro. Já que você resistiu às nossas torturas, às cócegas nos pés, às novelas mexicanas e aos discos de duplas sertanejas e ainda assim não revelou a localização da base rebelde, então testaremos o poder destrutivo desta estação... em seu planeta natal de Alderaan.



- Não! Alderaan é um planeta pacífico e ingênuo. Ainda acreditamos em Papai Noel!



- Prefere um outro alvo? Um alvo militar? Então diga o sistema.



- Huumm... que tal Coruscant?



- Viu, Lorde Vader, eu sabia que ela podia ser... Como é que é? Coruscant, a capital do Império?



- É, nós achamos que seria o último lugar aonde vocês iriam procurar...



- Acha que sou idiota? Se isso fosse verdade, acha que o Imperador não iria notar?



- O Imperador está de férias.



- Isso é um absurdo! Eu não posso destruir a sede imperial!



- Que pena. Eu pensava que esta estação tivesse um poder de fogo formidável. Acho que me enganei...



- Ah, você acha, é? Veremos! Marquem curso para Coruscant! Vamos mostrar umas coisinhas para a Princesa aqui! Ela vai aprender a não...



Vader aproximou-se de Tarkin e cochichou algo em seu ouvido. O governador murmurou algo sobre não ser estúpido e ordenou a um oficial que colocasse uma fita em um videocassete. A TV começou a exibir um capítulo de "Chiquititas". A Princesa Leia gritou, caindo no chão, tapando os ouvidos:



- Nããããããããoooooo!!! Está bem, está bem, eu conto! Eles estão em Dantooine!



Tarkin fez um sinal para desligarem a TV e, gentilmente, colocou a Princesa em pé:



- Viu? Não se sente melhor agora? - deu um beijo no rosto dela - Isto é por ter sido uma boa menina.



Virou-se e apertou um grande botão vermelho no painel principal. Um raio luminoso imenso saiu da Estrela da Morte e atingiu Alderaan, explodindo o planeta em zilhões de pedaços faiscantes.



- E isto foi por ter mentido pra mim.






A Millennium Falcon viajava velozmente pelo hiperespaço em direção a Alderaan. Enquanto Chewbacca catava seus piolhos e Han admirava-se no espelho do banheiro, Luke praticava o sabre de luz com um pequeno andróide-bola flutuante no compartimento de carga, observado por Ben. Subitamente, o velho Jedi soltou um grito lancinante, caindo de cabeça no chão, tremendo e babando. Luke desligou o sabre e ajudou Ben a se recompor:



- Está se sentindo bem, Ben?



- Senti um grande distúrbio na Força... como se milhões de vozes gritassem de terror e fossem subitamente silenciadas. Sinto que algo terrível aconteceu.



- Nossa!



- Bom, pode ter sido a feijoada também... Continue praticando, Luke.



Luke religou o sabre de luz, esperando o ataque do andróide-bola, que dançava a sua frente de um lado para o outro. Após alguns segundos, o robô flutuante disparou uma pequena rajada no meio das pernas de Luke, que largou o sabre, caindo de joelhos e segurando a região atingida com ambas as mãos:



- Aaaaiii!!! Eu odeio quando isso acontece!



- Lembre-se - disse Ben - um Jedi pode sentir a Força dentro dele.



- Lá vem você com essa conversa esquisita de novo.



- Eu sugiro que tente de novo, Luke. Mas desta vez - Ben pegou um saco de papel e colocou na cabeça de Luke - ignore sua consciência e aja por instinto.



- Com esse saco na minha cabeça, eu não consigo ver nada.



- Seus olhos podem enganá-lo. Não confie neles.



Luke resmungou algo e tornou a acionar o sabre de luz. O andróide-bola reiniciou sua dança e disparou outra rajada no meio das pernas de Luke, que caiu de joelhos novamente. A cena se repetiu nas dez tentativas seguintes. Luke mal conseguia se levantar.



- Ben, eu acho que isso não vai funcionar - disse, num fio de voz - Lutar com um saco na cabeça é a maior roubada.



- Viu? Já está ficando mais esperto. Deu seu primeiro passo para um mundo mais amplo.



Uma luz começou a piscar no painel da parede oposta. Ouviu-se a voz de Han pelos alto-falantes:



- Estamos saindo do hiperespaço e entrando na órbita de Alderaan. Sentem-se e amarrem-se nas poltronas. Agradecemos a preferência e espero que voem novamente pela Viação Espacial Coreliana. Obrigado.



Subitamente, a nave começou a sacudir freneticamente, como um liqüidificador. Luke e Ben correram para a cabine do piloto e viram, através da janela, vários asteróides pequenos chocando-se contra o casco. Han Solo falou, agitado:



- Oh, não! Isso vai acabar com a pintura!



- Onde nós estamos? - perguntou Luke.



- Eu não sei, garoto! Deveríamos estar chegando a Alderaan, mas saímos no meio de um campo de asteróides.



Chewbacca latiu algumas palavras, concordando. Han virou-se para Ben:



- Bom, cumpri minha parte. Cadê meu dinheiro?



- O trato era nos levar até Alderaan. Eu não estou vendo Alderaan, você está?



Luke apontou para algo além do campo de asteróides:



- Olhem! Lá está Alderaan!



Han desviou a nave dos asteróides e virou na direção apontada por Luke. Encostou-se na poltrona, com as mãos atrás da cabeça, com ar vitorioso:



- Acho que isso responde a sua pergunta, não é, velhote?



