Reflexões sobre música, As artes após 1950

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Alkalino
view post Posted on 20/10/2004, 22:19




É muito fácil escrever a história do jazz, ou discutir suas realizações em termos muito semelhantes aos aplicados à música clássica, descontando-se a considerável diferença no ambiente social, e o público e economia dessa forma de arte. Não é de modo algum claro que esse procedimento faça qualquer sentido para o rock, embora também ele derive da música negra americana. Pode-se esclarecer quais são as relações de Louis Armstrong e Charlie Parker, e qual a superioridade deles sobre outros contemporâneos. Por outro lado, parece muito mais difícil alguém que não tenha fundido um determinado som com sua vida escolher este ou aquele grupo de rock entre a imensa enxurrada de som que varreu o vale dessa música nos últimos quarenta anos. Billie Holiday podia (pelo menso até a época em que escrevo) comunicar-se com ouvintes nascidos muitos anos depois que ela morreu. Pode alguém que não foi contemporâneo dos Rolling Stones desenvolver alguma coisa parecida ao apaixonado entusiasmo que esse grupo provocava em meados da década de 1960? Quanto da paixão por um som ou imagem hoje se baseia em associação: não porque a música seja admirável, mas porque "esta é a nossa música"? Não podemos dizer. O papel ou mesmo a sobrevivência das artes vivas no século XXI são ainda obscuros.

Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos



Não sei se é muito relevante. Mas dá espaço para alguma reflexão.
 
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Anderson
view post Posted on 21/10/2004, 04:26




Eu tenho este livro. Muito foda.

Acredito que ele se refere à força dos meios de comunicação, é muito difícil por exemplo não falar de cinema quando se fala da história recente de alguns locais.

A ligação que ele fez aí com a música me fez lembrar uma conversa que a gente teve (não sei se você vai lembrar) sobre como a MTV escolhe com tamanha facilidade o que é "cool" ou não e você disse que a MTV escolhia até quando era mais rentável não ser o tal do "cool".
 
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Curuja
view post Posted on 23/10/2004, 06:51




Historicamente a música vem se transformando de forma que cada vez mais tenha uma assimilação mais fácil por parte do ouvinte.
Além de termos hj uma indústria de marketing que utiliza muito a superexposição e que trata toda e qualquer arte como produto. Conseqüentemente tudo q é mais simples tende a vender mais e lucrar mais (será?).

Essas são as famosas distancias entre os músicos do passado e os de hj.

O que acaba ratificando a afirmação de Hobsbawm:
Quanto da paixão por um som ou imagem hoje se baseia em associação: não porque a música seja admirável, mas porque "esta é a nossa música"? Não podemos dizer. O papel ou mesmo a sobrevivência das artes vivas no século XXI são ainda obscuros.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 23/10/2004, 22:06




Me parece que essas considerações voltam a se remeter à problemática sobre o que é o "belo".

Quanto ao movimento de se utilizar de modas para ganhar dinheiro, ou direcionar tendências com este mesmo objetivo, isto trata-se apenas do simples modo de ser do capitalismo: Garantir o aumento do capital.
 
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Alkalino
view post Posted on 24/10/2004, 06:33




Monstro, o que é a problemática do "belo"? Eu acho que eu dormi nessa aula...


Acho que uma questão interessante a ser colocada é: qual o momento em que uma manifestação artística (digamos, rock - partindo do pressuposto que uma canção de rock nasce "pura") deixa de ser arte e passa a ser produto?
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 24/10/2004, 06:57




Não é questão de aula. Imaginei que seria considerado meio pedante, escrevendo o q escrevi, mas foi meio q pra criar polêmica mesmo.

Definir algo como "Arte", em detrimento de outro produto, por quê? O que a arte tem que o outro produto não tem? Beleza.

O q é o "Belo"?
 
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Capitão Ácido
view post Posted on 24/10/2004, 13:17




CITAZIONE (Alkalino @ 24/10/2004, 07:33)
Acho que uma questão interessante a ser colocada é: qual o momento em que uma manifestação artística (digamos, rock - partindo do pressuposto que uma canção de rock nasce "pura") deixa de ser arte e passa a ser produto?

Passa a ser produto quando passa a ser comercializado.

Mas não deixa de ser arte por isso...
 
