| Zveiter rechaça virada de mesa, mas admite repetição dos jogos
Vitor Sergio Rodrigues Especial para o UOL Esporte Em Niterói
Atualizada às 15h25
O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luiz Zveiter, se pronunciou na manhã deste domingo em relação ao escândalo na arbitragem brasileira, denunciado pela revista "Veja" na edição desta semana. Em coletiva na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, ele afastou qualquer possibilidade de virada de mesa ou paralisação do Campeonato Brasileiro, mas afirmou que alguns jogos podem ser repetidos. Ele espera ter uma definição sobre a anulação de jogos em duas semanas.
ANÁLISE NA SÉRIE B A Máfia do Apito pode ter agido também na Segundonda. Acusado de estar envolvido na manipulação de resultados, o juiz Paulo José Danelon arbitrou quatro jogos na Série B: Paulista 4 x 0 Guarani, Portuguesa 0 x 4 Ituano, Guarani 2 x 1 Santo André e Ituano 2 x 1 Marília.
A mesma comissão que analisará os jogos apitados por Edílson na Série A vai analisar os da Segunda Divisão. E se for comprovada a fraude, a mudança será ainda maior:
"Serão analisados esses jogos da Série B e, assim como na Série A, se for comprovada a manipulação serão repetidos. Só que nesse caso pode interferir na segunda fase da competição", declarou Zveiter.
Na Série B, o sistema de disputa é diferente. Classificam-se oito clubes para um quadrangular semifinal e depois quatro para o final. Como esses jogos podem ter interferidos na ordem dos classificados, as mudanças podem ser mais drásticas do que na Primeira Divisão, na qual o modo de disputa é por pontos corridos. "Não existe nenhuma possibilidade de virada de mesa. Pelo menos enquanto eu for presidente do STJD. O futebol brasileiro não comporta esse tipo de coisa. Quem está falando nisso quer apenas o caos. Mas se for comprovada a fraude, os jogos serão realizados de novo", disse.
Dos 11 jogos apitados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho, preso no último sábado, três já foram dados como "limpos". De acordo com o Ministério Público de São Paulo, as partidas Juventude 1 x 4 Figueirense, São Paulo 3 x 2 Corinthians e Fluminense 3 x 0 Brasiliense não tiveram seus resultados fraudados pela Máfia do Apito.
"Nesses três jogos, o Edílson tentou vender o resultado, mas não houve acordo com a quadrilha. Portanto essas partidas estão limpas, pois a tentativa do árbitro não justifica a repetição de um jogo. Ele cometeu um crime, mas que não motivaria outro jogo", explicou Zveiter.
A todo momento, Zveiter procurou acabar com qualquer possilidade de parar o Brasileirão e de virada de mesa. Utilizando termos como "plantonistas do caos" e "causadores de polêmica", ele afirmou que não concorda com o discurso de dirigentes que neste sábado já falavam em não haver rebaixamento. E que muitos estão querem mudar resultados que não tiveram competência para conseguir dentro do campo.
Para descobrir se as outras oito partidas tiveram alguma irregularidade, Luiz Zveiter instaurou uma comissão para analisar os confrontos. Ela será formada por três pessoas que já trabalharam com arbitragem: Carlos Alarcon, que é presidente da comissão de arbitragem da confederação Sul-Americana de Futebo, Edson Rezende e Valquir Pimentel.
Se nessa verificação ficar realmente comprovado que houve má intenção do árbitro acusado, as partidas serão realizadas novamente, conforme determina o artigo 275 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Zveiter espera que o trabalho dessa comissão esteja concluído em duas semanas.
Sobre a logística para a repetição dessas partidas, Zveiter afirmou que isso será uma decisão da CBF.
Envolvidos serão banidos Zveiter disse que o STJD terá cuidado para não condenar ninguém de forma antecipada, mas foi direto ao dizer que o destino de Edílson Perdeira de Carvalho deve ser o banimento do futebol.
CBF PASSA 'PENTE FINO' O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, informou a Luiz Zveiter, por telefone, que instaurou uma sindicância interna no departamento de arbitragem para detectar se há outros árbitros envolvidos no esquema.
Segundo Zveiter, a CBF está tendo um papel perfeito com relação ao caso e ajudando muito na apuração dos fatos. "Os fatos são graves e estão muito bem fundamentados. Por isso, ele deverá ter como castigo a eliminação do futebol", afirmou Zveiter, que determinou a suspensão preventiva de Edílson e de Paulo José Danelon, outro árbitro citado no inquérito do Ministério Público de São Paulo, mesmo os dois já tendo sido afastados pela CBF no sábado.
Ao ser perguntado sobre o fato de Edílson Pereira de Carvalho ter apresentado um diploma falso de 2º grau, escolaridade mínima exigida para ser árbitro, Zveiter afirmou não conhecer muito a questão, mas que se essa hipótese é verdadeira, ele deveria, há muito tempo, ter sido afastado pela Federação Paulista.
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