Ben franziu a testa, aproximando-se da janela:



- Aquilo é Alderaan?



- Eu pensei que fosse bem maior... - comentou Luke.



- E menos... metálico.



Han voltou-se para eles:



- Ei, estética não me interessa. Eu quero o meu dinheiro, e quero ago...



A Millennium Falcon foi sacudida violentamente e começou a ser puxada na direção de "Alderaan". Ben deu um tapa na cabeça de Han:



- Aquilo não é um planeta, é uma estação espacial.



- Uma estação espacial desse tamanho? Pra que?



- Dê meia volta agora, seu idiota!



Han pisou no freio e engatou a marcha-a-ré. A nave continuava indo em direção a Estrela da Morte. Um cheiro de queimado invadiu a sala.



- Droga! Minhas pastilhas novinhas! Chewie, desligue tudo! - Han virou-se para Ben: - Tarde demais, velhote, fomos pegos por um raio-trator.



- Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Nós vamos morrer!!! - gritou Luke, descontrolado. Ben o segurou pelos ombros e o esbofeteou várias vezes:



- Controle-se! Eu tive uma idéia.



A nave pirata, puxada pelo poderoso raio-trator, foi arrastada para uma doca dentro da estação espacial e forçada a pousar em um imenso hangar. Trinta soldados imperiais aproximaram-se, cercando a nave. Darth Vader desceu de um elevador e caminhou até o líder do pelotão:



- Eu quero cada parte desta nave vasculhada. Não me importo se tiverem que desmontá-la, ache os tripulantes! - Vader deu meia-volta em direção ao elevador e parou por um instante, cheirando o ar - Sinto algo... Um cheiro que não sinto desde... - entrou no elevador e deixou o hangar.


- Muito bem, homens - disse o líder do pelotão - vocês ouviram o chefe! Vamos passar um pente fino nesta lata-velha!



Os trinta soldados enfileiraram-se para entrar na nave. O líder empurrou a porta:



- Droga! Trancada. Vamos informar Lorde Vader.



Os trinta soldados saíram do hangar, sempre em fila indiana.



Dentro da nave, Han, Ben, Luke e Chewbacca estavam encostados contra a porta. Han virou-se para Ben:



- Brilhante idéia, velhote. E agora, como sairemos daqui? O raio-trator ainda está ligado.



- Deixe isso comigo.



- Eu sabia que você ia dizer isso...



- Quem é mais tolo? O tolo ou o tolo que o segue?



- Ei, garoto, ele está falando de você.



- Esta nave tem telefone?



- Claro, ali na parede.



- E agora, meu pequeno neurastênico - disse Ben para R2-D2 - localize os controles do raio-trator.



Um painel se abriu na cabeça de R2, de onde saiu uma tomada e um dedo indicador imenso. A tomada foi conectada na linha telefônica enquanto o dedo discou um número no aparelho. Logo em seguida ouviu-se o ruído característico de um modem se conectando. Um pequeno monitor surgiu na lateral do pequeno andróide, com a mensagem: "Modem conectado - 28.800 bps". Ben usou uma das lentes de R2 como trackball. Foi acessando arquivos atrás de arquivos, entrando em diretórios e subdiretórios até encontrar o que queria: "C:\ESTMORTE\SEGURANC\RAIOTRAT". Tentou ativar a opção "desligado" mas o programa pediu uma senha. Entrou em outro arquivo onde estavam armazenadas as plantas da estação espacial, localizou a que mostrava os controles do raio-trator e apertou CTRL+P. Um papel começou a sair por uma ranhura de R2. Ben rasgou o papel no picote e virou-se para Luke:



- Os controles terão que ser desligados manualmente. Eu faço isso.



- Eu vou com você - disse Luke.



- Não se preocupe, ficarei bem.



- Não estou preocupado. É que eu não aguento mais o cheiro do Chewbacca.



- Seja paciente - Ben abriu a porta e olhou bem nos olhos de Luke - A Força estará com você. Sempre. Menos o sabre de luz, vou precisar dele. Obrigado - Puxou o sabre das mãos de Luke e desceu a rampa da Millennium Falcon.



Nesse instante, R2-D2 começou a emitir bips histéricos. Han tapou os ouvidos:



- Alguém faça ele parar ou eu juro que atiro nele!



- O que será que ele quer? - perguntou Luke.



- Olhe, mestre Luke - falou C3P-O, apontando para o monitor de R2.



Na tela surgiu a imagem da mesma jovem de branco que estava na mensagem holográfica para Obi-Wan Kenobi. Luke quase pulou de alegria:



- É ela! Ela está aqui!



- Quem é ela? - perguntou Han.



- Ben me disse que o nome dela é Leia, e é uma princesa!



- Segundo estes dados - C3P-O apontou para o monitor - ela está no nível 5, bloco de detenção 23. Ela está marcada para morrer.



- Grande coisa, eu também - resmungou Han - Se eu não pagar ao Jabba até amanhã, sou um homem morto. E por falar nisso, ainda não recebi o meu dinheiro...



- Não olhe pra mim, Ben é quem guarda a grana - desculpou-se Luke.



- Então vamos atrás dele!



- Tive uma idéia melhor. Vamos atrás da princesa!



- Por quê? Vocês é que queriam ir a Alderaan.



- Ora, ela é da realeza. Deve ter dinheiro de sobra.



