A coluna de hoje do Fernando Calazans no O Globo vem defendendo o Pelé.
Vale a pena dar uma lida.
A língua de chuteirasFellipe Awi
Se um dia quiser reunir numa festa os maiores ídolos do futebol brasileiro, a CBF deverá cuidar bem da distribuição dos convidados pelas mesas. De outra forma, eles podem trocar o jantar por um tanque de roupa suja. Em algum lugar em seus longos currículos, os grandes craques do Brasil deveriam incluir uma lista de adversários em confrontos verbais que chamam tanto a atenção quanto suas belas jogadas.
A última rusga entre Pelé, o maior de todos, e Ronaldo, o mais bem- sucedido em atividade, só reforça a impressão de que craque, por aqui, se entende melhor em campo que fora dele. Conhecido por opiniões controversas, para dizer o mínimo, o Rei levantou a bola ao dizer que compromissos pessoais de Ronaldo estavam atrapalhando seu desempenho. O atacante do Real Madrid cortou com a força de um Giba:
— O Pelé também é conhecido pelas bobagens que diz. Quando eu me aposentar, não quero ser um tipo de pessoa amarga, que fica dizendo besteiras. O Pelé, calado, é um poeta.
Zico: ‘Não tenho sangue de barata’
Para rebater o Rei do Futebol, Ronaldo recorreu a uma tirada de Romário, certamente o rei das divididas entre ídolos. O atacante do Vasco já se estranhou com os dois brigões desta semana, além de protagonizar discussões inesquecíveis pela imprensa com Zico e Edmundo. Cunhou a frase do poeta calado quando Pelé afirmou que ele deveria parar de jogar, pois estaria desgastando sua imagem. Depois, trocaram pedidos de desculpas. Romário incomodou Ronaldo quando se autoproclamou o melhor depois de Pelé — que, do seu tempo, já brigou com Gérson e Carlos Alberto Torres.
— O jogador se autoproclamar o melhor é pretensão demais. Prefiro ouvir a opinião da crítica, dos torcedores — reagira Ronaldo.
Zico, que tem histórico de farpas com Romário, já se pôs ao lado de Ronaldo na polêmica com Pelé e Platini. Em 1983, bem antes da frase de Romário, o ídolo rubro-negro já dissera que “de boca fechada, Pelé é gênio”. Não agüentou vê-lo dizendo ao jornal “Corriere dello Sport” que ele não se adaptaria ao futebol italiano.
— O Pelé extrapolou. Desaconselhou a minha contratação e quase me prejudicou. Aí, disse que da cabeça dele e de bundinha de neném, ninguém sabe o que vem — conta Zico.
O técnico do Japão explica que sempre foi atacado antes de entrar numa discussão. No caso de Romário, lembra que sua geração foi chamada de perdedora pelo atacante.
— Não tenho sangue de barata. Admito a crítica no campo, não a pessoal — argumenta.
Zico levanta a tese de que o craque tem resistência para lidar com críticas. É a mesma opinião de Renato Gaúcho, que já se meteu em polêmicas com outros ídolos, mas hoje se orgulha de ser amigo de todos.
— Quando uma pessoa atinge certo status tem dificuldade para aceitar crítica de alguém do mesmo nível, até porque também vê defeitos nesta pessoa. É briga de cachorro grande — diz.
A psicóloga Sandra Salgado concorda que a vaidade é um dos motivadores de tantas trocas de farpa:
— No fundo, sempre tem aquela coisa de um substituir o outro.
Segundo maior símbolo da geração de ouro do Flamengo, Júnior nunca passou a imagem de que gostaria de substituir Zico. Talvez por isso a relação dos dois tenha sido sempre das mais serenas:
— Nunca fui movido pela inveja. Essas discussões mostram falta de inteligência de quem as começa.
Ex-desafeto de Pelé, de quem cobrou ações em favor dos negros, Paulo César Caju encerra a discussão ao defender, ao menos, a discussão entre craques como patrimônio nacional:
— O Pelé falou do Ronaldo, mas ele é nosso. Pior o Platini, que tem de falar do Makalele e do Zidane, que está morto há muito tempo.
Quadro síntese
Tentando postar de novo.
Tentando ...
Desisto.
Quem quiser, vai no site do jornal e veja.
Edited by Imortal - 10/3/2006, 08:54