| Uma pequena caravana se desloca por uma planície erma e agreste, entrecortada pelos mais diversos tipos de solo, vegetação e acidentes, cuja água provém de riachos e fontes irregulares. Faz frio, mas ainda não há neve ou geada. É perto do anoitecer e, cansados como estão no último trecho da viagem, os integrantes pouco falam, embora alguns resmunguem baixo para si mesmos.
A caravana é composta por uma carruagem, dois carros de bois e alguns cavalos e mulas. Alguns homens conduzem os animais de carga, outros seguem a pé, portando arcos e lanças. Os veículos têm apenas um condutor. Apenas o fato de montarem a cavalo denuncia a diferença de classe entre os viajantes, que trajam o mesmo tipo de vestimenta, com peles para o frio, botas de couro rústico, e capas ou mantos, em geral gastos e desbotados, quando são tingidos. Uma pequena bandeira, afixada na lateral da carruagem, ostenta (o brasão dos cavaleiros da Cantaria).
Os cavaleiros seguem em formação militar, com dois à frente, dois à retaguarda, e ainda mais dois batedores adiantados. Na retaguarda encontra-se uma sisuda mulher de olhos claros e penetrantes, que viaja sem nada dizer, olhando sempre em frente, mudando a mirada apenas para inspecionar, rapidamente, o terreno ao redor, de tempos em tempos. A seu lado segue um gigante barbado, que assobia uma melodia jovial, enquanto observa despreocupadamente a paisagem. Os cavaleiros da frente, que ao longo da viagem divertiam-se em animada conversa agora mantém o mesmo silêncio do resto da caravana (quebrado apenas pelo assobio mais atrás), mas não o mesmo porte cabisbaixo. Um jovem belo e bem barbeado, garboso e melhor vestido que o resto dos viajantes, estampa em seu rosto não apenas cansaço, mas um resquício de tédio. A seu lado um homem alto e forte, também usando barba mas, no seu caso, bem aparada, observa à frente apertando os olhos, que começam a não enxergar tão longe na claridade que diminui.
Ele logo encontra o que procurava. Ao longe divisa os vultos dos batedores adiantados, que se aproximam. Todos os cavaleiros portam espadas em bainhas às suas cinturas, menos o belo jovem e o gigante, este que, em compensação, traz uma clava com uma cabeça grande e pesada. O segundo dos batedores, ligeiramente mais esguio que o outro, tem às costas um arco de porte médio, do tipo que pode ser usado tanto para a caça como para a guerra.
Edited by >Il Monstro< - 4/10/2012, 17:34
|