- Hum... Tem razão, garoto. Mudança de planos: Vamos salvar a patricinha!
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 20:08




VI


Os trinta soldados imperiais retornaram para o hangar. O líder parecia extremamente envergonhado. Aproximou-se da entrada da Millennium Falcon e desta vez girou a maçaneta, abrindo a porta. Todos os soldados começaram a entrar. Quando a maioria já estava dentro da nave, Han Solo e Luke, até esse momento escondidos atrás da antena parabólica, desceram do telhado da Millennium Falcon e agarraram os dois últimos da fila, puxando-os para trás de alguns caixotes que estavam jogados pelo hangar. Chewbacca e os dois andróides também desceram, correndo rapidamente para a porta da nave, trancando-a pelo lado de fora.



Han e Luke surgiram por detrás dos caixotes, vestindo os uniformes dos dois soldados.



- Muito bem, garoto, como vamos chegar até o nível cinco?



- Eu tive uma idéia - disse Luke, retirando um vestido rosa com bolinhas brancas e um lacinho de dentro de um dos caixotes. Estendeu o vestido para Chewbacca: - Vista isso.



O Wookie pegou Luke pelo pescoço, sacudindo-o como uma boneca. Han acalmou seu parceiro:



- Calma, Chewie, eu acho que sei qual é o plano dele. Faça o que ele diz.



Chewbacca largou Luke no chão, com um latido de desculpas. Os andróides se aproximaram. C3P-O perguntou a Luke:



- E nós, mestre Luke, o que faremos?



- Eu não sei... O que você sabe fazer?



- Nada, realmente. Posso falar em binário?



- Excelente. Só espero que os imperiais entendam quando você implorar por misericórdia.



Cinco minutos depois Han e Luke andavam pelos corredores da estação, escoltando um mais do que envergonhado Chewbacca até o nível 5. Em outro ponto da Estrela da Morte, Ben Kenobi esgueirava-se de parede em parede, olhando de vez em quando para seu mapa impresso, tentando localizar a sala onde estavam os controles do raio-trator. Não muito longe dali, Darth Vader caminhava apressado, quando parou, farejou o ar por um instante, e retomou a caminhada.



Seis horas depois (a estação era imensa) Han, Luke e o terrivelmente embaraçado Chewbacca chegaram ao nível 5. Um oficial veio até eles:



- Aonde vocês estão levando esta... coisa?



- Visita para a Princesa Leia - respondeu Han - É a mãe dela.



- Não imaginava que a Rainha fosse tão peluda.



Chewbacca pulou sobre o oficial, apertando a garganta dele com ambas as mãos.



- Viu o que você fez? Magoou os sentimentos dela!



O oficial desmaiou, um olho girando na órbita, o outro saltando. Luke vasculhou os bolsos dele e retirou uma chave. Correu até o bloco 23 e abriu a porta da cela. A Princesa Leia estava deitada na cama, dormindo numa pose sensualíssima. Luke começou a babar. A Princesa acordou, espreguiçando-se como uma gata, e notou o jovem tremendo a sua frente:



- Você não é esperto demais para um soldado imperial?



- Dã?...



- Eu acho que não...



- O que? Ah, meu nome é Luke Skywalker, e vim salvá-la!



- Claro, claro... Olhe, garoto - Leia tirou umas moedas do bolso - Pegue isto, vá comprar sorvete e me deixe em paz, está bem?



- Eu trouxe Ben Kenobi!



- Obi-Wan Kenobi? Onde ele está?



- Só conto se você me der um beijo.



- E se eu te der um murro, você conta?



- Luke! - Era a voz de Han, vinda do corredor.



Luke saiu da cela, seguido por Leia. Han e Chewbacca vieram ao encontro deles:



- Temos companhia - disse Han - Um alarme disparou quando você abriu a cela. Um pelotão inteiro de imperiais está nos esperando do lado de fora.



- Então, o que vocês farão? - perguntou Leia.



- Não olhe pra mim, benzinho, ele é o cérebro - Han apontou para Luke.



- E você, o que faz?



- Mais tarde eu lhe mostro - falou o mercenário, passando a mão no cabelo e piscando para a Princesa.



Uma rajada de laser passou raspando pela cabeça de Han. Todos encostaram-se contra a parede. O pelotão de soldados imperiais estava na entrada do bloco, atirando a esmo. Han e Chewbacca respondiam ao fogo, enquanto Luke botava as mãos na cabeça, arrancando fios de cabelo:



- Estamos mortos! Estamos mortos!!!



Leia esbofeteou o rosto dele várias vezes:



- Você chama isto de salvamento? Me dá essa arma!



A Princesa puxou a arma das mãos de Luke, atirando na parede e fazendo um grande buraco.



- Sigam-me! - disse ela puxando Luke pelo pescoço.



- Por quê? - perguntou Han - Vamos ficar aqui mesmo. Eles nunca vão nos acertar mesmo.



- Bom, eles podem mirar em mim e acertar em você! - gritou a Princesa, mergulhando no buraco com Luke.



- Chewie, siga a moça!



Chewbacca vacilava, até que Solo o convenceu dando-lhe um chute na bunda. Logo em seguida, após disparar mais algumas vezes, Han deu uma cambalhota tripla com meia pirueta e mergulhou no buraco.



Os quatro aterrissaram na gigantesca fossa imperial, sobre toneladas e mais toneladas de excremento. Metade do imenso compartimento estava tomado por fezes. O cheiro era inacreditável. Enquanto a Princesa se limpava, Luke e Chewbacca puxavam os pés de Solo, que aterrissara de cabeça, enterrando-se até os joelhos. Com algum esforço, o mercenário foi retirado, cuspindo estrume. Han voltou-se para Leia, sarcástico:



- Grande idéia, alteza! Que sabor maravilhoso você descobriu! Vamos dar o fora daqui! Saiam da frente! - gritou Han, sacando sua pistola e disparando na parede.



