| Daiane "salva" Brasil, leva 1º ouro em SP e volta a ser a número 1 Da Redação Em São Paulo
Com ouro, Daiane passa Catalina Ponor e volta a ser a número 1 do ranking no solo Os quatro ginastas brasileiros que haviam entrado em cena no ginásio do Ibirapuera neste domingo haviam piorado suas notas em relação à etapa de classificação. Após mais de duas horas, o país seguia sem medalhas. Até que Daiane dos Santos, apresentando a coreografia "Brasileirinho" no solo redimiu os companheiros de equipe e fez tocar, pela primeira vez nesta etapa de São Paulo da Copa do Mundo de ginástica, o hino nacional brasileiro.
Mesmo atrapalhada por um problema técnico que interrompeu a música no meio de sua apresentação, Daiane continuou sua série. Sem grandes falhas, a brasileira ganhou nota 9,500 -a mesma da fase de classificação- e garantiu a medalha de ouro -para delírio da torcida, que não parou de gritar seu nome e aplaudia efusivamente a cada salto bem executado.
"Parece que foi Deus quem parou o CD para que as pessoas cantassem e batessem palmas no ritmo do Brasileirinho", disse Daiane. De acordo com a equipe de som do ginásio do Ibirapuera, os saltos empolgados de uma espectadora fizeram com que o CD pulasse. "Isso nunca havia acontecido antes. Tive de manter a concentração e continuar, porque se eu parasse atrapalharia bastante o desenvolvimento da série".
É o sexto primeiro lugar da brasileira, atual campeã mundial, em Copas do Mundo. No total, Daiane soma dez medalhas em 11 etapas da competição. Com a vitória em sua primeira competição na temporada, Daiane supera sua rival, a romena Catalina Ponor, medalha de ouro em Atenas-2004 no solo, no primeiro lugar do ranking mundial da prova da Federação Internacional de Ginástica.
Daiane conseguiu a quarta medalha brasileira nesta etapa. Ontem, Laís Souza (prata no salto), Camila Comin (bronze nas barras paralelas) e Mosiah Rodrigues (bronze no cavalo com alças) haviam garantido três medalhas.
Depois de Daiane, na última prova do dia, Mosiah, único ginasta brasileiro na Olimpíada de Atenas, conseguiu a medalha de prata na barra fixa, a quinta brasileira em SP. Com uma bela apresentação, o gaúcho conseguiu "arrancar" 9,400 dos árbitros, sendo superado apenas pelo espanhol Manuel Carballo, que tirou 9,475.
Assim, o Brasil fecha a etapa de São Paulo com cinco medalhas -muito menos do que no Rio-2004, quando o país levou quatro ouros, três pratas e um bronze.
DAIANE EM COPAS DO MUNDO 11 etapas, 10 medalhas: bronze em Cottbus-2003 (solo) ouro em Stuttgart-2003 (solo) ouro em Cottbus-2004 (solo) ouro em Lyon-2004 (solo) prata em Lyon-2004 (salto) ouro no Rio-2004 (solo) bronze em Stuttgart-2004 (solo) bronze em Stuttgart-2004 (paralelas) ouro em Birmingham-2004 (solo) ouro em São Paulo-2005 (solo) Entretanto, em São Paulo, o país não pôde contar com os irmãos Hypólito: Daniele, que em forma teria potencial para ganhar diversas medalhas, abandonou a seleção depois que o técnico Oleg Ostapenko determinou que ela, longe do auge físico e técnico, disputaria uma -e não três- provas em São Paulo. Já Diego, favorito ao ouro no solo e no salto, torceu o tornozelo ainda nas eliminatórias.
Solo Quando Daiane entrou em cena, suas principais rivais já haviam se apresentado. E não haviam obtido notas muito altas, diminuindo a pressão sobre a brasileira.
A espanhola Patrícia Moreno, bronze na Olimpíada de Atenas-2004 no solo e ouro na prova na etapa de Nova York da Copa do Mundo, realizada em fevereiro, não fez uma apresentação perfeita. Com pequenas imperfeições, como desequilíbrios e pequenos passos após suas acrobacias, Patrícia conseguiu 9,125 -muito abaixo dos 9,525 que havia recebido nas eliminatórias. Patrícia ficou com a medalha de prata. O bronze ficou com a chinesa Xia Lin.
Laís comete dois erros graves e fica sem chances de medalha no solo em SP Já a brasileira Laís Souza, novo grande nome da ginástica do país, também não foi bem. Na segunda "passada" (seqüência acrobática, realizada na diagonal), Laís se desequilibrou e acabou pisando fora da área de competição. Na quarta e última "passada", a ginasta de Ribeirão Preto voltou a falhar: na terminação de uma tripla pirueta, voltou a se desequilibrar.
