| MTV, que já foi pop, segue o estilo Chaves Maria Helena Dutra Já houve um tempo em que as produções para televisão, mesmo não sendo novelas e fora da rica Globo, eram caprichadas. A pobreza ficava escondida por cenários convencionais e até trajes a rigor. Posso estar enganada, mas acredito ter sido Fausto Silva quem quebrou essa regra, assumindo a penúria no Perdidos na Noite.
Hoje, ninguém mais estranha e isso se tornou habitual na grande maioria dos programas de hoje. Por ter sido aceito e até mesmo preferido pelo público. Um dos marcos dessa estética de pobreza nada envergonhada foi um seriado mexicano importado pelo SBT. Ninguém poderia imaginar que Chaves, criado por Roberto Gómez Bolaños em 1973 e que foi ao ar pela Televisa durante 10 anos, também se tornaria no Brasil um campeão de audiência. Mesmo sendo um horror, da concepção ao resultado final. Apenas uma bobagem supostamente infantil feita por adultos sem qualquer preocupação com qualidade, do texto à interpretação – exibida há quase 20 anos pela estação de Silvio Santos com poucas interrupções.
Pois basta a emissora perder público na parte da tarde para que ela volte a programar Chaves – agora está às 18h – e ter de novo quase 20 pontos de audiência. Com direito a apaixonados sites na Internet. Assumidamente ruim, nunca foi rejeitado.
Sua estética domina hoje grande parte dos programas da telinha, como Pânico na TV, Vila Maluca, A Casa É Sua, TV Fama, Superpop, todos da principal seguidora do estilo, que é a RedeTV!, mas também representada em outros canais.
Até mesmo nas emissoras por assinatura e em outros canais metidos a finos em passado recente, como a MTV. Que chegou ao Brasil quase há duas décadas cheia de pose de estrela pop, principalmente nos clipes musicais e nos apresentadores vendidos como perfeitas traduções da modernidade.
Foram notícia e enganaram certo tempo. Tanto que a maioria de seus apresentadores, pelo sucesso, foi contratada por canais abertos. E quase nenhum escapou de ser fracasso em seus novos endereços.
Voltaram para a casa e a transformaram nos últimos tempos em réplicas perfeitas da estética Chaves. Piorada pelos shows de pretensa realidade que invadiram seus horários, com mínima credibilidade. Até Supla, em um deles, pediu para a estação voltar para a música e esquecer outras palhaçadas.
Como o de um Projeto Piloto repleto de candidatos a responsáveis por novos programas. Nem Cazé conseguiu mostrar qualquer coisa original no caipira resultado final. Igual ao obtido por Marcos Mion numa desgraça chamada The Nadas.
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