- Não! Espere! Isto aqui está cheio de metano!



O aviso veio tarde demais. O laser incendiou o ar, e o fogo alastrou-se rapidamente pelo gás em excesso no ambiente. Uma explosão derrubou uma parede inteira da fossa, jogando nossos heróis trezentos metros adiante.






Ben chegou a uma ponte sobre um abismo, no meio da qual estavam os controles do raio-trator. Dois soldados imperiais estavam lá, guardando o mecanismo. Ben caminhou despreocupadamente até eles, com as mãos nas costas e assobiando. Os dois soldados apontaram suas armas:



- Pare! O que está fazendo aqui?



- Eu? Só estava passeando, admirando a paisagem... Ei! Olhem ali! É a Sharon Stone!



- Aonde? Aonde?



Os dois soldados viraram-se para olhar e Ben os empurrou no abismo. Aproximou-se dos controles (na verdade, um único interruptor) e desligou o raio-trator. Começou a fazer o caminho de volta até o hangar.







Luke recobrou os sentidos. Leia e Han já estavam em pé, limpando-se com toalhas de papel.



- Estão todos bens? Ainda bem que aterrissei em algo macio.



- Você aterrissou em cima do Chewbacca, garoto, e recomendo que saia logo daí antes que ele acorde, a menos que queira ficar sem o braço.



Luke rapidamente levantou-se, começando a limpar-se também. Leia reclamava sem parar:



- Meu cabelo! Esse cheiro não vai sair nunca! E as minhas roupas? Vou ter que queimá-las quando chegarmos em Yavin! E tudo por culpa sua, seu imbecil! - completou, apontando para Han.



- Pelo menos saímos de lá, não foi? Garoto, acorde o Chewie, eu não quero estar aqui quando os imperiais chegarem.



Os quatro retomaram a caminhada e chegaram ao hangar onde repousava a Millennium Falcon. Leia olhou perplexa para a nave:



- Vocês vieram naquilo?



- Pode apostar - confirmou Han, orgulhoso.



- Mudei de idéia. Posso voltar para minha cela?






Ben alcançou o nível do hangar. Alguém já o esperava na porta de entrada. A sinistra figura de Darth Vader estava diante da porta, empunhando um sabre de luz:



- Eu estava esperando você, Obi-Wan. Encontramo-nos novamente, afinal. O círculo agora está completo.



- Você deve estar me confundindo com outra pessoa. Meu nome é... hum... Bond, James Bond.



- Não tente me enganar. Reconheceria esse seu desodorante barato em qualquer lugar.


Ben acionou seu sabre de luz.



- E você, reconhece isto também?



- Hum... não. Deveria?



- Este é o sabre de luz que você me deixou como garantia de pagamento das minhas aulas. Os anos passaram, você melhorou de vida, está num emprego concursado... Não acha que está na hora de saldar suas dívidas?



- Não sei do que você está falando. Este sabre pertence a alguém que está morto. Se quiser receber algo, recomendo que procure um médium. E além do mais, você era um péssimo professor. Sacos na cabeça... Francamente!



- Vader, você deve ser o caso de dupla personalidade mais grave de toda a história.


Vader partiu para cima de Ben, que esquivou-se com um drible de corpo. Os dois Jedis começaram a lutar com seus sabres. Vader investia violentamente, obrigando Obi-Wan a retroceder e subir as escadas de costas, defendendo-se com perícia dos golpes do Jedi Negro. De um salto, Ben subiu em cima de uma mesa. Vader tentou atingir suas pernas, mas Ben pulou por sobre seu sabre, agarrando o lustre no teto e deslizando até pousar ao lado da lareira. Vader desceu pelo corrimão e encurralou Obi-Wan no canto da parede. Os dois rivais encararam-se nos olhos, seus sabres cruzados diante de suas faces:



- Seus movimentos são lentos e cheios de clichês, velho.



- Não pode me derrotar, Darth. Se eu cair, torna-me-ei mais poderoso do que você pode imaginar.



- Tem certeza?



- Não. Mas você quer arriscar?







Chewbacca correu para a Millennium Falcon, rodando a chave na fechadura. Imediatamente, vinte e oito soldados imperiais caíram rolando por cima dele e pela rampa. O líder do pelotão levantou-se, apontando para Luke, Han e Leia:



- Lá estão eles! Atirem, homens!



Han apontou para a entrada do hangar, onde duas figuras lutavam:



- Ei, olhem: uma briga!



Os soldados rapidamente se levantaram e correram para lá, formando um círculo em torno dos dois Jedis, que continuavam a cruzar seus sabres incansavelmente. Em meio a torcida e aos gritos de incentivo, as apostas começaram:



- Eu aposto no velho senil!



- Eu aposto no grandão enrustido vestido de preto!



- Eu aposto que isso vai acabar mal!



Aproveitando a deixa, nossos heróis correram para a nave.



- Ei, esperem por nós! - gritou C3P-O, saindo de trás dos caixotes, seguido por R2-D2.



Luke parou, olhando para o aglomerado na entrada do hangar.



- Eu acho que conheço aquele cara... Ben! EI, BEN! BEEEEEEEEN!!!