Mesmo após o erro, a brasileira, que ganhou a medalha de prata na etapa de Cottbus no solo e já tem quatro medalhas em três participações em Copas do Mundo (os outros três pódios foram obtidos no salto sobre o cavalo), foi aplaudida e teve seu nome gritado pela torcida. A nota 8,400 recebida pela brasileira fez com que os árbitros recebesse ostensivas vaias da torcida.
Penúltima a se apresentar, Daiane executou o duplo-twist carpado e outras três "passadas" sem grandes erros -apesar da falha no sistema de som ter feito com que metade de sua prova fosse executada sem música. Ginasta mais festejada durante todo o fim de semana, a brasileira levantou a torcida a cada acrobacia bem realizada.
O gaúcho Mosiah Rodrigues já tem três medalhas de Copa do Mundo no currículo Na execução do hino nacional, o som funcionou, mas apenas para um trecho. A torcida, então, cantou sem acompanhamento toda a primeira parte do hino.
"Foi muito emocionante, uma das coisas mais bonitas que eu já vi", afirmou a brasileira, após a vitória. Em seguida, Daiane fez alusão à crise provocada pela saída de Daniele da seleção.
"Espero que tudo de ruim que foi falado da ginástica nestes últimos dias seja esquecido. A gente mostrou que, apesar das pessoas falarem, temos um grupo muito unido. Foi a união que fez com que superássemos todos os problemas".
Barra fixa Para chegar à medalha de prata, sua segunda nesta etapa e a terceira de sua trajetória em Copas do Mundo, Mosiah Rodrigues superou o esloveno Aljaz Pegan, atual primeiro colocado do ranking mundial da barra fixa -e campeão europeu na prova.
Aljaz não conseguiu finalizar bem sua prova e teve de se contentar com o quarto lugar.
Salto O grande favorito brasileiro para a prova era Diego Hypólito, que na sexta-feira teve de se retirar da competição com o tornozelo torcido -Diego chegou a se apresentar para a prova de solo, mas logo quando tentou correr para realizar as primeiras acrobacias, caiu e, chorando, abandonou a prova.
O outro brasileiro na prova, Victor Rosa, 18, se não chegou à medalha, também não decepcionou. Victor que, como Diego, é treinado por Renato Araújo, técnico do Flamengo, teve um bom desempenho -ainda que suas notas na final tenham sido pouco menores do que as obtidas na fase de classificação.
Com nota final 9,262 -contra 9,337 obtida na sexta-feira-, Victor ficou em quarto lugar, sendo superado apenas pelo húngaro Robert Gal (ouro com 9,500), pelo alemão Matthias Fahrig (prata com 9,450) e pelo porto-riquenho Luis Rivera (9,412). Victor falhou no primeiro salto e, mesmo assim, recebeu nota 9,225. Já no segundo, foi bem, conseguindo 9,300.
Trave No aparelho, que consiste em exercícios sobre uma trave com 10 cm de largura e é considerado pelas brasileiras brasileiras o mais difícil, Ana Paula Rodrigues e Camila Comin tiveram desempenho pior do que nas eliminatórias e ficaram longe de medalha.
Ana Paula, 17, passara à final com a segunda melhor nota, 9,175. Mas, neste domingo, a brasileira cometeu alguns erros graves, que fizeram com que alguns de seus exercícios não fossem considerados -daí o fato de sua nota de partida ser de apenas 9,400. Mais um erro, na finalização de sua prova, baixou sua nota final para 8,500, suficiente para dar a ela apenas o sexto lugar entre as finalistas.
Camila, 22, que no sábado havia conquistado a medalha de bronze nas barras paralelas assimétricas, mostrou que, na trave, realmente não está em sua melhor forma neste início de temporada. Após um desempenho mediano na fase de classificação, em que tirou 8,425, Camila foi ainda pior neste domingo: 8,375. Hoje, a brasileira fez uma bela entrada na trave, mas se desequilibrou ostensivamente por duas vezes -em uma delas, precisou usar as mãos para não cair. Assim, ficou com o sétimo lugar.
A medalha de ouro no exercício ficou com a chinesa Lili Wang, que conseguiu nota 9,450. Outra chinesa, Pang Panpan, ficou com a prata ao receber 9,250 dos árbitros. A espanhola Patrícia Moreno tirou 9,050 e ficou com a medalha de bronze.
Barras paralelas Em uma final sem a presença de brasileiros, o esloveno Mitja Petkovsek, primeiro colocado do ranking mundial, confirmou seu favoritismo e venceu com nota 9,525. Atrás dele, ficou o chinês Dong Zhendong, que ontem havia conquistado a medalha de ouro no cavalo com alças. Zhendong tirou 9,425, conquistando a prata. O espanhol Manuel Carballo, com 9,200, ficou com a medalha de bronze.
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