| Vivência é arma de Wellerson para preparar goleiros
Experiência acumulada em momentos bons e ruins durante a carreira de jogador favorece o trabalho de Wellerson como preparador da seleção sub-20 do Irã.
Guilherme Costa, especial para o Pelé.Net
RIO DE JANEIRO - Titular das categorias de base da seleção brasileira, o goleiro Wellerson sempre foi uma grande aposta do Fluminense. No profissional, contudo, teve uma carreira marcada por altos (como o título estadual de 1995) e baixos (como os rebaixamentos para a Série B do Campeonato Brasileiro, em 1996 e 1997). Por conhecer tão bem toda a instabilidade possível na carreira de um atleta, Wellerson hoje trabalha com formação de jogadores e atua como preparador de goleiros da seleção sub-20 do Irã.
"A diferença é que a seleção de base do Brasil tem jogadores formados e você só tem que treiná-los. Isso não acontece no Irã, que tem atletas muito mais crus. Você tem que colocar técnica neles e ensinar muitos fundamentos até no time sub-20, que é formado por quase profissionais", comparou Wellerson, que foi levado à seleção por indicação do brasileiro Renê Simões.
Wellerson encerrou a carreira de jogador em 2003, quando tinha 31 anos. O goleiro começou no Fluminense e se profissionalizou em 1992. Depois do rebaixamento para a Série B, deixou o clube carioca e passou por Ituano-SP, Americano-RJ, Juventude, Olaria, Coritiba e Sampaio Corrêa.
"Não sou um jogador frustrado. Planejei minha carreira do jeito que eu queria e encerrei quando achei que meu momento não era mais em campo. Hoje eu tenho uma realização muito grande em outra função e procuro passar as coisas que eu aprendi para os meninos", contou o ex-goleiro.
Como preparador de goleiros, Wellerson aposta em uma postura incisiva: "Eu acho que não podemos colocar ninguém em campo só por ser medalhão. Comigo o goleiro precisa fazer por merecer. E se estiver bem nos treinos, tem direito a uma seqüência de jogos. Aí eu avalio vários quesitos durante esses jogos e decido se ele pode ficar. Se tiver várias opções do mesmo nível, fico com o mais experiente".
A preferência por goleiros com mais vivência, no trabalho de Wellerson, é acompanhada por um apoio à seqüência de partidas. "É o que eu falei antes: ninguém consegue avaliar um goleiro em dois ou três jogos. Ele precisa de pelo menos uns oito confrontos para podermos saber se ele está com fundamentos em boas condições", ponderou o ex-goleiro.
Durante os treinos, Wellerson também procura trabalhar com avaliações divididas. "Eu tenho vários tópicos diferentes para construir a análise de um goleiro. Nós fazemos algumas simulações de lances de jogo e eu procuro identificar as deficiências dele. Se é mais na bola aérea, trabalhamos isso. Se é reposição, esse vai ser o fundamento com mais ênfase", explicou o ex-jogador.
Entretanto, a metodologia definida não reflete auto-suficiência por parte do goleiro. Wellerson cursa faculdade de educação física atualmente e garante que seu desempenho na nova função ainda vai melhorar ao longo dos anos.
"Eu estou sempre preocupado em aprender. Por isso é que estou estudando, fazendo cursos e procurando crescer. Acho que o futebol é dinâmico e precisa de profissionais assim. Não dá para ficar parado no tempo", disse Wellerson.
Antes de chegar à seleção sub-20 do Irã, Wellerson foi preparador de goleiros dos profissionais do América-RJ (entre 2003 e 2004) e do projeto de futebol do grupo Pão de Açúcar no Rio de Janeiro (entre 2005 e 2006).
No entanto, é com o Fluminense que o goleiro mantém uma relação de carinho. "Eu comecei a carreira lá e até hoje as pessoas associam meu nome ao clube. Sou torcedor e tenho uma identificação muito grande. Ainda penso em voltar para lá", revelou Wellerson.
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