Obi-Wan virou-se para olhar e viu Luke, acenando para ele. Desligou seu sabre e acenou em resposta. A coisa seguinte que Ben viu foi o seu estômago pintando a parede de vermelho. Caiu no chão e notou que suas pernas ainda permaneciam em pé. Viu Vader, aproximar-se, sorrindo, limpando seu sabre de luz com um lenço. Ben estava morto. Os soldados imperiais começaram a trocar notas e moedas entre si, comentando a luta.



- Nãããããããoooooo!!! - gritou Han, disparando contra Vader. Os tiros atingiram alguns soldados, que caíram por cima de Vader, protegendo-o da sanha assassina do mercenário.



Luke puxou Han para dentro da nave:



- Entre! Han, é tarde demais!



- E agora? Quem é que vai me pagar? - lamentou Solo.



Entraram na Millennium Falcon. Alguns segundos depois, a nave deixava a Estrela da Morte a toda velocidade. Han, enxugando uma lágrima, ordenou aos outros:



- Sentem-se. Vamos entrar no hiperespaço.



Na Estrela da Morte, Darth Vader entrou na sala de controle, sendo cumprimentado por todos:



- Parabéns!



- Bela luta!



- Sr. Vader, o que pretende fazer com o dinheiro do prêmio? - perguntou um repórter, segurando um microfone.



- Eu vou para a Disneylândia! - respondeu Vader, dando pulos de alegria, à medida que se aproximava da grande janela principal, de onde o governador Tarkin observava o espaço. Virou-se para Vader:



- Eles já foram?



- Acabaram de saltar no hiperespaço.



- Tem certeza que colocaram o transmissor? Estou assumindo um risco muito grande, Vader. É bom que isto funcione. E tire esse sorriso idiota da máscara!
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 20:15






VII



A Millennium Falcon alcançou o planeta Yavin e seguiu rumo à quarta lua. Leia, de pé e de braços cruzados, encarava Han fixamente. O mercenário, confortavelmente estirado em sua poltrona, esperando a nave chegar ao seu destino, percebeu o olhar insistente:


- Gostou do que viu, hein, Alteza? Material de primeira. Não posso culpá-la pelo interesse. Até mamãe me pediu em casamento.



- Deve ser um mal de família. Seus pais não eram irmãos? Isso explicaria muita coisa.



- Pode disfarçar a vontade, mas eu notei que você não tirou os olhos de mim desde que escapamos da Estrela da Morte.



- Não é nada do que está pensando. Só estou esperando você responder a minha pergunta.



- Que pergunta?



- Eu perguntei: Tem certeza de que deixar um propulsor pra trás é procedimento padrão quando se entra no hiperespaço?



- Ah... essa pergunta...



- Você deu umas respostas evasivas e ficou me enrolando, até olhar pro espelho e ficar admirando o próprio reflexo. Depois disso, parece que apagou.



- O que posso fazer? Sou irrestível demais até pra mim.



Leia ergueu os olhos, desistindo da conversa. Sentou-se em uma poltrona, divagando.



- Foi fácil demais...



- Quando eu estou no comando, Alteza, tudo parece fácil.



- Ah, é? E por que eles nos deixaram escapar?



- Ninguém deixou ninguém escapar. Saímos tão rápido que eles não tiveram tempo de reagir.



- É mesmo? Então acho que isso explica aquela imensa estação espacial bem atrás de nós - disse Leia, apontando para o retrovisor.



Han olhou e deu um salto na poltrona. Engatou a quinta marcha e pisou fundo no acelerador. Alguns minutos depois a nave pirata pousava em um templo na selva da quarta lua. Leia saiu, descendo apressadamente a rampa, e foi saudada pela comitiva rebelde, composta de soldados, pilotos e oficiais:


- Poderosa! Absoluta! Necessária! Vitaminada!



Leia aproximou-se de alguém na multidão:



- General Willard, vamos deixar as rasgações de seda para mais tarde. A Estrela da Morte está praticamente sobre nossas cabeças. Alguém permitiu que ela nos seguisse - Olhou furiosa para Han, apontando para ele: - Foi ele! Prendam-no! E o cachorro dele também!



Enquanto dois soldados rebeldes arrastavam um abobalhado Solo para a cadeia, e outros dois atraíam Chewbacca com um osso, Leia empurrou R2 na direção de Willard:



- Use a informação desta unidade R2 para planejar nossa ataque. É a nossa única esperança.



- Você adora essa frase, não é? - comentou Luke.



Cinco minutos mais tarde, após estudarem cuidadosamente os planos da Estrela da Morte (pelo menos o mais cuidadosamente que cinco minutos permitiam), a Princesa e os Generais voltaram para o pátio, onde os demais rebeldes aguardavam ansiosos.



- Muito bem - aproximou-se o General Dodonna, falando com a multidão - Todos os pilotos, façam um círculo em volta de mim - Uma pequena tela branca, montada sobre um tripé, foi estendida ao seu lado. R2 ficou em frente a ela e começou a projetar uma série de slides. O primeiro mostrava a Estrela da Morte.



- Esta - disse Dodonna - é a Estrela da Morte, a invencível estação de batalha imperial.



Ela tem um poder suficiente para destruir um planeta inteiro (mostrou-se um slide de Alderaan explodindo) e é armada com os mais potentes canhões do universo (um slide com os mais potentes canhões do universo). Mas nem tudo está perdido. A Princesa Leia (um slide da Princesa Leia usando biquini, numa pose bem descontraída)...



