| Ronaldo: Com a cabeça mais longe da Seleção
Janir Júnior
RIO - A defesa a favor de Ronaldo na seleção brasileira vem sempre conjugada no passado. A expressão ‘fez história’ dá o tom de encerramento de um ciclo. E o questionamento ‘será que ele ainda tem vontade?’ deixa claro que, além do fato de Dunga e da CBF demonstrarem desinteresse na convocação do jogador, o próprio Ronaldo pode se antecipar e colocar um ponto final na sua trajetória em defesa do Brasil.
Pai de Ronaldo, Nélio é um dos confidentes do jogador. “Não depende apenas da vontade do Dunga ou da CBF, tem que saber se o Ronaldo ainda tem vontade de jogar. Não sei se Seleção ainda passa pela cabeça dele”, revela Nélio, que sai em defesa do filho: “Para mim, ele ainda é o melhor atacante do mundo”.
O tom de Nélio é de desapontamento e despedida. “Para mim, o Ronaldo parece estar reticente quanto ao futuro na Seleção, não sei o que se passa com ele. Mas ele pode sair, pois, ainda assim, na outra Copa, mesmo sem o Ronaldo, vão ter que falar dele, maior artilheiro de Mundiais. Isso tem que ser considerado”, destaca Nélio, que vai além: “O Ronaldo fez história, participou de títulos importantes e contribuiu em vários sentidos, não é justo pegarem ele como Cristo. Além disso, ele tem sua própria vontade”.
Com tanta pressão quando o assunto é futebol, Nélio, que voltou de viagem no fim da semana, tem evitado se estender nas conversas telefônicas com o filho. “Conversamos muito sobre a vida pessoal dele, que está boa. Desde antes da Copa da Alemanha, ele passa por um bom momento fora de campo”, afirma Nélio.
Caso anuncie o fim do seu ciclo na Seleção, a decisão de Ronaldo poderá ser entendida como um drible na CBF, já que o presidente Ricardo Teixeira está decepcionado com o atacante, ganhou apoio da comissão técnica e não pretende convocá-lo novamente. A trajetória vitoriosa de Ronaldo com a Seleção está próxima do fim. Nas palavras do pai, a frase: “ele fez história”. Resta saber como será o capítulo final.
Derrota não deixou trauma
Amigos próximos de Ronaldo na Espanha garantem: o jogador não guarda nenhum trauma pela perda da Copa da Alemanha, que em nada teria mudado sua vida. Quando está no Rio, o atacante curte a noite tranqüilamente, assim como em Madri. “Ele tem freqüentado os mesmos restaurantes, os mesmos locais, e está de bem com a vida”, revela um dos amigos, que destaca:
“Ele nem que saber de Seleção. Isso já era”.
Quem esteve com Ronaldo recentemente foi Gabriel, ex-lateral do Fluminense que está na Espanha. O jogador sai em defesa do amigo: “Ele está bem, não está gordo, não”. Amigo melhor que esse será difícil de Ronaldo encontrar.
Ronaldo segue com o namoro com Raica. Pouco depois da Copa, em entrevista a um jornal de São Paulo, a modelo chegou a dizer que o atacante estava bem tranqüilo, apesar da eliminação diante da França.
Ronaldo ainda está fora do time do Real Madrid, aprimorando a forma física. Recentemente, o jogador foi submetido a uma cirurgia para corrigir um problema de calcificação na tíbia da perna esquerda que causava fortes dores. O técnico do Real Madrid, o italiano Fabio Capello, já adiantou que somente irá escalar o atacante brasileiro quando ele estiver 100%.
Mau exemplo durante a Copa
Depois de terminada a Copa da Alemanha, começaram a pipocar diversas notícias sobre o mau comportamento de Ronaldo dentro do grupo de jogadores. Uma coisa é certa: o peso de quase 100 quilos quando se apresentou e a polêmica das bolhas e da noitada em uma boate azedaram de vez a relação com a cúpula da CBF. Antes, o atacante já foi olhado com desconfiança quando pediu dispensa da Copa das Confederações de 2005.
Em matéria publicada pelo ‘Jornal da Tarde’, de São Paulo, fontes ligadas à Seleção e que acompanharam o grupo durante a fase preparatória e a Copa do Mundo, garantem que Ronaldo não demonstrava entusiasmo por defender o Brasil.
Ainda segundo informações da matéria, Ronaldo teria se tornado um exemplo ruim para os jogadores, pois, segundo a fonte, ele fumava muito na concentração e não seguia a dieta imposta pela comissão.
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