| Novidades com 41 anos para fãs dos Beatles
Jamari França*
A última novidade sobre os Beatles são discos lançados há 41 anos. Trata-se de uma caixa com os quatro primeiros LPs dos Beatles lançados em 1964 pela gravadora Capitol americana, que traz pela primeira vez em lançamento oficial (porque pirata já existe há milênios) as primeiras gravações da banda em estéreo. A edição mundial em CD dos primeiros discos dos Beatles, disponíveis no mercado desde 1987, é monofônica, num canal só, daí o atrativo para os fãs de ouvir canções históricas de maneira mais detalhada nesta caixa. Os discos são “Meet The Beatles!”, “The Beatles Second Album”, “Something new” e “Beatles 65”. A caixa foi importada pela EMI brasileira numa tiragem limitada de mil unidades que deve custar em torno de R$ 300.
Na época, a representante da EMI britânica em cada país lançava os discos como quisesse, sem respeitar os originais britânicos. Na Inglaterra, saíam LPs, compactos simples e duplos com músicas inéditas, nada de pegar músicas de álbuns para fazer compactos. E as edições britânicas tinham 14 músicas. Nos Estados Unidos, misturou-se tudo isso para fazer vários LPs de 11 e 12 músicas, uma verdadeira mina de ouro quando a Beatlemania estourou nos EUA em fevereiro de 1964 e todo mundo queria ouvir o Fab Four.
Cada música tem versõesem estéreo e em mono
Cada um dos discos da caixa tem as músicas em estéreo e, a seguir, em mono, duplicando o número de faixas. Na parte mono de “Something new” estão duas raridades para deleite dos beatlemaníacos: “I’ll cry instead” tem 15 segundos a mais do que na versão estéreo e “And I love her” tem o canto de Paul McCartney sem a dobra que adoravam usar para encorpar os vocais. Os estúdios da EMI gravavam em quatro canais (hoje em dia usa-se o dobro só para a bateria), reduzidos para o estéreo com vozes e instrumentos de solo num canal e o restante socado no outro. Mesmo assim, há um notável ganho de sinal nas versões em estéreo.
“Meet The Beatles” (janeiro de 1964) tem capa igual ao “With The Beatles”, o segundo LP britânico deles. É o único a ter 12 faixas, dez delas de John Lennon e Paul McCartney, uma de George Harrison (“Don’t bother me”) e “Till there was you”, do musical da Broadway “The music man”, de Meredith Wilson. “This boy” tem um dos melhores vocais gravados pela banda e “I wanna be your man” tem vocal do baterista Ringo Starr. A banda mostra versatilidade com arranjos originais para cada canção. Inclui os sucessos “I want to hold your hand”, que os consagrou na América, “All my loving” e “I saw her standing there”.
Em “The Beatles second album” (abril de 1964), seis das 11 faixas são de artistas admirados pelos Beatles na época em canções que faziam parte do repertório de palco deles antes de serem famosos. “Roll over Beethoven”, em gravação empolgante com vocal de George Harrison, é do pai do rock, Chuck Berry. Já Paul faz sua imitação de Little Richards em “Long tall Sally”, do próprio Richards, a mãe do rock. E outras regravações de sucessos alheios como “You really got a hold on me” (Smokey Robinson & The Miracles), “Devil in her heart” (do grupo vocal feminino The Donays), “Money” (Barrett Strong), “Please Mr. Postman” (do trio feminino The Marvelettes).
“Something new” (julho de 1964) mistura canções da trilha sonora britânica do primeiro filme da banda, “A hard day’s night”, com duas regravações de admirações dos Beatles, Carl Perkins (da geração de Elvis Presley) com “Matchbox”, cantada por Ringo, e Larry Williams com “Slow down”, numa interpretação visceral de Lennon. E ainda a versão em alemão de “I wanna hold your hand” (“Komm, gib mir deine hand”), uma homenagem ao primeiro país estrangeiro onde tocaram, ainda como ilustres desconhecidos.
Selo americano promete mais reedições
A frenética produção dos Beatles fez com que a banda se aperfeiçoasse rapidamente. Em “Beatles 65” (dezembro de 64), o quarteto está num patamar mais elevado de canções e produção. O material é basicamente do LP britânico “Beatles for sale” com adição do single “I feel fine”. Aqui está mais uma de Chuck Berry, “Rock and roll music”, em vocal gritado de John e um piano boogie do produtor George Martin. Duas de Carl Perkins, “Honey don’t”, na voz de Ringo, e “Everybody’s trying to be my baby”, por George. John canta o calipso “Mr. Moonlight”, sucesso de 1962 de Dr. Feelgood and the Interns, com bela ‘cama’ e solo de órgão de Paul.
A Capitol promete para breve as edições americanas dos discos até “Revolver” (agosto de 1966), o último a ser mexido pela gravadora. A partir de “Sgt Pepper’s” (junho de 1967) os discos foram padronizados por exigência dos Beatles. Quem quiser ir mais fundo nesta história, acesse o site beatles-discography.com. *Do Globo On Line
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