Os pilotos suspiraram. Luke perguntou se poderia ficar com a foto. O General continuou sua explicação:



- ... trouxe os planos da construção da estação (um slide mostrando um corte transversal da Estrela da Morte, apenas uma bola com um imenso túnel levando ao seu interior) e vocês podem perceber que... - Dodonna parou por uns instantes, e caiu de joelhos, as mãos esmurrando o chão - ... estamos perdidos! Nós vamos todos morrer!!!



- General Dodonna, olhe - disse o General Willard, apontando para o esquema - Se eu não estiver enganado, este túnel cercado por uma trincheira leva ao reator principal. Um tiro certo poderia iniciar uma reação em cadeia, que iria destruir a Estrela da Morte.



Dodonna levantou-se, a voz embargada:



- Não seja ingênuo, General! Só um idiota projetaria uma estação desse tamanho com um ponto fraco tão evidente.



- É o Império, não é?



Dodonna ficou parado, pensando. Em seguida seu rosto iluminou-se:



- Para suas naves, homens! E que a Força esteja com vocês!







A Estrela da Morte começou a orbitar o planeta Yavin. Na sala de controle, Tarkin e Vader olhavam o monitor do computador com interesse, apontando para quatro círculos na tela. Tarkin falou num tom irritado:



- Se ao menos tivessem usado um transmissor mais potente...



- É a política de contenção de gastos do Imperador. Gastamos tudo nesta estação.



- E agora? Sabemos que a base rebelde é em uma dessa luas, mas qual?



- Vamos ter que destruí-las uma a uma.



- Não vamos mais perder tempo. Vamos começar por aquela ali.







No hangar da base rebelde, lotado de caças espaciais, os pilotos preparavam-se para a batalha. Luke, C3P-O e R2-D2 aproximaram-se de um velho caça estelar, classe Asa-X. A equipe de vôo ainda estava terminando de raspar a ferrugem do casco, então Luke encostou-se na parede, esperando. Olhou para o lado e viu Han e Chewbacca preparando-se para embarcar na Millennium Falcon. Caminhou até eles:



- Então... Pagou sua fiança e já vai embora?



- É isso aí! Eu entrei nessa por dinheiro e saí no prejuízo - respondeu Han, sem se virar.



- O que é isso? Não percebe o que vai acontecer, o que vamos enfrentar? Por que é que você não dá uma olhada ao seu redor?



- Não posso - Han virou-se para Luke e apontou para o olho direito, semicerrado e completamente roxo - Levei uma surra na prisão. Cortesia de sua Alteza.



- Ora, você pode denunciá-la a Anistia Internacional, escrever um livro e ganhar muito dinheiro.



- De que adianta dinheiro se não pode vê-lo? Além disso, atacar aquela estação de batalha não é a minha idéia de coragem. Parece mais... suicídio.



- Bom, é, mas... Ora, esqueça! Pode ir! Isso! Vai embora! Acha que eu me importo? Bate a porta!



Luke voltou para seu caça, enxugando os olhos com a mão. Dois técnicos estavam em cima da nave, encaixando R2 atrás do cockpit do piloto. Discretamente, C3P-O chamou Luke para um canto:



- Mestre Luke, e se por acaso R2 sofrer um acidente durante a batalha... Um acidente muito grave como, por exemplo, ser completamente pulverizado...



- Você está querendo que eu...



- Não fale nada. Agora - entregou uma carteira para Luke - pode ter trezentos paus aí dentro... ou pode não ter... se é que o senhor me entende.



Antes que Luke respondesse, um brilho cegante invadiu o hangar. Todos olharam para cima e viram uma imensa bola de fogo no céu. A voz de Dodonna soou nos alto-falantes:



- A Estrela da Morte destruiu a primeira lua de Yavin. Temos mais alguns minutos antes que as baterias dela recarreguem. Não há mais tempo a perder. Partam agora e... boa sorte.



Luke entrou em seu caça e colocou seu capacete. Foi então que ouviu uma voz familiar:



- A Força estará com você, Luke.



- Ben!



- Não, aqui é a Leia, na torre de controle. Só estava testando seu headphone.



- Ah...



Os caças rebeldes decolaram lentamente e saíram do hangar. À medida que passavam pela torre de controle, eram saudados pela Princesa Leia, que jogava beijos e flores pela janela.



Os caças rebeldes, cerca de trinta, saíram da atmosfera da lua e começaram a se alinhar, cada caça cercado por dois companheiros de vôo. O líder vermelho ordenou pelo rádio:



- Todos os caças reportem-se.



- Vermelho Um a postos.



- Vermelho Dois a postos.



- Vermelho Três a postos.



- Vermelho Quatro a postos.



- ...



- Vermelho Cinco, você está aí? - perguntou o líder - Vermelho Cinco? LUKE, ONDE VOCÊ ESTÁ?


- Vermelho Cinco a postos - respondeu Luke - Desculpe, senhor, eu havia tirado o capacete. Minha cabeça estava doendo.



Antes que o líder mandasse Luke enfiar o capacete em outro lugar mais doloroso, outra explosão iluminou o espaço. A segunda lua havia sido destruída. Imediatamente, o líder vermelho ordenou o ataque. Todas as naves rebeldes partiram em direção a Estrela da Morte. Os potentes canhões da estação espacial começaram a disparar nos caças, errando todos os tiros. Os rebeldes atiraram no resistente casco da estação, mas os lasers eram tão eficientes quanto pistolas d'água. O líder vermelho ordenou:



- Localizem a trincheira que leva ao túnel! Só teremos chance se chegarmos lá.