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Curuja
view post Posted on 27/10/2004, 06:15




Il Monstro<+23/10/2004, 19:06-->
CITAZIONE (>Il Monstro< @ 23/10/2004, 19:06)
Me parece que essas considerações voltam a se remeter à problemática sobre o que é o "belo".

Quanto ao movimento de se utilizar de modas para ganhar dinheiro, ou direcionar tendências com este mesmo objetivo, isto trata-se apenas do simples modo de ser do capitalismo: Garantir o aumento do capital.

Duas questões.

1º - Nao me refiro à qualidade dos músicos e das músicas em relação a beleza destes. É uma questão de conhecimento, aprofundamento, técnica e estudo dos músicos que leva a uma música mais bem trabalhada. Isso não é garantia de beleza. Dois exemplos de 2 dos maiores compositores da história:
1 Existe uma ópera do Mozart que prima por explorar os limites das vozes dos solistas, a ópera é um requinte analizada tecnicamente, mais é extremamente chata e ruim de ouvir exatamente pq é péssimo ouvir pessoas cantando nos limites agudos ou graves da voz.
2 Uma versão do Villa Lobos de O Cravo Brigou com a Rosa, é tecnicamente e harmonicamente muito bem trabalhada, mais é considerada uma de suas obras mais feias.

Os dois exemplos, literalmente desagradam o ouvido.



Quanto a utilizar modas para ganhar dinheiro.

Usar um movimento que entra na moda naturalmente pelo gosto popular é natural em toda a história das artes.

O problema é q essas modas ultimamente andam sendo fabricadas.
Andam fabricando modas, tendências e "artistas" e isso é um processo alienação das massas uma vez que poda a expressão real, e q esta, perde a oportunidade de chegar a um número grande de pessoas.

Edited by Curuja - 27/10/2004, 03:19
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 31/10/2004, 12:44




Como eu disse: A questão é GARANTIR o retorno. O que é mais simples, mais provável de dar retorno, um maior retorno, é tratado com mais zelo, recebe mais investimento.

O complexo ou o diferente são riscos. Se tiverem valor, obterão visibilidade através dos próprios méritos, e provavelmente serão utilizados, segundo a repetição de uma "fórmula" que encerre os elementos que fizeram o seu sucesso, para trazer mais capitais. É o caso da trilogia do Matrix. E a roda gira...
 
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Curuja
view post Posted on 2/11/2004, 23:53




Blz!! Te entendi!
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 3/11/2004, 03:41




O jeito como eu posto soa muito arrogante?

às vezes eu me preocupo...
 
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>Gião<
view post Posted on 3/11/2004, 12:56




Seu prepotente de merda! Aprenda a humildade (e todas as outras virtudes) de mim!
 
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#FF#
view post Posted on 3/11/2004, 15:15




CITAZIONE (>Il Monstro< @ 3/11/2004, 00:41)
O jeito como eu posto soa muito arrogante?

Só quando você não soa indeciso.
 
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>Il Monstro<
view post Posted on 5/11/2004, 04:41




Hã..., é?
 
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Capitão Ácido
view post Posted on 14/11/2004, 12:40




CITAZIONE (Curuja @ 27/10/2004, 06:15)
Duas questões.

1º - Nao me refiro à qualidade dos músicos e das músicas em relação a beleza destes. É uma questão de conhecimento, aprofundamento, técnica e estudo dos músicos que leva a uma música mais bem trabalhada. Isso não é garantia de beleza. Dois exemplos de 2 dos maiores compositores da história:
1 Existe uma ópera do Mozart que prima por explorar os limites das vozes dos solistas, a ópera é um requinte analizada tecnicamente, mais é extremamente chata e ruim de ouvir exatamente pq é péssimo ouvir pessoas cantando nos limites agudos ou graves da voz.
2 Uma versão do Villa Lobos de O Cravo Brigou com a Rosa, é tecnicamente e harmonicamente muito bem trabalhada, mais é considerada uma de suas obras mais feias.

Os dois exemplos, literalmente desagradam o ouvido.


A todo e qualquer ouvido ou a ouvidos educados historicamente em outra direção?

Os ouvidos ocidentais (pelo menos os meus, mas percebo q em mais gente) têm certa dificuldade a princípio para apreciar músicas orientais, acho q por diferença nas escalas utilizadas. Ou não.
 
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31 replies since 20/10/2004, 22:19   485 views
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