| Brasil 1 é quarto na África do Sul e segue na vice-liderança
Da Redação Em São Paulo
Depois de uma boa largada e uma corrida cheia de altos e baixos, o Brasil 1 manteve a vice-liderança da Volvo Ocean Race. O barco do bicampeão olímpico Torben Grael foi o quarto colocado na regata local da Cidade do Cabo, na África do Sul, disputada nesta segunda-feira, e soma agora 12,5 pontos, isolando-se na segunda colocação geral. A prova, com ventos fortes, exigiu muito de todos nas manobras.
Com ventos médios de mais de 20 nós (as rajadas chegaram a 45 nós), o vencedor da regata foi o ABN Amro One, do neozelandês Mike Sanderson, que aumentou ainda mais sua vantagem na liderança da classificação geral, com 15 pontos.
O segundo colocado foi o espanhol movistar (Bouwe Bekking), que não completou a primeira perna da competição, entre Vigo, na Espanha, e Cidade do Cabo. O ABN Amro Two foi o terceiro e agora está na terceira colocação geral, com 12 pontos.
Embora não muito satisfeito com o quarto lugar, o comandante Torben Grael comemorou o fato de o barco ter terminado sem nenhuma quebra.
"Poderia ter sido muito pior. Saímos muito bem, mas o primeiro bordo favoreceu quem estava na direita e nós estávamos na esquerda. Nunca havíamos velejado com ventos tão fortes e o bom é que terminamos com barco ileso", comentou o brasileiro, que deixou o barco rouco.
"Fiquei até sem voz, tendo de gritar o tempo todo. O vento dificulta a comunicação e você tem de fazer muitas manobras. Os erros são normais. Cometemos vários, mas todos erram com um barco tão potente e uma tripulação tão pequena. Acaba sendo vela de mais para poucas pessoas", explica.
O navegador holandês Marcel van Triest, que estreou na equipe, disse que não pôde exercer muito a sua função na in-port race. "Não foi muito pra navegar. Só na largada, todo o resto foi regulagem de velas, ajudar na troca de velas, caçar cabos, etc", lembrou. "O ABN 1 mostrou realmente estar bem. Foi quem cometeu menos erros", analisa.
O diretor do projeto Brasil 1 e integrante da tripulação Alan Adler lamentou a opção da largada. "Saímos muito bem, mas optamos pelo lado errado. Depois demos um jibe desnecessário, porque estávamos muito perto da costa e tivemos a impressão de que o ABN 1 havia encalhado. São detalhes que fazem a diferença", comentou o ex-campeão mundial de Star, surpreso com as rajadas de cerca de 45 nós. "O ambiente no barco ficou caótico. Todo mundo gritando e ninguém conseguindo ouvir direito. Foi mais uma lição", completa.
Esta foi a segunda regata local da edição 2005/2006 da Volvo Ocean Race, a mais tradicional prova de volta ao mundo. A primeira foi realizada na cidade espanhola de Sanxenxo, no dia 5 de novembro, e vencida pelo sueco Ericsson, que teve problemas nesta segunda-feira, seguido do Brasil 1. Na Espanha, os barcos competiram com ventos muito fracos, ao contrário desta segunda-feira.
Após a primeira bóia, ABN 1 comprovou o favoritismo e logo abriu vantagem. A disputa passou a ser, então, pelo segundo lugar, com direito a muitas trocas de posição a cada bóia montada. O Piratas do Caribe passou boa parte da prova na vice-liderança, mas após um erro na sexta bóia, a decisão ficou apenas para última perna, quando o movistar, que chegou a estar em sexto no começo da corrida, garantiu a posição.
Antes, na quinta bóia, o Ericsson, que vinha em sexto, teve problemas com as velas e ficou bastante tempo parado. Após a sétima bóia, o movistar já tinha garantido a liderança e Brasil 1 e ABN Two disputavam o último lugar no pódio. Os holandeses levaram a melhor e cruzaram poucos segundos na frente. O Piratas, após o erro na sexta bóia, não ameaçou e cruzou em quinto.
Depois da in-port race, que conta metade dos pontos de uma etapa normal, os velejadores concentram-se agora para a largada da segunda perna da competição, marcada para o dia 2 de janeiro. A flotilha terá o desafio de velejar por mais de 11.100 quilômetros até Melbourne, na Austrália, passando por dois portões de pontuação, nas ilhas Kerguelen e na ilha Eclipse, esta já na costa australiana.
|