Luke entrou em desespero:



- Que chance? Estamos mortos! Estamos todos mortos!!!



- Luke - era a voz de Leia pelo headphone - se você destruir a Estrela da Morte, eu dou aquele beijo que você pediu.



- De língua?



- Argh... Tudo bem, de língua.



Luke alterou-se totalmente. Sua voz soou confiante, dirigindo-se aos outros caças:



- Saiam da frente! Eu vou salvar a Rebelião!



O caça de Luke acelerou numa velocidade brutal, atropelando seus companheiros de vôo. Começou a disparar como um alucinado, atingindo grandes áreas da estação espacial (e alguns caças também). Dentro da Estrela da Morte, Darth Vader estava em seus aposentos, repousando. Um pedaço do reboco do teto caiu sobre sua máscara. Levantou-se, furioso, e apertou o botão do interfone:



- Mas que diabos está acontecendo aí?



- São os rebeldes, senhor. Estão atacando.



- E qual é o problema?



- Suas naves são tão pequenas que não conseguimos acertá-las.



- Vocês não acertariam mesmo que elas fossem do tamanho desta estação. Preparem minha nave. Eu mesmo vou lá fora destruí-las uma a uma - Vader desligou o interfone resmungando, enquanto calçava suas botas - Se você quer algo bem feito, faça você mesmo.



Luke continuava em seu ataque tresloucado. Os outros rebeldes não se aproximavam, com medo.



- Vermelho Dois, auxilie seu companheiro - ordenou o líder vermelho.



- Ficou louco? - respondeu Wedge Antilles - Eu não chego perto daquele cara nem por decreto!



A Estrela da Morte disparou contra a terceira lua. Luke virou-se para olhar e foi cegado pelo brilho. Tirou o capacete e esfregou os olhos, gritando:



- Tentando me pegar pelas costas, hein?



Deu meia-volta em seu caça e começou a disparar, acertando os outros rebeldes. A torre de controle tentava avisá-lo, desesperadamente:



- Cesse o fogo, Vermelho Cinco! Você está atirando em seus companheiros! Luke, ponha a merda desse capacete!!!



Mas Luke, impossibilitado de ouvir as ordens, continuava atirando como um pistoleiro ensandecido. Os caças rebeldes rapidamente se afastaram, voltando para a base. O líder lamentou-se:



- Desculpe, Princesa. É o fim.



Nesse momento, três caças imperiais saíram da Estrela da Morte. Darth Vader pilotava a nave do meio, que era maior e no formato de sua máscara.



- Ué... Cadê todo mundo? - perguntou, intrigado.



Luke recuperou a visão e recolocou o capacete. Ouviu a torre de controle:



- ... seus companheiros! Seu idiota! Você matou todos nós!



- Do que é que vocês estão falando? Já estou vendo a trincheira! Cubram-me!... Ué, cadê todo mundo?



Dando de ombros, Luke mergulhou na trincheira, indo em direção ao túnel do reator. Vader notou a pequena nave:



- Lá está um deles! Cubram-me!



Os três caças imperiais mergulharam na trincheira, bem atrás de Luke. O jovem piloto, sem dar atenção ao radar, que mostrava três pontinhos chegando cada vez mais perto, só tinha olhos para o túnel do reator, que já estava bem próximo.


Dentro da Estrela da Morte, o Governador Tarkin esfregava as mãos de contentamento. Mais alguns segundos e a base rebelde iria pelos ares. O oficial-chefe aproximou-se:



- Senhor, estive pensando... Está indo tudo tão bem... Será que eu poderia ir pra casa mais cedo?



- O que? Evacuar? Em nosso momento de triunfo? Você está com medo?



- Bom... sim.



- Besteira. Daqui a poucos instantes estaremos livres da Rebelião para sempre! - completou Tarkin, rindo descontroladamente de maneira maquiavélica. O oficial-chefe discretamente entrou no elevador.



O caça de Vader acelerou, encurtando a distância entre ele e a nave de Luke. R2-D2 bipava desesperadamente, tentando chamar a atenção do jovem piloto. Vader conseguiu travar a mira no caça de Luke mas, antes de atirar, sentiu algo:



- A Força penetrou fundo neste aqui - Vader ouviu risadas pelo headphone - Vocês dois, parem de rir e cubram-me! Vou eliminar a última esperança da Rebelião!



Nesse instante, uma rajada laser acertou R2 em cheio. A cabeça do pequeno robô explodiu, espalhando pés-de-cabra, canivetes, facas ginsu, um dedo indicador imenso, fios e placas queimadas pra todo lado. Luke olhou para trás, tentando localizar de onde veio o tiro. Vader olhou para trás, tentando localizar de onde veio o tiro. Os soldados que escoltavam Vader olharam para trás e trombaram um com o outro, perdendo o controle de suas naves e chocando-se com a nave de Vader, que saiu girando como um pião, perdendo-se no infinito. A Millennium Falcon surgiu triunfante acima do caça rebelde. Luke e a torre de controle ouviram a voz de Han pelos comunicadores:



- Desculpe, garoto. Eu mirei nos imperiais, mas é difícil acertar em algo usando um olho só. Agora exploda essa porcaria e vamos pra casa bolinar a Princesa, como ela nos prometeu!



Na torre de controle todos olharam para Leia, que baixou os olhos, embaraçadíssima, sem saber onde enfiar seu rosto, completamente vermelho.



