Notícia trágica para fãs de HQs: morre o Capitão AméricaUm dos mais patrióticos super-heróis americanos será assassinado no gibi n.º 25Jotabê Medeiros
Cena em que o Capitão América é atingido por tiros
SÃO PAULO - O site oficial da Marvel Comics informou nesta quarta-feira, 7, que um dos mais patrióticos heróis dos quadrinhos americanos, o Capitão América, criado em 1941, será "assassinado" em sua revista n.º 25, que chega às bancas nos próximos dias. O texto completo do "jornal" noticioso da Marvel Comics, o Daily Bugle (ou Clarim Diário, o jornal onde trabalha Peter Parker, alter ego do Homem-Aranha) está a seguir:
Capitão América é alvejado e mortoLenda viva é assassinada nas escadarias da Corte FederalNOVA YORK - Esta manhã, reportamos a tentativa de assassinato de um ex-super-herói. Agora vimos confirmar que a vítima foi identificada como Steve Rogers, também conhecido como Capitão América. Rogers foi dado como morto no Mercy Hospital, devido a ferimentos causados por tiros no ombro, peito e estômago.
Testemunhas afirmam que a primeira bala, que feriu Rogers no ombro, veio de um atirador localizado no topo de um dos edifícios próximos à Corte Federal. Diversos outros tiros foram disparados durante o conflito, atingindo Rogers no peito e estômago, mas testemunhas que presenciaram a cena, assim como os policiais que estavam escoltando Rogers, reportaram que somente um atirador disparou os tiros.
A identidade do(s) assassino(s), assim como a origem de outros tiros, ainda não foi revelada. Agentes da S.H.I.E.L.D., do FBI e da polícia local estão trabalhando juntos na investigação e vistoriando os edifícios da área. Um porta-voz da S.H.I.E.L.D. não quis fazer comentários sobre o tiroteio, informando que mais detalhes serão conhecidos conforme avançarem as investigações.
Rogers, um veterano da 2.ª Guerra Mundial, e que foi dado como desaparecido com o fim do conflito, retornou à ação décadas depois e combateu nos primeiros tempos dos Vingadores. Esteve no front principal dos heróis americanos até recentemente, quando se opôs violentamente à lei do governo americano, o Superhero Registration Act. Como Capitão América, Rogers combateu as forças do ato pró-registro, até se render em Manhattan, ficando sob a custódia da S.H.I.E.L.D. Estava a caminho de sua audiência quando foi atingido essa manhã.
Para mais detalhes sobre o tiroteio, leia Captain America n.º 25. Para mais informações sobre o Capitão América e os acontecimentos, continue lendo o Clarim Diário.
Crepúsculo dos deuses: morre o herói dos quadrinhosQuem é fã de quadrinhos pode ficar desconfiado com a notíciaAdriano Marangoni
Cena na nova história do Capitão América
SÃO PAULO - O Capitão América está morto. A história do assassinato do super-herói está na revista de n.º 25 lançada nesta quarta-feira, 7, nos Estados Unidos. Desafiando a lei de registro aos super-heróis, mote de Civil War, Steve Rogers, o Capitão América, defendia que os heróis deveriam ser anônimos e não funcionários do governo. Foi preso por seu ex-colega, Homem de Ferro. A caminho do tribunal aonde seria julgado, o herói foi alvejado com dois tiros.
Quem é fã de quadrinhos pode ficar desconfiado com a notícia. Afinal nenhuma morte parece durar muito nas páginas de super-heróis. Assim foi com o Super-Homem, morto em 1993 e ressuscitado em 1994, Jean Grey, a Fênix de X-Men, em 1984 e 1986, Reed Richards (de Quarteto Fantástico), Ciclope (também de X-Men), Tia May (de Homem-Aranha) e vários outros ao longo dos anos. Em reportagem feita pela CNN, o editor-chefe da Marvel Comics, Joe Quesada comentou que em outros tempos a morte nos quadrinhos tinha pouco significado, mas que agora é diferente. "Tudo que peço para meus roteiristas é que se você for matar algum personagem, que essa morte tenha algum significado no escopo das coisas", afirmou.
Civil WarPara além do chamariz comercial que cerca a revista, a morte do Capitão América ganha um verniz político bastante delicado. Civil War revolucionou o mundo dos quadrinhos no ano passado e polarizou a definição de heroísmo.
Enquanto uns achavam que a atitude mais politicamente correta era se submeter à autoridade do governo, outros diziam que o anonimato é a mais válida expressão de altruísmo e cidadania. A controvertida inspiração do enredo veio de temas como o Patriot Act, a Guerra ao Terror e o 11 de Setembro.
"Qualquer criança sabia (do ataque terrorista) de 11 de setembro", disse Dan Buckley, presidente da Marvel Comics à CNN. "Se (ela) pudesse ver TV ela saberia o que foi o 9/11. Outras semelhanças com a realidade são apenas partes do enredo", completou. Ed Brubaker, escritor da revista, em entrevista ao NY Daily News, foi além. Segundo ele, "os leitores de esquerda gostariam de ver o Capitão fazendo discursos contra a administração (do presidente) Bush em cada esquina, e os leitores de direita gostariam de vê-lo nas ruas de Bagdá socando (o ex-ditador) Saddam (Hussein)".
O assassinato do herói em si tem outro parentesco com a realidade difícil de negar. De forma parecida que o herói dos quadrinhos, Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar John F. Kennedy, foi morto a tiros numa transferência de prisão em 24 de Novembro de 1963.
Para o co-criador do Capitão América, Joe Simon, de 93 anos, a morte do personagem criado em 1941 às vésperas da entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial, "é um momento trágico." Com pesar, o velhinho atestou "Nós realmente precisamos dele agora".