Luke lembrou-se da promessa de Leia e descarregou suas armas a esmo contra o túnel do reator, numa atitude selvagem e insana. Que deu certo. Um dos disparos entrou e percorreu o túnel até o núcleo do reator, causando uma crise diarréica eletrônica na Estrela da Morte. Algo estava prestes a acontecer, e não seria nada bonito. O caça Asa-X e a Millennium Falcon afastaram-se dali a toda velocidade.



Dentro da Estrela da Morte, o Governador Tarkin ordenava:



- Disparar!... Ué, cadê todo mundo?



A Estrela da Morte explodiu em miríades de pedaços, numa bola de fogo sensacional.



Não muito longe dali, ainda rodopiando, Vader aos poucos ia conseguindo estabilizar seu caça. Sua voz soou ameaçadora:



- I'll be back!
 
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Sr Spock
view post Posted on 26/5/2005, 20:18




Epílogo






Luke pousou o caça, sendo saudado por todos, em meio a chuva de destroços que ainda caíam do céu. Desceu da nave entre vivas, aplausos, foi carregado pela multidão, distribuiu autógrafos, beijou uma criancinha. Mas ele não estava dando a mínima pra isso. Seus olhos percorriam todo o hangar, procurando desesperadamente pela Princesa Leia. Dois técnicos estavam retirando as sobras fumegantes de R2-D2. C3P-O aproximou-se, preocupado:



- Vocês podem consertá-lo?



- Claro! Em alguns dias ele estará novo em folha.



- Ei! Olhem! - C3P-O apontou para a entrada do hangar - É a Sharon Stone!



- Aonde? Aonde?



Os dois técnicos viraram-se para olhar. C3P-O pegou uma chave inglesa e despedaçou R-2.



Han Solo e Chewbacca aproximaram-se de Luke, que os saudou alegremente:



- Eu sabia que você ia voltar!



- Eu pensei melhor. Quanto será que pagam pelas minhas memórias: "Han Solo: de Mercenário a Herói Intergaláctico"?



Linda, deslumbrante, maravilhosa, a Princesa Leia saiu do elevador da torre de controle e começou a caminhar majestosamente na direção de Luke. O jovem rebelde, transpirando em excesso, começou a tremer:



- E agora? - cochichou para Han - O quê que eu faço?



- Eu te mostro.



Quando a Princesa chegou perto, Han a agarrou fortemente pela cintura e tascou um violento chupão nos lábios de Sua Alteza. Leia, emocionada, abanava o rosto com as mãos:



- Nossa! Uau! Eu sabia que você não queria só o dinheiro!



- Ei, e o meu beijo? - perguntou Luke, ansioso.



- Vê se cresce, garoto - respondeu a Princesa, afastando-se de braços dados com Solo - E não me torra os culhões que eu tenho mais o que fazer.







Uma hora depois, Luke, Han e Chewbacca estavam sentados nas poltronas do auditório, assistindo à premiação. Somente eles três estavam na primeira fileira, porque os outros pilotos ainda estavam com medo de chegar perto de Luke. No palco a Princesa Leia falava em um microfone:



- E o prêmio de Melhor Piloto Com Hormônios Hiperativos vai para... Luke Skywalker!



Luke subiu ao palco e Leia colocou uma medalha ao redor do pescoço dele, esquivando-se da tentativa de beijo do jovem rebelde. Luke foi para os bastidores, emocionado, para sua coletiva com a imprensa. Leia continuava a premiação:



- O prêmio de Melhor Coadjuvante Sem Uma Única Linha de Diálogo vai para... Chewbacca!



O Wookie subiu ao palco e recebeu sua medalha, abanando o rabo de alegria.



- O prêmio de Melhor Covarde Vira-Casaca Salvador da Pátria no Último Minuto vai para... Han Solo!



Imediatamente, uma banda começou a tocar, chefes de torcida em minissaias entraram fazendo uma coreografia espetacular, fogos estouraram, enquanto o ex-mercenário subia ao palco jogando beijinhos, sendo aplaudido de pé. Recebeu a medalha e beijou a Princesa. Luke aproximou-se de Han:



- Eu não entendo. Eu salvei a Rebelião e o seu prêmio é o mais comemorado, e você ainda ficou com a garota!



- Garoto, você tem que aprender uma coisa na vida: Beleza não é tudo, mas ajuda pra caramba.



Luke, Leia, Han e Chewbacca perfilaram-se no palco, de mãos dadas, e agradeceram os aplausos da platéia. Em seus pescoços, brilhavam as medalhas, que tinham um singular colorido azul e branco, característico de uma unidade R2.







FIM







No próximo episódio: Darth Vader mexe seus pauzinhos e torna-se o braço direito, esquerdo, rins e pâncreas do Imperador - Luke Skywalker aprofunda-se na Força e a Força aprofunda-se nele - Han e Leia vão para a cama... dormir - A volta triunfante de R2 - O suspiro resignado de C3P-O.



Tudo isso e muito mais em: O IMPÉRIO DÁ O TROCO.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 26/5/2005, 22:43




Gastou tempo, hein, cara? Mal li o primeiro post...
 
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Imortal
view post Posted on 26/5/2005, 23:32




Também só vou ler depois.
 
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Sr Spock
view post Posted on 27/5/2005, 00:37




Gastei tempo nada... na verdade, isso é o "copiar colar" de um post hilário que eu encontrei em um fórum (falecido) que eu frequentava lá pelos idos de 2000. Não é um resumo mesmo do filme, é só uma sacanagem bem bolada.
 
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10 replies since 26/5/2005, 19:36   227 views
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